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Vinicius Nascimento
Publicado em 7 de junho de 2019 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Vai começar a Copa do Mundo feminina de futebol, torneio que iniciou sua história em 1991, na China. As primeiras vencedoras são justamente as atuais campeãs: as meninas dos Estados Unidos, tricampeãs do mundial. Neste ano, a competição acontece na França, de 7 de junho a 7 de julho, e são as anfitriãs as responsáveis por dar o toque inicial nesta sexta-feira (7), às 16h, contra a Coreia do Sul. O CORREIO preparou este guia com curiosidades: sabe qual a diferença de premiação entre a versão masculina e a feminina da Copa do Mundo? Quais são os destaques da competição? Sabia que uma das melhores jogadoras do mundo se recusou a disputar o torneio em protesto contra a diferença de tratamento entre os gêneros no futebol? Além disso, também apresentamos números. Marta é a maior artilheira da Copa do Mundo, com 15 gols. E esse não é o único recorde da Seleção.
>Prefere o guia em formato de podcast? OUÇA AQUI O Brasil é um dos sete países a disputar todas as edições da Copa. Além do time canarinho, Alemanha, Noruega, Suécia, Japão, EUA e Nigéria estiveram nas oito Copas do Mundo. Contudo, só o Brasil tem uma mesma jogadora a disputar quase todas as edições: Formiga, que vai para a sétima participação. Ela só não disputou em 1991, quando tinha somente 13 anos. A primeira Copa contou com apenas 12 seleções; metade do número atual.
Três das sete “cartas marcadas” nunca conquistaram o título: Brasil, Nigéria e Suécia. Brasileiras e suecas já bateram na trave e têm um vice-campeonato cada. As duas foram vítimas da Alemanha, bicampeã mundial - o Brasil, em 2007; a Suécia, em 2003. Grupos da Copa do Mundo Feminina de Futebol. Brasil está no Grupo C com Jamaica, Itália e Austrália (Foto: Reprodução/Fifa) Falando em título, as maiores vencedoras do torneio são as estadunidenses, donas de três. Entre eles, o da última Copa, disputada no Canadá há quatro anos. Alemanha e Estados Unidos são justamente as únicas seleções a levantar o troféu em mais de uma oportunidade. Além delas, Noruega e Japão ergueram a taça em 1995 e 2011, respectivamente. Por outro lado, também existem os países que serão representados pela primeira vez no Mundial feminino. É o caso de África do Sul, Chile, Escócia e Jamaica. As últimas, inclusive, são adversárias do Brasil na estreia, domingo (9), às 10h30. Cidades-sede Ao todo, 24 seleções disputam a Copa do Mundo. Na primeira fase, elas são divididas em seis grupos de quatro integrantes. Avançam as duas melhores de cada chave, que ganham a companhia das quatro melhores terceiras colocadas, totalizando os 16 times das oitavas de final. A partir daí as seleções se enfrentam em jogo único até a final, que acontecerá em Lyon, cidade que fica no leste francês, no dia 7 de julho. Além do Stade de Lyon, palco da final e maior estádio da Copa com capacidade para 59 mil espectadores, a competição será disputada em mais sete cidades [confira abaixo]. A cidade que dá nome ao estádio e ao time, por sinal, tem muita tradição no futebol feminino. As meninas do Lyon conquistaram neste ano o pentacampeonato da Liga dos Campeões da Europa. [[galeria]] Mulheres no comando? Nem metade Nove dos 24 escretes classificados para o Mundial têm uma mulher como técnica, o que corresponde a 37,5% do total. Atual campeã, a equipe dos Estados Unidos é comandada pela inglesa Jill Ellis, de 52 anos. A treinadora busca o segundo título mundial do currículo. Foi ela quem comandou o time de Carli Lloyd e Hope Solo em 2015. No mesmo ano, recebeu da Fifa o prêmio de melhor do mundo em sua categoria. Outra treinadora que promete fazer uma boa Copa do Mundo é a holandesa Sarina Wiegman, comandante da seleção de seu país. Há dois anos ela liderou as Leoas na campanha do inédito título europeu da Holanda. Também em 2017, foi eleita a melhor técnica do mundo. O Brasil é treinado por Oswaldo Alvarez, o Vadão. Ele substituiu Emily Lima, primeira mulher a comandar a seleção brasileira, que ficou no cargo de novembro de 2016 a setembro de 2017. Premiação A Fifa aumentou o valor da premiação para a seleção que vencer a Copa do Mundo. A quantia de US$ 2 milhões foi dobrada pela entidade, que vai pagar US$ 4 milhões (cerca de R$ 15,4 milhões) para a equipe campeã. O prêmio total da competição também foi ampliado e subiu de US$ 15 milhões para US$ 30 milhões (R$ 115,8 milhões). Com o avanço, a premiação para o Mundial feminino passou a representar 7,5% daquilo que é pago na Copa do Mundo masculina. Na Copa da Rússia, em 2018, a campeã França levou para casa US$ 38 milhões após o título. O recurso total para competição foi de US$ 400 milhões, cerca de R$ 1,54 bilhão. Craque fora A primeira Bola de Ouro - prêmio da revista France Football que divide os holofotes com a premiação de Melhor do Mundo da Fifa - para o futebol feminino foi entregue no ano de 2018. E a vencedora foi a norueguesa Ada Hegerberg, hoje com 23 anos. Copas do Mundo têm tudo para serem especial para qualquer atleta e, no caso de Ada, este Mundial teria alguns componentes ainda mais especiais.
Na final da última edição da Liga dos Campeões da Europa, o Lyon goleou o Barcelona por 4x1. Hegerberg marcou três gols. Foi o quarto título em sequência da equipe francesa, feito que muito se deve à norueguesa que fez gol em três destas finais.
Você pode imaginar que a Copa do Mundo, nesse contexto, representa a cereja do bolo. Mas a atacante não defende a seleção da Noruega há dois anos. Foi a forma que ela encontrou para protestar contra o que considera negligência em relação ao futebol feminino no país nórdico. Ada Hegerberg comemora título da Liga dos Campeões de 2017/2018 (Foto: AFP) A Associação Norueguesa de Futebol paga os mesmos valores às equipes masculina e feminina. Contudo, Hegerberg alega que a sua manifestação “não é apenas sobre o dinheiro” e sim sobre “atitude e respeito”. Segundo a craque, as jovens garotas não recebem as mesmas chances de sonhar que os garotos noruegueses. “Os homens de terno não podem ignorar isso. Eles vão entender um dia. Eles vão entender que isso é sobre a sociedade e o futebol moderno”, declarou.
E o Brasil? Bons nomes e talentos individuais não faltam à seleção brasileira. Ora, a melhor do mundo, Marta, é brasileira e vai disputar a sua quarta Copa do Mundo consecutiva. A camisa 10, inclusive, é a maior artilheira do torneio com 15 gols marcados. O recorde foi batido na vitória de 2x0 contra a Coreia do Sul, durante a Copa de 2015.
Marta não é a única que merece destaque. Da “velha guarda”, destacam-se a goleira Bárbara, a incansável volante Formiga e a atacante Cristiane, outra que tem o faro de gol apurado. O time convocado por Vadão também possui jovens talentosas como a atacante Ludmila, de 24 anos, que defende o Atlético de Madrid. Nesta temporada ela foi campeã espanhola marcando 11 gols em 26 partidas. Foi o terceiro título espanhol consecutivo do Atlético.
Apesar das boas peças, o conjunto da seleção anda mal das pernas. Atualmente, é a 10ª do ranking da FIFA e sob o comando de Vadão, a equipe vem de nove derrotas consecutivas. A última vitória foi no dia 29 de julho do ano passado, 2x1 contra o Japão. Essa será a segunda Copa do Mundo do técnico à frente da equipe, que estava também em 2015..
Como se a fase ruim já não fosse motivo suficiente para preocupação, o grupo teve duas baixas durante o período preparatório em Portugal: meia do Corinthians, Adriana rompeu ligamento do joelho e foi cortada. Luana, que joga no KSPO, da Coreia do Sul, ganhou a vaga. Já a lateral Fabiana, do Internacional, sofreu uma lesão no músculo adutor da coxa direita e também ficou de fora. Foi substituída por Poliana, do São José-SP.
Integrante do Grupo C, o Brasil estreia domingo (9), às 10h30, contra a Jamaica, em Grenoble. O segundo jogo será em Montpellier, no dia 13, uma quinta-feira, às 13h, contra a Austrália. A última partida da fase de grupos será contra a Itália, em Valenciennes, no dia 18 de junho, uma terça-feira, às 16h.
O time-base do Brasil tem Bárbara; Leticia, Monica, Érika e Tamires; Formiga, Thaísa, Andressa Alves e Marta; Bia Zaneratto e Cristiane. No entanto, Érika e Marta recuperam-se de lesão e podem desfalcar a Seleção na estreia. Nesse caso, Kathellen e Andressinha são possíveis substitutas.
A lista de 23 convocadas do Brasil:Goleiras: Aline (Granadilla Tenerife-ESP), Bárbara (Avaí/Kindermann-BRA) e Letícia (Corinthians-BRA)Laterais: Poliana (São José-BRA), Letícia Santos (Sand - ALE), Camila (Orlando Pride-EUA) e Tamires (Fortuna Hjorring - Dinamarca)Zagueiras: Érika (Corinthians-BRA), Kathellen (Bordeaux-FRA) e Mônica (Corinthians-BRA), Tayla (Benfica-POR)Meio-campistas: Luana (KSPO-COR), Andressinha (Portland Thorns-EUA), Formiga (PSG-FRA) e Thaisa (Milan-ITA)Atacantes: Andressa Alves (Barcelona-ESP), Bia Zaneratto (Red Angels-COR), Cristiane (São Paulo-BRA), Debinha (North Carolina Courage-EUA), Geyse (Benfica-POR), Ludmila (Atlético de Madrid-ESP), Marta (Orlando Pride-EUA), Raquel (Huelva-ESP) Clique na imagem para ver a tabela completa da Copa do Mundo Feminina de Futebol (Foto: Assessoria/CBF) A tabela do Brasil na primeira fase: 9/6 - Brasil x Jamaica | Stade des Alpes, Grenoble, às 10h3013/6 - Austrália x Brasil | Stade de la Mosson, Montpellier, às 13h18/6 - Itália x Brasil | Stade du Hainaut, Valenciennes, às 16h
Transmissão De 1,3 milhão de ingressos que a Fifa colocou à disposição, cerca de 750 mil já foram vendidos. As entradas da final esgotaram em menos de uma hora. É um recorde na modalidade.
Quem ficou sem ingresso poderá assistir pela televisão. Na TV aberta, por exemplo, as redes Globo e Bandeirantes transmitirão todas as partidas do Brasil. Quem quiser acompanhar ainda mais partidas da Copa tem a opção da TV fechada: o SporTV vai exibir todos os 52 jogos.
*Com supervisão do editor Herbem Gramacho