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Instituto ACM abre loja para a venda de artesanato

Cerca de 250 peças, de 30 artesãos, serão comercializadas no local

  • Foto do(a) author(a) Tailane Muniz
  • Tailane Muniz

Publicado em 27 de setembro de 2018 às 22:28

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO

Há quatro anos o artesão Samuel Cruz, 34 anos, reaproveita jornais velhos para construir objetos, como imagens e esculturas, que reverenciam a Bahia. O artista, que não tinha visão de negócio, vendia suas peças apenas por encomendas. Agora, Samuel terá seus artesanatos comercializados na loja Incubadora, inaugurada na noite desta quinta-feira (27), no térreo do Instituto Antônio Carlos Magalhães (IACM), no Centro Histórico de Salvador. 

A loja vai comercializar, além das artes de Samuel, cerca de 250 peças, entre roupas e acessórios, de outros 29 artesãos que fazem parte do coletivo Pelô Design - uma iniciativa do IACM. Todos os artistas passaram por um curso de Gestão de Negócios, com duração de seis meses, promovido pelo instituto, em parceria com a Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA) e a Battre Bahia Transferência e Tratamento de Resíduos."É algo muito significante para mim, que não tinha muito a ideia do que fazer para expandir minha arte. Até hoje, tudo o que consegui vender foi por encomendas, algumas feitas pela internet, porque posto algumas coisas nas redes sociais. Só tenho a agradecer pela criação da Incubadora, que está nos dando a oportunidade de pensar além e, quem sabe, expandir a nossão visão de mundo", afirmou Samuel. Samuel Cruz é um dos artesãos associados da Incubadora (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) A decoração da loja, que tem visual intimista, é rica em detalhes feitos com materiais recicláveis, como caixotes de plástico sustentáveis e armações de cadeiras de praia. Durante o coquetel de lançamentou, a diretora do IACM, Cláudia Vaz, comentou a importância do espaço que, segundo ela, vem para dar continuidade ao projeto de capacitar artesãos."A loja vem com a proposta de gerar receita para essas pessoas, melhorando o orçamento familiar. Entendemos que os seis meses de duração das oficinas não é o suficiente, então, Incubadora foi o caminho que escolhemos para acelerar este processo, para que essas pessoas tenham um retorno positivo na produção de suas obras e, com isso, possam até dar oportunidade a outros artistas", disse  a diretora do Instituto ACM.Conforme Cláudia, nas oficinas, que não estão com turmas abertas, os artesãos ampliam a noção de como desenvolver seu produto, aprendem sobre marketing e compreendem a importância de entender qual é o seu público-alvo. Os cursos - que têm duração de 40 horas totais -, no entanto, dependem de apoio financeiro, o que, ainda segundo a diretora do IACM, explica o fato de não serem regulares. Cláudia Vaz apresentou proposta da loja (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Oportunidade A Incubadora funciona de 9h às 17h de segunda a sexta-feira e, aos sábados, de 9h às 13h. Os funcionários são os próprios artistas, que recebem uma ajuda de custo para comercializar as próprias peças. Todo o dinheiro arrecadado com a venda das mercadorias vai ser usado na manutenção da loja e, ainda, retorna como renda para os artesãos.

Presidente da Ademi, uma das parceiras do coletivo, Cláudio Cunha disse que a iniciativa é uma oportunidade de incentivar a sustentabilidade e valorizar a mão de obra dos artistas."A Ademi tem o maior orgulho de participar desse trabalho em conjunto, que tem o papel de fazer com que essa cooperativa tenha sustentabilidade. É um valor não só monetário, mas também sentimental, pois, são coisas feitas à mão", pontuou Cláudio, durante a inauguração da loja. Presidente da Ademi, Cláudio Vaz esteve na inauguração (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Para a artesã Tânia Santos Silva, 51, dona da marca Tansilva Artesanato, a Incubadora é sinônimo de valorização. "Além de nos sentirmos honrados de ter a nossa arte exposta, para que todo mundo possa ver, admirar e comprar, isso faz com que as pessoas tenham ideia de que muita coisa pode ser transformada em arte. Eu estou muito feliz e verdadeiramente grata", contou ela, acrescentando que costumava vender peças de jogo de mesa à base do boca a boca.

Há três anos, Tânia produz porta-talheres, porta-pratos e outros materiais utilizando vidro, CDs e discos de vinil. "Me inspiro em pontos turísticos de Salvador, todas as minhas peças têm essa referência. Isso aqui é a valorização do nosso trabalho", reiterou.

O mesmo sentimento é compartilhado pela artista Edilene Maria Silva, 54, que definiu a Incubadora como a renovação de sua autoestima enquanto artesã."É muito gratificante estar aqui hoje e ter a certeza de que as pessoas vão dar o devido valor ao que nós fazemos com tanto carinho e cuidado", pontuou Edilene.Ela, que cria terços, pulseiras e colares, utiliza como matéria-prima tecidos velhos, além de palitos de churrasco e embalagens de vidro - a exemplo garrafinhas de leite de coco. Edilene também passou pelo curso de formação, mas afirmou que a loja é a oportunidade de colocar todo o conhecimento em prática, além de aperfeiçoar a arte que já realiza há mais de 12 anos. Loja tem decoração sustentável (Foto: Arisson Marinho/CORREIO)