Acesse sua conta

Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google

Alterar senha

Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.

Recuperar senha

Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre

Alterar senha

Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.

Dados não encontrados!

Você ainda não é nosso assinante!

Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *

ASSINE

Inicialização artística serve como cura e evolução para crianças em Salvador

Os pequenos de zero a seis anos ganham benefícios como uma melhor adaptação à escola; conheça histórias e locais confiáveis

  • Foto do(a) author(a) Vanessa Brunt
  • Vanessa Brunt

Publicado em 23 de abril de 2018 às 06:30

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Vanessa Brunt/CORREIO

A pequena Nina, de dois anos, chegou na sala colorida já tirando os sapatos e saltitando em direção às tintas e aos pincéis. Do outro lado do ambiente, Valentina, de um ano e meio, olhava de canto, em análise. Grudada na mãe, Fernanda Leal, de 38 anos, a menina quieta tinha acabado de chegar e estava observando os novos colegas. Mas, a quietude precisou apenas de cinco minutos para ir embora. Nina apareceu com uma garrafinha de água e um balde de tinta oferecendo a brincadeira para Valentina. Bastou isso e a cena mudou da água para o vinho. Ou melhor, do sapato para os pés no chão. Lá estavam elas, se esbaldando nas artes plásticas enquanto pintavam a parede.

Na área, outros tantos pequenos interagiam, enquanto Miguel, de dois anos, terminava de mexer a tinta comestível, ajudando as professoras a preparar a brincadeira do Arte em Cena. O local, que recebe crianças de seis meses a seis anos, mistura música, teatro e diversas expressões artísticas. “Valentina chegou há alguns meses. No começo, não queria desgrudar de mim; hoje, quando encontra um amiguinho, ela já me dá tchau e vai brincar. Tem dias em que deixo ela aqui e venho buscar depois”, constata Fernanda, observando o desenvolvimento que a filha adquiriu desde que acessou o ambiente.“Ela não sentava em casa na hora de comer. Ficava agoniada e eu tinha que ficar atrás, insistindo. Hoje ela senta, fica tranquila e come alimentos mais saudáveis porque viu os coleguinhas fazendo o mesmo. Não adiantava que eu mostrasse que eu como milho, por exemplo, ela teve que estar nesse ambiente mais coletivo para aceitar que pode ser bom”, pondera a mãe de Valentina. O espaço, que reúne professores de música e pedagogas, foi criado por Vânia Costa, 42, que iniciou o lugar incluindo a própria filha como aluna. Vânia reflete, porém, que a importância de um ambiente com inicialização musical e artística para crianças abaixo de seis anos tem muito mais importância atualmente do que tinha na época em que criou, em 1986.“Antes o universo lúdico infantil era mais explorado por eles. Hoje em dia as crianças ficam com a cara no tablet, na televisão ou no celular, dependendo desses aparelhos para terem diversão. Isso faz com elas aprendam menos a se virar e a expressarem os próprios sentimentos, porque permitir a criatividade é um dos pontos principais para isso”, alerta Vânia Costa, fundadora do Arte em Cena, que ainda afirma receber diversos feedbacks sobre a facilidade das crianças em se adaptarem, após, ao universo escolar.“Várias mães contam que as crianças já chegam na escola socializando e com um poder de aprendizagem diferenciado, mais rápido”, pontua Vânia.  Celso Macedo, avô de Miguel, de 2 anos, conta: "Depois das aulas, ele aprendeu a ter mais confiança e a se expressar melhor"(Foto: Evandro Veiga/CORREIO) A fonoaudióloga e psicóloga infantil Roberta Lima, 35, ratifica a reflexão de Vânia. “Costumo indicar esses locais para todas as famílias, principalmente quando a criança está nessa faixa, abaixo de três anos, porque é a época mais sensível para a criação de laços humanos. Essa faixa etária é também a mais egocêntrica e é normal que a interação inicial dê um pouco de trabalho, mas esse tipo de iniciativa é o que mais vejo colaborar para um iniciação escolar tranquila”, conta Lima, que indica a musicalização também como parte dos tratamentos para os pequenos que apresentam atraso na linguagem ou em algum outro aspecto da fala.  A interação entre Nina e Valentina fez com que as pequenas se animassem para se alimentar melhor e guardar objetos na 'hora correta' (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) “A musicalização infantil, por exemplo, vai ajudar no desenvolvimento do português, desde a interpretação até a gramática: por conta das letras das músicas. Ajuda bastante na compreensão matemática a partir das percepções de ritmos”, pontua a pediatra Margaret Fialho, 64.“A criança está formando a sua personalidade basilar até os sete anos e, dentro desse período, o que ouvem e imitam ficam no inconsciente, gerando facilidades ou complicações para entendimentos futuros”, diz a médica. Para além dos aspectos artísticos, no entanto, ainda existe a importância da socialização que vem com esses espaços.“Crianças que convivem muito com adultos e pouco com outras crianças podem acabar com um atraso na formulação de frases, por exemplo”, diz a fonoaudióloga Roberta Lima, que explica:“Isso acontece porque o bebê precisa de provocação para entender que existe uma variedade de caminhos para alcançar algo. O adulto costuma responder rapidamente ao que o bebê deseja. ‘Tá chorando? Tá com fome? Aqui a comida, ó’, acontece assim. Quando um bebê está com o outro, o semelhante causa uma falta de estrutura para essa resposta rápida, o que faz com que ele precise demonstrar melhor o que deseja, e isso ajuda em todas as atividades cognitivas”, conclui Roberta. Mas as interações acrescidas não acontecem somente entre as próprias crianças. Antes dos nenéns completarem um ano e meio, os pais precisam estar presentes nas aulas, como acontece no espaço Canela Fina, que também disponibiliza musicalização infantil. Kamile Levek, 34, responsável pelo local, conta que recebe muitos comentários sobre o quanto a conexão entre pais e filhos foi fortalecida. “As mães passam a entender melhor o tempo da criança e vice-versa”, afirma, ainda lembrando que o poder de improvisação de uma criança de sete anos é sempre maior quando passou por uma inicialização musical no início da vida.  