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Da Redação
Publicado em 14 de junho de 2021 às 09:00
- Atualizado há 2 anos
200 policiais, seis dias de perseguição e um rastro de sangue pelo caminho. A caçada pelo baiano Lázaro Barbosa Sousa, de 33 anos, mobiliza a polícia do Distrito Federal após o serial killer ter matado uma família em Ceilândia no ultimo dia 9 de junho.
Naquele dia, de acordo com o Correio Braziliense, o suspeito invadiu uma casa. Lá, ele matou Cláudio Vidal, 48, e os dois filhos, Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15.
Após o triplo homicídio, ele fugiu levando a empresária Cleonice Marques, 43, refém. No entanto, a mulher conseguiu ligar para o irmão, que chegou à casa e encontrou os três corpos no chão, mas suspeito já tinha fugido levando a refém.
Leia também: 3.787 ossos humanos são encontrados em casa de idoso serial killer e canibal
Cleonice foi encontrada morta três dias depois, no sábado (12). O corpo estava em um córrego próximo a Sol Nascente, também no Distrito Federal. O cadáver estava sem roupa e com diversos cortes.
Fuga e crimes de Lázaro Barbosa Logo após a morte da família, Lázaro Barbosa começou sua saga fugindo da polícia. O baiano é conhecido por ter grande capacidade de sobreviver na mata e pela sua habilidade de fugir das autoridades.
Logo na manhã do dia seguinte, quinta-feira (10 de junho), o homem teria invadido uma casa que fica a 3km do local onde o triplo homicídio foi cometido. Lá, de acordo com o Correio Braziliense, ele teria colocado Sílvia Campos, 40, proprietária da chácara, e o caseiro, identificado como Anderson, 18, na mira de seu revólver por 3 horas.
No local, ele teria obrigado os dois a fumarem maconha. Antes de fugir, ele roubou R$ 200, uma jaqueta, celulares e carregador.
No terceiro dia de fuga, Lázaro fez mais um refém e roubou um Fiat Pálio em Ceilândia. Com o carro, ele se dirigiu a Cocalzinho, desta vez em Goiás, onde abandonou e incendiou o veículo.
As investigações apontam que lá se encontrou com um comparsa que o ofereceu suporte.
Já no sábado (12) ele teria passado a tarde bebendo e se divertindo em uma chácara próxima à Lagoa Samuel. Lá o suspeito fez o caseiro refém. O serial killer também o obrigou a fumar maconha. Antes de fugir novamente, Lázaro destruiu o carro do refém.
Após deixar essa casa, ele foi para outra chácara, onde baleou três homens e roubou duas armas de fogo. Uma das vítimas era Thiago, que em entrevista ao Correio Braziliense deu mais detalhes de como o crime ocorreu.
"Estávamos conversando, quando ele chegou invadindo, por volta das 19h, e atirando. Meus dois amigos ficaram muito feridos e eu fui baleado na perna", contou ele enquanto saia do hospital com um ferimento na perna.
Os outros dois homens foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e transferidos para Anápolis (GO), em estado grave.
"Estou bem, mas vou passar no Hospital de Anápolis para ver meus amigos", disse ao Correio Braziliense. Thiago deu algumas características do suspeito. "Ele é alto, magro, moreno, estava de barba e vestindo bermuda", completou.
No final daquela noite, a polícia o encontrou e quase o prendeu. Houve troca de tiros, mas o suspeito conseguiu escapar enquanto ateava fogo a uma casa em Cocalzinho, interior de Goiás.
Na tarde deste domingo (13), o foragido furtou um outro carro, também em Cocalzinho (GO), e abandonou o veículo, um Corsa vermelho, após avistar um ponto de bloqueio montado pela polícia.
No interior do automóvel, foi encontrado um carregador de munições. Policiais iniciaram uma intensa busca pela mata, usaram cães farejadores, drones e helicópteros.
Em contato com o CORREIO na manhã desta segunda-feira (14), a Polícia Civil do Distrito Federal informou que as diligências continuam, porém, até o momento, sem novas atualizações quanto a prisões, apreensões, declarações e oitivas. Diversas viaturas estão em busca do paradeiro de Lázaro (Foto: Divulgação) 'Agressividade, impulsividade e preocupações sexuais' Lázaro é conhecido há muito tempo pelas autoridades policiais. Em 2013, quando respondia um processo por roubo, porte de arma de fogo e estupro, um laudo criminológico apontou que o maníaco tem características de personalidade como "agressividade, ausência de mecanismos de controle, dependência emocional, impulsividade, instabilidade emocional, possibilidade de ruptura do equilíbrio, preocupações sexuais e sentimentos de angústia".
O documento, divulgado pelo G1, aponta ainda que caso Lázaro Barbosa fosse "inserido no contexto social e ambiental ao qual pertencia antes de sua reclusão, provavelmente retornará a delinquir."
O laudo criminológico ainda indicava que Lázaro "tinha consciência de sua atitudes" e que, apesar de "assumi-las e perceber o sofrimento causado em terceiros (passos importantes no processo de ressocialização), percebe-se que todos os crimes cometidos estão diretamente relacionados a dependência química, fato do qual o periciando não tem autocontrole, haja vista uso abusivo de bebida alcoólica antes de sua reclusão e vício no crack após a prisão."
A conclusão dos três psicólogos que assinam o laudo foi que antes de conceder qualquer benefício, "com o objetivo de promover um retorno saudável do indivíduo ao convívio social, tanto para si quanto para a coletividade" seria necessário o acompanhamento psicológico de Lázaro, "de forma regular e frequente".
Além disso, o grupo indicou que Lázaro fosse incluído em grupos de ajuda "tanto para dependentes químicos quanto para abusadores sexuais".
O documento ainda destaca que Lázaro teve o desenvolvimento psicossocial prejudicado por agressão familiar, uso abusivo de álcool e outras drogas, falecimento de familiar, abandono de atividades escolares, trabalho infantil e situação financeira precária.
Lázaro Barbosa é natural de Barra do Mendes, no interior da Bahia. Lá, ele teria cometido ao menos dois homicídios. A Justiça da Bahia já expediu contra ele um mandado de prisão por conta do homicídio qualificado, além de outros dois por roubo qualificado.
O CORREIO tentou entrar com contato com a Polícia Civil da Bahia e com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA). Ambos os órgãos informarão que não poderiam dar mais informações sobre o caso por conta da Lei de Abuso de Autoridade.