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Vinicius Harfush
Publicado em 11 de janeiro de 2020 às 21:11
- Atualizado há um ano
Faltando pouco mais de um mês para o início do Carnaval em Salvador, chegou a hora de um dos momentos mais marcantes da folia baiana. O grupo Ilê Ayiê anunciou na tarde deste sábado (11) as 15 finalistas para o posto de Deusa do Ébano 2020, que comandará e representará o bloco no desfile durante a festa carnavalesca, que este ano tem como temática Botswana: Uma História de Êxito no Mundo.
A nova deusa será conhecida no dia oito de fevereiro, após a cerimônia da Noite da Beleza Negra.
Mas antes de qualquer celebração, a tarde na sede do Ilê foi de muito trabalho, dedicação e, claro, dança. No total, foram 126 candidatas inscritas. Todas elas passaram por uma avaliação do júri, que definiu, então, as finalistas.
Confira as selecionadas para a grande final da Deusa do Ébano 2020
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Agora, as 15 concorrentes passarão por mais um processo de avaliação e treinamento, que envolve participação em cursos de interpretação e oficinas de dança, além de atender às lentes e microfones da imprensa que buscam conhecer quem são as mulheres cotadas para serem deusas.
Pelo terceiro ano consecutivo, Ivana Paixão, 27, tentou a classificação para a última fase do concurso. Ela atribui ao Ilê Ayiê uma nova perspectiva de vida. Foi atarvés do bloco que ela teve seu rimeiro contato com o candomblé e deu a ela a oportunidade de enxergar mulheres negras como referência, o que a preparou para a se ver como uma também. “Isso aqui se torna um espaço de valorização da identidade da mulher negra”, sintetizou.
Para definir os nomes que se classificaram para a final, um júri - composto por dançarinas, professoras e ex-deusas - avalia características complementares nas candidatas. Entre as avaliadoras, a coreógrafa Amélia Conrado destaca os três principais critérios. O primeiro é a capacidade de interação da dançarina com o público, afinal, serão quase seis horas de desfile no Carnaval cercado por mais de três mil pessoas que, com certeza, estarão de olho na Deusa do Ébano.
Além disso, a avaliação mede ainda o conhecimento das candidatas sobre ritmos afro e de passos da coreografia.
Já Nadir Nóbrega, outra integrante do júri, ressaltou como é importante a candidata ter consciência da referência que ela se torna, tudo baseado na ancestralidade negra e africana seguida pelo Ilê Ayiê. Ancestralidade essa representada no conjunto da deusa, como as vestimentas, adereços e a dança imposta por sua figura durante a apresentação em fevereiro e em todos os momentos que ocupar esse papel.
A sensação de se tornar um espelho para outras meninas se mantém viva em Gleice Oliveira. Terceira colocada na edição do ano passado, a jovem de 22 anos acredita que está mais preparada este ano, e intensificou as aulas de dança e o estudo sobre a cultura africana, indispensáveis para assumir o papel de Deusa do Ébano.“Um sonho que era da mãe de ser deusa, por isso tenho uma relação muito familiar com o Ilê”, comentou.Para quem ainda não pensou ou teve coragem de participar dessa experiência, a modelo e dançarina acredita ser um momento de único, que contribui para a identificação da mulher negra dentro da sociedade, “ocupando um espaço que é nosso por direito”, finalizou.