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Jacobina promete ir à Justiça para adiar volta do Campeonato Baiano


 

Clube afirma que não vai entrar em campo caso tenha que jogar no dia 22 de julho

  • Gabriel Rodrigues

Publicado em 09/07/2020 às 12:34:00
Atualizado em 21/04/2023 às 08:56:06
. Crédito: Arisson Marinho / CORREIO

O Campeonato Baiano tem retorno previsto para o dia 22 de julho, mas a retomada do estadual pode parar nos tribunais. Em desacordo com a data estipulada para a volta da competição, o Jacobina promete ir à Justiça para adiar o reinício do Baianão.

Em entrevista ao CORREIO, o vice-presidente do Jacobina, Rafael Damasceno, disse que o clube foi contra o retorno do estadual por entender que ainda não é o momento de retomar o futebol e que não tem condições de remontar o elenco e iniciar os treinos para jogar em um intervalo de duas semanas. Por isso, vai tentar adiar a volta da competição através dos meios judiciais. 

"O Jacobina foi contra o retorno. Temos aqui o decreto do prefeito, a partir do dia 11 a cidade vai entrar em toque de recolher. A federação consultou a prefeitura se permitiria o retorno dos treinos do Jacobina, mas não foi liberado. Como vamos contratar? Como vamos treinar? Onde vamos ficar? Nem o recurso da televisão recebemos ainda. É uma coisa complicada, difícil de retornar. É um momento em que a Bahia tem recorde de mortos em 24 horas por covid-19, passamos dos 80% de leitos de UTI ocupados e vem falar em retorno do futebol baiano em 10 dias? Isso é inadmissível", disse Rafael Damasceno.

"A única coisa que vamos fazer é ir para a Justiça e tentar parar isso. Se não tiver jeito, o Jacobina não entra em campo e aceita o rebaixamento em troca das vidas", continuou o dirigente.

Questionado se teme punição caso não entre em campo, Rafael Damasceno disse que o clube vai arcar com as consequências. Segundo ele, atualmente o Jacobina não possui nenhum jogador no elenco nem comissão técnica. Como não tem outra competição no calendário deste ano, os contratos encerrados de acordo com a previsão original do fim do Baianão (em abril) não foram renovados.

"Se tiver alguma punição, paciência. Eu sou grupo de risco, minha esposa está grávida de seis meses, tenho filho pequeno e mãe idosa que mora comigo. A prioridade é a vida da minha família, é a vida das pessoas. Se tiver alguma punição, paciência. Em nenhum momento eu vi Justiça trazer vida de alguém de volta. Não vou colocar a vida da minha família em risco, vida das famílias dos atletas em risco para atender uma necessidade financeira do momento e de alguns órgãos", afirmou ele, antes de continuar: 

"Nós fizemos a programação até o término do Campeonato Baiano. Todos os contratos se encerraram. O campeonato foi paralisado, ninguém tem culpa, mas não temos nenhum jogador, não temos outra competição além do estadual para disputar. Não temos comissão técnica, não temos nada. Aí temos dez dias para contratar tudo do zero e recomeçar sem ter nem onde treinar".

Com apenas um ponto, o Jacobina é o lanterna do Campeonato Baiano. O clube tem mais dois jogos para tentar se salvar do rebaixamento: confronto direto com o vice-lanterna Doce Mel em casa e duelo contra o Vitória da Conquista fora.

Mais problemas Não é apenas o Jacobina que tem problemas para voltar a disputar o Campeonato Baiano. Ao CORREIO, os presidentes de Doce Mel e Juazeirense informaram que estão correndo contra o tempo para tentar montar suas equipes.

Representante do Doce Mel, Eduardo Catalão alertou para a situação do coronavírus na cidade de Ipiaú, sede do clube. Segundo ele, é provável que a equipe tenha que disputar o seu jogo restante como mandante - contra o Vitória, na última rodada - em outro local.

"A dificuldade é grande, mas estamos mobilizados para tentar resolver. Estamos em uma região muito problemática e alguns jogadores que estamos contactando não estão querendo vir”, contou Catalão.  

"Estamos estudando essa possibilidade (mudar o mando). Aqui o estádio está sem vestiários, foi demolido após a paralisação do campeonato, mas o problema maior é a contaminação. Por isso estamos olhando outros lugares que podem nos receber", continuou.

Situação semelhante vive a Juazeirense. De acordo com Roberto Carlos, presidente do Cancão, a equipe conta com apenas cinco atletas e está tentando montar um novo grupo. Por conta de determinações municipais, existe a possibilidade de o clube ter que voltar a jogar sem a preparação mínima adequada.

“A Juazeirense topou voltar, mas estamos com vários problemas. O prefeito de Juazeiro baixou um decreto proibindo qualquer tipo de atividade no Adauto Moraes até o dia 19. Isso significa que se o prefeito, no dia 19, abrir uma exceção para a gente, vamos ter apenas dois dias de treino antes de entrar em campo”, explicou.

"Hoje temos apenas cinco atletas contratados e a partir de agora estamos fazendo o contato com os nossos amigos, parceiros, para contratar atletas, mas não sabemos nem como vamos pagar esses jogadores. Estamos apostando no dinheiro que a Juazeirense tem da televisão, que é R$ 45 mil, para pagar uma parte. O restante vamos tentar arrecadar em outras atividades, como bingo, vaquinha, alguma coisa para conseguir pagar o elenco contratado”, continuou Roberto Carlos.  

Atualmente, Bahia, Bahia de Feira, Vitória, Jacuipense e Atlético de Alagoinhas já retomaram as atividades presenciais. O Vitória da Conquista anunciou que vai voltar aos treinos na próxima segunda-feira (13). O CORREIO tentou contato com o Fluminense de Feira, mas não teve retorno.

Retomada Paralisado desde março por causa da pandemia do novo coronavírus, o Campeonato Baiano será retomado a partir do dia 22. O anúncio foi feito na quarta-feira (8) pela Federação Bahiana de Futebol (FBF) após arbitral com os clubes.

As equipes vão disputar as duas rodadas restantes para o fim da primeira fase e logo depois vão se reunir para definir as datas das semifinais e finais. A ideia é que as partidas do Baianão sejam conciliadas com as da Copa do Nordeste, que terá Salvador e Feira de Santana como sedes.

No protocolo de retorno, os clubes vão ter que passar por testes para a covid-19. Os custos vão sair dos cofres das próprias agremiações. A FBF vai bancar apenas os testes do quadro de arbitragem e valores de inscrições.