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Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2021 às 12:16
- Atualizado há 2 anos
O corpo de Kezia Stefany da Silva Ribeiro, 21 anos, foi velado na manhã desta segunda-feira (18), em Feira de Santana, onde também acontecerá o enterro. Kezia foi morta depois de levar um tiro no bairro do Rio Vermelho, na madrugada de ontem. O namorado dela, o advogado criminalista José Luiz de Britto Meira Júnior, está preso pelo crime. A defesa dele diz que ele baleou Kezia durante uma discussão, de maneira acidental.
Irmão de criação de Kezia, o motorista de carro forte Devid Francis Silva contou que o casal tinha uma rotina de brigas. "Os dois discutiam demais. Ele sempre quis ela a qualquer custo. O irmão dela biológico, que mora em São Paulo, quando vinha para Feira, passava o final de semana na casa deles no Rio Vermelho. Ele presenciou várias situações de possessividade dele, não deixando ela sair sozinha pra lugar algum", diz Devid.
Os problemas eram tantos que Kezia pensava em terminar, diz o irmão. "Ela queria o fim da relação, por conta dessa privação de liberdade, mas ele não. Aproveitava que ela não trabalhava, que tinha pouco estudo, e a comprava com presentes. Então, ela ia empurrando a relação", explica. "Eles se agrediam. Já presenciamos várias situações de os dois estarem arranhados. Os dois trocavam agressões por causa dos ciúmes dele"
Ele conta que Kezia conheceu José Luiz através de uma amiga. "Ela gosta de festas, de beber e ele a conheceu assim. Uma amiga dela que apresentou os dois em Feira (de Santana). Em pouco tempo, ela foi morar com ele em Salvador, no apartamento em que foi morta", acrescenta. (Foto: Ed Santos/Acorda Cidade) A delegada Zaira Pimentel, da Delegacia de Homicídios/Atlântico, diz que além do acusado outras duas testemunhas já foram ouvidas hoje. À tarde, outras três pessoas devem ser ouvidas. A delegada diz que não vai revelar nada sobre o que foi apurado até agora, nem o conteúdo dos depoimentos, para não comprometer a investigação. Até agora, não foi feita nenhuma análise da vida pregressa dos envolvidos e a Polícia Civil não tem informações sobre se o advogado já responde a algum processo.
As imagens das câmeras de segurança já foram coletadas. Os celulares da vítima e do acusado também foram recolhidos e encaminhados para perícia.
De janeiro a setembro deste ano, foram registrados 66 casos de feminicídio na Bahia. É uma reduçãod e 13,2% em relação ao mesmo período de 2020, quando foram 76 casos.
Gritos e tiro Moradores do condomínio Terrazzo Rio Vermelho, no bairro do Rio Vermelho, onde a jovem Kezia Stefany da Silva Ribeiro, 21 anos, foi baleada na madrugada deste domingo (17), e acabou morrendo, relataram à polícia terem ouvido gritos vindos do apartamento onde mora o advogado criminalista.
Em denúncia feita à polícia, ainda durante a madrugada, moradores contaram ter visualizado um homem arrastando uma mulher desacordada pelos corredores, deixando um rastro de sangue no caminho. Antes disso, houve disparos de arma de fogo no local, ainda conforme relatos de testemunhas feitos pouco antes da 4h.
No início da manhã deste domingo (17), logo após a madrugada do crime, moradores do condomínio Terrazzo Rio Vermelho que saíram para caminhar ou passear com o cachorro disseram à equipe do CORREIO não terem ouvido nenhum barulho de disparo ou gritos com pedidos de socorro.
No Terrazzo, funcionários confirmaram que algo estranho aconteceu durante a madrugada, mas foram orientados a não comentar nada sobre o caso.
Sob anonimato, uma moradora contou que, pela manhã, ainda havia marcas de sangue perto do elevador. Veja foto abaixo. Foto: Leitora Correio Em prédios vizinhos, também pela manhã, moradores recebiam informações em grupos de WhatsApp e já conheciam a identidade do suspeito.
Localizado na Rua Barro Vermelho, o condomínio é uma construção à beira-mar, com vista e saída para a badalada Praia do Buracão, e possui segurança 24h, piscina, salão de jogos, spa fitness com jacuzzi, sauna e outros espaços de serviço e lazer. Terrazzo Rio Vermelho, na Rua Barro Vermelho, onde o crime ocorreu (Foto: Victor Meneses/CORREIO) Defesa fala em tiro acidental Em entrevista ao CORREIO, o advogado Domingos Arjones, que representa José Luiz de Britto Meira Júnior, disse que o suspeito tinha uma vida tranquila, sem histórico de episódios de violência, principalmente contra a mulher. “Eu fui colega dele. Estudamos juntos na Universidade Católica e nunca houve nada que pudesse dar a entender que ele estaria envolvido numa situação dessa”, declarou.
Segundo Arjones, o tiro disparado foi acidental. “Ele disse que estavam tendo uma discussão de casal quando ela teria pegado a arma. Ele foi tentar tirar da mão dela e, no momento da confusão, a arma disparou”, explica. O casal namorava há cerca de dois anos. Na briga, ainda segundo o advogado, o rapaz também foi ferido, mas não por arma de fogo, que ele tem porte e está legalizada.
“Ele a levou para o HGE no carro de sua irmã. O pessoal pediu para ele estacionar o carro e, como estava de bermuda e sem documentos, foi para a casa da irmã. A polícia chegou lá no momento em que ele estava tomando banho para ir se apresentar na delegacia”, afirmou Arjones.
Entenda o caso De acordo com a Polícia Militar, equipes da 12ª Companhia Independente (Rio Vermelho) foram acionadas depois dos tiros. Ao chegar no local, os PMs souberam que homem suspeito teria colocado a vítima em um carro Ônix vermelho. Ele a levou para o HGE e fugiu em seguida.
"Na emergência, os policiais militares souberam que a vítima não resistiu aos ferimentos e realizaram buscas na região à procura do indivíduo, mas constataram que ele já não mais se encontrava no local", diz a nota da PM.
Em seguida, policiais da 13ª Companhia Independente localizaram o suspeito escondido na casa de um parente, no bairro da Pituba. O homem foi preso e apresentado ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa. A defesa do advogado não foi localizada para comentar o ocorrido.