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Da Redação
Publicado em 11 de maio de 2020 às 17:24
- Atualizado há 2 anos
O Hospital de Medicina Veterinária da UFBA (Hospmev) terá, a partir desta segunda-feira (11), um plantão telefônico para tirar dúvidas sobre a relação dos animais de estimação com a covid-19. Apesar de ainda não existirem evidências de que bichos possam transmitir a doença, cães e gatos estão sendo abandonados pelas ruas de Salvador.
A ideia da iniciativa, então, é ajudar a levar informações sobre os pets e o coronavírus para as pessoas. Criada através dos programas de Residência em Medicina Veterinária da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia (Emevz) da UFBA, a Central de Atendimento funcionará de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h, pelo telefone (71) 3283 -6736.
Com a participação de médicos veterinários residentes do Hospmev e seus preceptores, mestres e doutores, a ação é coordenada pelo professor Rodrigo Bittencourt. Segundo ele, o abandono dos bichos não faz mal somente para eles, como pode acarretar em doenças para as pessoas também.
"Existe a questão do bem estar do animal. Animais abandonados sofrem muito. E este ato é considerado maus tratos, considerado crime expresso no art 32 da Lei 9605/95. Depois, animais errantes se reproduzindo e se multiplicando na rua se tornam mais susceptíveis para contrair doenças infecciosas, muitas delas zoonoses, que podem ser transmitidas ao homem - como por exemplo, a leptospirose, leishmaniose, raiva e a esporotricose", explicou o professor, em nota.
A UFBA ainda divulgou um tira-dúvidas sobre os animais de estimação e o coronavírus, respondido por Rodrigo Bittencourt. Confira:
Os animais podem atuar como superfície contaminada? Imagine-se que uma pessoa com covid-19 espirra sobre uma mesa, outra pessoa toca a mesa e leva as mãos ao rosto. O mesmo acontece com os animais. Por isto a recomendação é que doentes devem manter distância dos seus animais. Há relatos de que gatos deram positivo para o covid-19 e que tigres adoeceram após contato com tratador com covid-19. Trabalhos científicos ainda estudam se os felinos e ferrets podem desenvolver a doença. Mas quero enfatizar: que não há nenhuma evidência técnico-científica de que os pets possam transmitir covid-19 ao homem.
Para onde levar esses animais abandonados nas ruas? Quem tem feito o resgate destes animais são ONGs e os voluntários do corpo de Bombeiros da Brigada K9. Estes animais são mantidos por ONGs. Há relato de que boa parte é de animais sadios que as pessoas abandonam por medo e degradação da situação econômica da família. As pessoas devem denunciar se alguém abandona o animal, porque é crime. E se identificarem um animal perdido, errante, tentar acionar alguma ONG de proteção animal ou a Brigada dos Bombeiros.
Qual são as dúvidas mais frequentes de quem procura o plantão da Central de Atendimento? As dúvidas mais constantes são as relacionadas à higiene dos PETs, especialmente após o passeio. Temos reforçado que o passeio pode ser feito, se necessário. Neste caso reduzir o tempo na rua, evitar que os animais rolem na grama e, especialmente, fazer a limpeza das patas ao retornar, usando produtos próprios para higiene animal ou um sabão neutro. Não usar álcool gel, pois pode causar irritação e lesões na pele. Outra pergunta recorrente é se realmente cães e gatos não podem transmitir a covid-19. Também enfatizamos a inexistência de evidência científica para isto.
Já existe uma vacina para o coronavírus animal? Existem vários coronavírus. O SARS- COV- 2 da covid-19 é mais um, que há pouco foi identificado. Os dos cães e gatos são outros, que nada tem a ver com este. Para o dos cães existe a vacina, de diferentes laboratórios, que é administrada nas clínicas veterinárias. Para o coronavírus dos felinos, no Brasil ainda não se vacina. As vacinas imunizam contra dez a doze doenças, muitas graves que levam a morte do animal, além da vacina isolada, que imuniza contra a raiva. Os animais abandonados e resgatados, as ONGs tentam fazer a vacinação de todos. Mas precisam de apoio financeiro. Custa caro. Então, quem puder, ajude alguma ONG de proteção animal, pois o custo de manutenção é elevadíssimo. Uma outra sugestão é ter um amigo fiel ao lado. Eles nos fazem muito bem. Isto sim é uma certeza. Basta procurar uma das ONGs em Salvador e fazer uma adoção responsável.
Uma recomendação final, professor? A recomendação geral é que cuidem com amor e carinho dos seus bichinhos. Eles não transmitem a covid-19. Não há motivo para pânico. Pelo contrário, as evidências científicas mostram que os PETs nos ajudam em momentos de estresse, são amigos fieis e só nos fazem bem. E se o tutor do animal ficar doente, com sinais gripais, testando positivo ou não para a covid-19, evite o contato físico com o animal. E no caso dos passeios, higienize as patinhas e o focinho, caso seja necessário.