A psicóloga Mariana Paz, que faz tratamento infantil e familiar, conta o quanto esses espaços podem ajudar a evitar ou a tratar o déficit de atenção. “A concentração de uma criança que inicia, desde cedo, aulas em um espaço com música, arte e coletividade, torna-se muito mais ampla. Fica mais fácil, também, de perceber desde cedo, observando nessas aulas, se existe algum caso que precisa de uma atenção extra, como o autismo”, elabora, pouco antes de falar sobre o suporte que essas iniciativas podem dar para um melhor diálogo entre adolescentes com os seus pais. Mariana prossegue pontuando: “Uma criança que cresce fazendo letras de música, pintando ou se expressando por outros meios artísticos - e socializando em meio à isso, consegue se expressar melhor e entender melhor o universo alheio. Isso ajuda em como esse indivíduo vai dialogar com a família no futuro, principalmente se a família participar no começo desse processo, o que ajuda a criar confiança em um equilíbrio entre 'apego e desapego'”. Nina e Valentina, no espaço Arte em Cena, se encontraram com Miguel durante a música Hora de Guardar Tudo, enquanto arrumavam os brinquedos que usaram durante a manhã – como pedia a letra da canção. Os três organizaram os objetos junto com os outros pequenos e, depois dali, não se desgrudaram mais. Valentina não queria, no entanto, guardar um cavalinho que segurava, mas Nina a ajudou a entender a importância de abdicar e a apresentou a outros brinquedos, afinal, é importante seguir algumas regras para ter uma liberdade honesta. E é justamente sobre integridade que Gabriel Macedo reflete no Espaço Musical, um dos pioneiros da musicalização infantil na capital baiana. “Ensinamos ética através da arte, afinal, uma pessoa mais sensível, é também mais empática”, diz o soteropolitano, que leva as aulas para condomínios. “As crianças não precisam se deslocar, basta que os pais criem um grupo de alunos em um local e vamos até elas”, conta.  Quem faz um trabalho parecido é a equipe de Marina Pena, 24, do Sambalelê, que também vai até condomínios, contanto que, pelo menos três crianças estejam disponíveis para as aulas. “Vamos falar dos países nas próximas músicas, ensinando a importância das diferenças culturais”.“Os benefícios para a coordenação motora, para a dicção, para o entendimento da divisão de espaço, compreensão das diferenças e respeito ao mundo afetivo são imensos”, diz a professora Marina. A aula de música pode ajudar os pais e os professores a observarem possíveis transtornos na saúde das crianças (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) COMO PERCEBER A NECESSIDADE DE ALGUM TRATAMENTO Déficit de atenção, autismo, problemas fonoaudiológicos ou no desenvolvimento da coordenação motora? A inicialização musical e artística para bebês e crianças é um dos meios que mais pode ajudar na descoberta e no tratamento desses casos. Marina Pena, do Sambalelê, alerta para o fato de só chamar a atenção dos pais para algum possível transtorno após reparar repetições de atitudes, principalmente quando o pequeno está ainda abaixo de três anos, que é a fase conhecida como a ‘época de ouro do egocentrismo’. "Cada criança tem seu tempo. Não é porque ela está indo mais devagar que tem algum problema. Às vezes é só questão de se soltar e, depois, ela deslancha. Mas se alguma atitude se repete em mais de duas aulas, vamos conversar com os pais”, pondera. A fonoaudióloga e psicóloga infantil Roberta Lima, 35, e a pediatra Margaret Fialho, 64, deixam os alertas para os pais. Afinal, no que prestar atenção para saber se a criança pode ter algum transtorno que necessita de tratamento? Confira: 1. Importante observar se a criança, abaixo de 8 meses, faz imitação dos sons que ouve na aula. Até um ano e meio é necessário que o bebê já esteja formulando frases de, ao menos, duas palavras.2. O poder de ‘faz de conta’ é fundamental. Se a criança não consegue pegar objetos e brincar de uma forma criativa, algum transtorno pode estar ocorrendo.3. O gesto do apontar, de 9 a 12 meses, também é importante.4. Se na hora da música a criança não dançar, não se mexer nada e nem imitar algo dos outros coleguinhas, é bom ficar atento.5. O estresse demasiado pode indicar também algum desconforto, como a sensibilidade auditiva, ou um possível déficit de atenção.6. Se a criança se nega a fazer os movimentos requisitados (ou o que a letra da música pede) por mais de duas aulas, é outro ponto de alerta. A doutora Margaret ainda indica que, nos primeiros meses, a conversa com o olhar diz muito. "Se o bebê desvia muito o olhar, não gosta de olhar para os colegas ou para os pais, isso pode indicar algum transtorno que afeta a sociabilidade". Confira, abaixo, locais confiáveis para matricular o seu bebê em inicializações artísticas e interativas (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) LOCAIS CONFIÁVEIS EM SALVADOR

ARTE EM CENA De 6 meses a 6 anos. Preços variam de R$ 230 a R$ 650 por mês.  Contato: 98889-0717.Confira o site.

CANELA FINA De zero a 6 anos (ou mais). Pacote semestral: 5x de R$ 180.  Contato: 3012-8222.Confira o site.

ESPAÇO MUSICAL Vai até o seu condomínio. De 3 meses a 9 anos. Cada aula: R$ 50 por aluno (pacotes para irmãos). Contato: 99184-0488.Confira o site.

SAMBALELÊ Vai até o seu condomínio. De zero a três anos, podendo negociar. Preço fixo de R$ 130 por mês.  Contato: 99204-6244.Confira o site.​​​​​​​Leia mais matérias de Vanessa Brunt (@vanessabrunt)