Identificados mais dois envolvidos na morte do funcionário da pousada Paraíso Perdido

Marcel prestaria esclarecimentos sobre morte de dono da pousada onde trabalhava

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  • Da Redação

Publicado em 10 de março de 2022 às 18:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

A partir do depoimento de duas testemunhas, a polícia identificou mais duas pessoas que teriam envolvimento no assassinato do funcionário da Pousada Paraíso Perdido, empreendimento de luxo em Jaguaripe, região do Recôncavo. Agora são quatro suspeitos de terem executado Marcel Silva, o Bili, no dia em que ele seria ouvido no inquérito que apura a morte do patrão, o empresário Leandro Silva Troesch, encontrado com um tiro na cabeça em sua pousada de luxo, um ano após sua prisão. Uma testemunha foi ouvida na noite desta quarta-feira (9). “Colhemos o depoimento de um homem, e suas informações foram importantes para a identificação de outros envolvidos”, disse o responsável pela investigação e titular da delegacia de Jaguaripe, o delegado Rafael Magalhães. Na terça-feira (8), Magalhães já tinha dois suspeitos: um traficante e um usuário de drogas. Um deles foi levar droga para Bili.  Entre os quatro suspeitos, estão um adolescente e o irmão de uma mulher com quem a vítima dormiu momentos antes de ter sido assassinada. Segundo o delegado, a mulher foi a primeira testemunha a ser ouvida. No dia seguinte, houve a necessidade de interrogá-la mais uma vez, mas não foi localizada e até o início da manhã desta sexta (10), ela havia passado de testemunha para suspeita.  “Mas ela já está aqui na delegacia. Por enquanto, ela voltou a ser testemunha. Vamos ver agora se ela permanecerá nessa condição ou não. Vai depender do que disser”, declarou o Magalhães.  Cilada  O delegado disse que há a possibilidade de Bili ter sido atraído para a cilada. “Ele foi à casa dessa mulher, onde passou a noite. Não sabemos ainda se ela o chamou ou se ele foi por conta própria. O que é certo é que horas depois, invadiram o local e o levaram para a rua, onde o espancaram e depois deram um tiro. O corpo estava sem roupas”, contou o delegado. 

Segundo ele, Bili não morreu por causa do tiro. “A perícia apontou que ele levou sete facadas após o disparo”, relatou. A polícia disse que há indício de que a vítima teria sido dopada. “Há sinais de que tudo isso foi possível porque Bili teria caído no ‘boa noite Cinderela’”, disse o delegado.  

Discussão  Dono da pousada de luxo Paraíso Perdido, Leandro foi encontrado morto em um dos quartos na pousada no último dia 25. Segundo a viúva, a sócia Shirley da Silva Figueredo, ele havia cometido suicídio. No entanto, a versão vai de encontro com os relatos dos funcionários, que disseram que ele não tinha depressão e que fazia planos. Outro detalhe que eles disseram à polícia: momentos antes do corpo ter sido encontrado com um tiro na cabeça, Leandro havia discutido com Shirley, fato que ela não relatou na primeira vez que foi interrogada.  Quando a polícia tentou confrontá-la, Shirley já não estava mais em Jaguaripe e, por isso, sua prisão foi decretada. Ela não poderia deixar a pousada sem comunicar à Justiça, pois cumpria uma medida cautelar.  Além dela, a polícia não tinha também o paradeiro da ex-detenta Maqueila Santos Bastos, que foi levada para a pousada por Shirley. A aproximação das duas era motivo de brigas entre o casal, e a ex-presidiária acabou expulsa do empreendimento e não mais vista.  Shirley e Maqueila já foram localizadas pela polícia. Polinter foi acionada (Divulgação)  Até ontem Shirley e Maqueila estavam desaparecidas. Hoje, a polícia informou que já tem o paradeiro delas e que inclusive o Serviço de Polícia Interestadual (Polinter) já foi acionado. 

Testemunha-chave Com o então sumiço de Shirley e Maqueila, Bili era a única testemunha-chave para o mistério em torno da morte do dono da pousada. Ele era considerado uma pessoa da confiança de Leandro. Amigos desde a infância no bairro da Boca do Rio, em Salvador, os dois se reencontraram anos depois no Complexo Penitenciário da Mata Escura, ocasião em que Leandro foi preso no ano passado. 

Os dois também deixaram a prisão juntos, pois o advogado do empresário conseguiu estender o benefício de responder pelo crime em liberdade também para Bili, que estava preso por tráfico de drogas.  No entanto, no dia em que seria ouvido para ajudar a esclarecer a morte do patrão, Bili foi assassinado. O corpo dele foi encontrado no domingo (6), no distrito de Camassandi, no mesmo município.  

O delegado responsável pelo caso disse ainda que não descarta nenhuma possibilidade para o crime, inclusive o fato de a vítima ter sido morta por representar uma ameaça para alguém. “É muita coincidência. A polícia trabalha com todas as vertentes, inclusive a de queima de arquivo”, disse o delegado, que acredita que mais pessoas estejam envolvidas no assassinato de Marcel.  

Relembre o crime do casal O CORREIO teve acesso às informações do processo que apura as acusações contra Leandro e Shirley. Outras três pessoas contam como réus. São elas: Joel Costa Duarte, Carlos Alberto Gomes de Andrade e Júlio da Silva Santos. De acordo com a Justiça, Joel abordou a vítima no dia 10 de maio de 2001, quando ela estacionava o carro na porta de casa, no bairro de Itapuã, por volta das 18h30. Eles tomaram o veículo da vítima e a mantiveram no carro enquanto eram efetuados saques de dinheiro em caixas eletrônicos.  Shirley e Leandro foram presos por sequestro e extorsão de uma mulher em  2001 (Foto: Divulgação)  Ao verificar o saldo bancário da vítima, Joel arquitetou a extorsão mediante sequestro, ficando a cargo de Júlio mantê-la em cárcere privado, primeiro no Motel Le Point, em Itapuã, depois numa casa situada na Praia de Ipitanga, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS), alugada ao próprio Joel e a dois comparsas, neste caso, Leandro e Shirley. Enquanto mantida em cárcere privado, a vítima foi alvo de reiteradas ameaças de morte feitas por Júlio, somente sendo liberada após o pagamento do resgate de R$ 35 mil. No processo consta que Leandro que conduziu o veículo da vítima e fez os saques. Já Shirley, foi a responsável por buscar o pagamento do resgate. As armas utilizadas na prática dos crimes pertenciam aos dois Joel e Júlio, que conseguiram fugir na ocasião. No entanto, Leandro, Shirley e Carlos Alberto foram presos em flagrante. Posteriormente o casal passou a responder pelos crimes em liberdade, até a justiça ter voltado atrás em 2018.