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Nilson Marinho
Publicado em 12 de novembro de 2018 às 15:38
- Atualizado há 2 anos
Menandro Martins Júnior, 19 anos, morreu com 12 tiros no início da manhã desse domingo (11), no bairro da Boca do Rio, em Salvador, depois que um assaltante encontrou uma foto no aparelho celular da vítima onde era possível vê-lo erguendo os três dedos da mão esquerda – sinal utilizado para identificar uma facção criminosa. O crime aconteceu por volta das 5h, na Rua Helena Pedro da Silva.
De acordo com testemunhas, Menandro, que era ajudante de pedreiro, estava na porta de casa e bebia na companhia da mãe e de mais quatro amigos, quando um carro modelo Sandero, de cor branca, com duas pessoas a bordo, estacionou a cerca de 100 metros do local onde o grupo estava reunido.
Um homem, descrito por uma testemunha como sendo de estatura baixa, negro, de cavanhaque e cabelo crespo, que estava no banco do carona, desceu do veículo, anunciou o assalto e sacou uma arma de fogo da cintura. Ainda de acordo com uma das pessoas que estavam no momento do crime, o homem pediu o celular de todos, mas Menandro era o único que estava com o aparelho em mãos. Ajudante de pedreiro foi morto com 12 tiros na porta de casa e na presença da mãe (Foto: Reprodução/CORREIO) Foto em celular Após desbloquear o celular da vítima, o suspeito encontrou uma imagem em que era possível ver o jovem na sala de casa com o dedo mínimo, anelar e médio erguidos."Assim que o homem viu a imagem foi logo perguntando: 'quer dizer que você é tudo 3, né?', pediu para ele deitar e começou a atirar", contou uma das testemunhas.De acordo com pessoas próximas à vítima, o ajudante de pedreiro não tinha envolvimento com crime, nem passagens pela polícia - a Polícia Civil não confirma a informação. Menandro, inclusive, já havia sido alertado por parentes para não posar para fotos fazendo qualquer tipo de sinal.
O corte de cabelo também era motivo de preocupação para os parentes, que temiam que ele "fosse confundido com bandidos". Um morador do bairro fala que a vítima cortou o cabelo um dia antes do crime também para não ser confundido com membro de alguma quadrilha.
"Ele estava com cabelo grande e era sempre alertado para cortar. Quem mora em comunidade sabe como são as coisas, a polícia podia confundir com marginais. Ele inclusive cortou o cabelo um dia antes de ser morto", relata."Ele tentou se explicar, falando que não tinha envolvimento com qualquer tipo de facção, mas não foi suficiente; o homem atirou muitas vezes, com raiva, coisa que nós não conseguimos entender", completa o morador. Mãe do jovem levou um tiro no pé quando tentou impedir que ele fosse morto (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Mãe levou tiro ao tentar salvar o filho A mãe do jovem, que também prefere ter sua identidade preservada, estava ao lado dele quando o suspeito anunciou o assalto e foi baleada no pé direito depois de tentar impedir que o filho fosse morto.
Ela chegou a ser socorrida e foi encaminhada para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde deu entrada às 6h14, com dois projéteis alojados no membro."Meu filho tentou me afastar e eu tentei tomar a frente. Tentei também explicar que ele não era de nenhuma facção. Era um menino, cabeça de menino", conta.Assim que recebeu alta, por volta das 10h desta segunda-feira (12), ela foi ao Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR) para fazer o reconhecimento do corpo do filho. Segundo a mãe, todos bebiam juntos após voltarem de uma festa de aniversário de um parente, comemorado no próprio bairro.
A mãe de Menandro chegou acompanhada de outros familiares e apresentava dificuldade para andar, já que precisou passar por uma cirurgia para retirar a bala do pé.
Sobrevivente A mãe de outro jovem que estava na companhia de Menandro disse que o filho está assustado com a cena descrita por ele como sendo "de terror".
O rapaz, ao escutar o barulho de tiros, correu em direção a outra rua para fugir dos disparos. O suspeito, conta a mãe, depois de atirar na vítima, atirou também na direção dos outros rapazes, que conseguiram fugir.
Uma das balas pegou em uma parede e em um portão de uma residência vizinha onde o crime aconteceu."Meu filho poderia estar morto também. Ele nem conseguiu dormir, está muito assustado. Estou até agora tremendo. Digo, com toda a certeza, que nenhum deles tinha envolvimento com nada", desabafa.Segundo a Polícia Civil, equipes da 1ª Delegacia de Homicídios (DH) Atlântico estão investigando a autoria da morte do jovem. O corpo de Menandro será sepultado na tarde desta segunda (12), às 16h, no Cemitério Campo Santo, no bairro da Federação.
*Sob a supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier.