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Fernanda Varela
Publicado em 27 de setembro de 2019 às 16:02
- Atualizado há 2 anos
Kátia Vargas terá de pagar R$ 600 mil à família das vítimas (Foto: Reprodução) A médica oftalmologista Kátia Vargas foi condenada pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) a pagar R$ 600 mil à família dos jovens Emanuel e Emanuelle Gomes Dias, 21 e 23 anos, mortos durante um acidente de trânsito no dia 11 de outubro de 2013, em Ondina. >
O pagamento foi confirmado pelo TJ-BA e é referente a uma ação de indenização por danos morais, movida na 5ª Vara Cível e Comercial. Na decisão, assinada pelo juiz Joanísio de Matos Dantas Júnior, fica determinado que Kátia Vargas pagará R$ 300 mil por cada morte. >
"Julgo procedente o pedido, para condenar a parte ré a pagar a cada um dos autores o valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), a título de danos morais, acrescidos de correção monetária pelo INPC, a partir da data do arbitramento (Súmula 362 do STJ), e juros de mora desde o evento danoso (Súmula 54 do STJ), declarando extinto o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, inciso I , do CPC. Em face da sucumbência, condeno, ainda, a demandada ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que arbitro em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. P. R. I.", diz a decisão, proferida na quarta-feira (25), nos autos do processo.>
Ou seja, além de pagar os R$ 600 mil pela morte de cada vítima, a médica terá de pagar R$ 60 mil ao advogado contratado pela família dos jovens, referentes ao percentual que ele tem direito em caso de ganho da causa.>
O processo está em nome da mãe dos garotos, Marinúbia Gomes Pereira, e do pai deles, o projetista Waldemir de Sousa Dias, que morreu em setembro de 2017, aos 59 anos, após sofrer uma parada cardíaca na casa onde morava sozinho, no Barbalho.>
Kátia Vargas foi inocentada no processo criminal, que corre de forma independente em relação ao processo cível. Civelmente, ela recebeu a condenação citada, porque o juiz entendeu que a morte trouxe danos morais aos familiares. Vale lembrar que a condenação não trata sobre o acidente, ou seja, não julga se a médica teve culpa ou não em relação às mortes.>
Na esfera criminal, haverá um julgamento sobre a anulação de júri de Kátia Vargas, que está marcado para o dia 2 de outubro. Nas sessão anteriores, sete desembargadores votaram, sendo 4 contra e 3 a favor da anulação. Emanuel e Emanuelle morreram em outubro de 2013 (Foto: Acervo pessoal) Relembre o caso Os irmãos Emanuel, 21 anos, e Emanuelle, 23, morreram na manhã de 11 de outubro de 2013, depois que a moto em que eles estavam bateu em um poste em frente ao Ondina Apart Hotel. Na época, testemunhas disseram que Kátia Vargas saiu com o carro da Rua Morro do Escravo Miguel, no mesmo bairro, e fechou a passagem da moto pilotada por Emanuel, que levava a irmã na garupa, no sentido Rio Vermelho.>
Após uma parada no sinal, Emanuel teria protestado contra a atitude da médica, batendo com o capacete contra o capô do carro. Foi quando o sinal abriu para a moto, mas não para o carro da médica, que faria um retorno no sentido Jardim Apipema.>
Kátia, então, segundo as investigações, furou o sinal vermelho e acelerou o veículo em direção à motocicleta. Foi quando Emanuel perdeu o controle da direção e se chocou contra o poste, em alta velocidade. Ele e a irmã morreram na hora. Após o impacto, a médica chegou a entrar na contramão e bateu, alguns metros à frente, no portão do Ondina Apart Hotel.>
Ela ficou internada no Hospital Aliança e saiu de lá direto para o Presídio Feminino de Salvador, na Mata Escura, onde ficou presa por 58 dias, até ter o alvará de soltura assinado pelo juiz Moacyr Pitta Lima, no dia 16 de dezembro de 2013.>
Em dezembro de 2017, sete pessoas consideraram que a médica é inocente e, portanto, não provocou a colisão que acabou com a morte dos irmãos, no bairro de Ondina, em Salvador. A decisão, no entanto, foi reformada por desembargadores da Segunda Turma da Câmara Criminal do TJ-BA. Agora, os 20 desembargadores da Seção Criminal decidirão se anulam, ou não, o júri popular que absolveu Kátia. Até agora, o placar está em dois para anular e dois para não anular. Acidente aconteceu em outubro de 2013 (Foto: Arquivo CORREIO) Cronologia do caso - 11 de outubro de 2013: Emanuel, 21 anos, e Emanuelle, 23 anos, morrem depois que a moto em que eles estavam bateu em um poste em frente ao Ondina Apart Hotel. Testemunhas disseram que Kátia Vargas fechou a passagem da moto.>
- 11 de outubro de 2013: Após o acidente, Kátia Vargas foi internada no Hospital Aliança.>
- 17 de outubro de 2013: A médica deixou o Hospital Aliança em uma viatura da 7ª Delegacia Territorial (DT/Rio Vermelho) e foi encaminhada para o Presídio Feminino, no Complexo Penitenciário da Mata Escura.>
- 16 de dezembro de 2013: A médica foi solta do Presídio Feminino após ficar presa por 58 dias até ter alvará de soltura assinado pelo juiz Moacyr Pitta Lima.>
- 06 de dezembro de 2017: O júri popular é realizado no Fórum Ruy Barbosa. Sete pessoas entenderam que Kátia não causou a colisão que terminou com a morte dos jovens e, portanto, era inocente.>
- 16 de agosto de 2018: A Segunda Turma da Câmara Criminal do TJ-BA, por maioria, decidiu anular o júri popular. A defesa de Kátia Vargas entrou com um recurso da decisão na mesma semana.>
- 07 de agosto de 2019: Desembargadores da Seção Criminal começaram a julgar se o júri popular deve ser mesmo anulado ou não. Um desembargador pediu mais tempo para analisar o processo. Dois desembargadores votaram para anular e dois para manter a decisão.>
- 4 de setembro de 2019: Data que os desembargadores da Seção Criminal voltaram a julgar o caso.>
- 2 de outubro de 2019: Nova data para julgamento sobre anulação de júri de Kátia Vargas.>