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Carolina Cerqueira
Publicado em 22 de abril de 2021 às 18:38
- Atualizado há 2 anos
O guarda municipal Marcos Cardoso dos Santos, 38 anos, morto no final da manhã desta quinta-feira (22), era acusado de dois assassinatos e chegou a ser preso em 2017. Marcos foi baleado na entrada da região da Polêmica, no bairro de Brotas, em Salvador. O autor dos disparos conseguiu fugir. Segundo a Guarda Civil Municipal (GCM), o guarda atuava no departamento de posto patrimonial e integrava a corporação desde 2008.
O guarda municipal foi acusado do assassinato de Carlos de Jesus Lopes de Almeida, que aconteceu no dia 27 de em outubro de 2011, em Cosme de Farias. Marcos confessou o crime e alegou legítima defesa. Após audiência criminal deste caso, em 2017, Pedro Santos Neves, que prestou testemunho do crime, foi morto a tiros, no dia 4 de setembro de 2017, também em Cosme de Farias. De acordo com o que foi concluído pela polícia na época, a vítima já tinha sido ameaçada e teria sido morta pelo guarda Marcos Cardoso e por um outro homem. Marcos foi preso no dia 19 de setembro de 2017, acusado do assassinato de Pedro.
Com mandado de prisão temporária expedido pelo 2º Juízo da 1º Vara do Tribunal do Júri, Marcos se apresentou, acompanhado do advogado, no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e foi preso. Na época, a Guarda Municipal informou que ele não estava em serviço no momento dos dois crimes e que a instituição iria aguardar conclusão do inquérito e decisão judicial.
De acordo com informações constantes no pedido de Habeas Corpus nº 0024682-14.2017.8.05.0000, referente à morte de Pedro Santos Neves, em 21 de fevereiro de 2018, quando o pedido de habeas corpus foi julgado, Marcos já estava solto e também teve a prisão preventiva negada. Segundos documentos fornecidos pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) ao CORREIO, em julho de 2019, o assassinato de Carlos de Jesus Lopes de Almeida foi julgado e Marcos Cardoso dos Santos foi absolvido. O Tribunal não informou sobre o julgamento do segundo crime, cometido em 2017 contra Pedro Santos Neves.
Foi aberto um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) pela Corregedoria da Guarda Municipal, que seria concluído após a finalização do processo judicial. Procurada pelo CORREIO, a GCM informou que, não havendo condenação, o guarda retornou ao exercício da função.
O crime desta quinta Marcos estava em uma motocicleta quando teria sido surpreendido por homens em um carro, que dispararam os tiros. A moto não foi levada, sendo deixada para trás pelos suspeitos. Segundo a Polícia Civil, a principal suspeita é de uma execução e a arma e o celular da vítima teriam sido levados por serem objetos de fácil comercialização. Marcos era casado e tinha filhos.
Um funcionário de um estabelecimento na rua onde aconteceu o crime disse que diversos tiros foram escutados. “Eu vi uma mulher correndo e logo em seguida os tiros. Foram muitos tiros mesmo”. Um dos disparos atingiu o vidro lateral de um carro que estava estacionado na rua. A polícia não informou quantas balas atingiram Marcos.
A 26ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) foi chamada, mas já encontrou Marcos sem vida. A área foi isolada e a Polícia Técnica foi acionada, diz a PM em nota. A Polícia Civil (PC) informou que Silc/DHPP foi acionado às 11h50 e que foram expedidas as guias periciais. O caso será apurado pela Delegacia de Homicídios Múltiplos.
Buscas nas proximidades estão sendo efetuadas e também a coleta de informações. As imagens das câmeras de segurança de estabelecimentos na rua do crime já foram solicitadas pela PC. Mais de 20 guardas municipais permaneceram no local mesmo após a retirada do corpo da vítima. Cerca de 10 viaturas da GCM chegaram ao local com coletes à prova de bala e armamento pesado.
Este foi o segundo caso envolvendo agentes da Segurança Pública nesta semana. Na última segunda-feira (19), o soldado da PM Leandro Cursino foi morto a tiros durante uma abordagem a suspeitos de cometerem um assalto na região do Resgate, no bairro do Cabula.
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro