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Da Redação
Publicado em 17 de fevereiro de 2021 às 05:21
- Atualizado há 2 anos
Reza a lenda que na Copa do Mundo de 1958, na Suécia, o técnico Vicente Feola, em situação antológica, explicou na prancheta a tática para derrotar a seleção da antiga União Soviética: Nilton Santos lançaria a bola da esquerda do meio de campo para a direita do ataque nos pés de Garrincha, que driblaria três adversários e cruzaria para Mazola cabecear na grande área e fazer o gol. Com ingenuidade ou ironia, não se sabe, o nosso Mané Garrincha perguntou: “Seu Feola, o senhor já combinou com os russos?”.
Esse historinha, que tem várias versões, é bastante conhecida e ela deixa uma mensagem implícita, muito importante, penso eu, e serve como pano de fundo para várias situações do dia a dia.
Não me refiro, é claro, a questões de futebol, mas a situações, sejam nas relações pessoais, entre pessoas e organizações, em estratégia de negócios, em relacionamentos entre setores, entre governos e sociedade, sempre de alguma forma aplicada na defesa de desejos e/ou interesses, no sentido de alcançar determinado objetivo.
Tenho certeza que você, que está lendo agora, vai lembrar de alguma situação vivida, seja agindo como “Seu Feola” em alguma situação com um próximo, colegas de trabalho, membro da família, com pessoas e organizações com que você se relaciona; ou até você mesmo no papel dos “Russos”.
Das oportunidades que tive na vida de perceber e/ou presenciar como observador, dessa por assim dizer situação da vida relacional, percebi que na grande maioria das vezes os “Feolas” não percebem que estão agindo como tal. Já os “Russos” percebem com mais facilidade a situação.
Acontece muito também encontrar um terceiro elemento na história, que está por assim dizer, assistindo a peleja, e vou chamar aqui de “arquibancada”. Elemento que fica em geral assistindo para ver o resultado da partida. Dentro desse grupo, o da “arquibancada”, existem aqueles que não resistem e chegam a dar um toque para os “Feolas”, justamente para alertá-los do perigo que é desconsiderar totalmente a possibilidade de reação, movimento ou contramedida dos “Russos”. Já outros alertam os “ Russos” sobre a estratégia dos “Feolas”.
Nesse momento, existem situações bem distintas, tem o “Feola" que continua com a mesma estratégia, não dando a mínima para o alerta da “arquibancada”, e tem o que quando recebe o alerta se reposiciona e muda a estratégia.
Já do lado dos “Russos”, podemos notar aqueles que acham tão absurdo a estratégia dos “Feolas” que não fazem absolutamente nada e outros que, tomando conhecimento dos planos dos “Feolas”, se ligam e, se duvidar, lançam até uma Sputnik para se defender.
O fato é que em nossas ações cotidianas precisamos, no meu modo de ver, evitar agirmos como “Feolas”, precisamos ficar atentos para perceber quando nós somos os “Russos” e observar a hora e o momento certo de descer da “arquibancada".
A propósito, o Brasil acabou ganhando dos Russos naquele dia, mas creio que tenha sido por outros fatores, sobretudo porque tínhamos de fato um time superior, que inclusive ganhou a Copa do Mundo.
Isaac Edington, Presidente da Saltur (Empresa Salvador Turismo) – Prefeitura de Salvador.