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Mario Bitencourt
Publicado em 25 de maio de 2018 às 01:18
- Atualizado há 2 anos
A greve nacional dos caminhoneiros, em seu quinto dia nesta quinta-feira, 24, afeta o abastecimento de oxigênio em hospitais de Juazeiro (no Norte) e Vitória da Conquista (Sudoeste), na Bahia. A situação mais grave é em Juazeiro, cidade de 221 mil habitantes no norte baiano e onde os dois principais hospitais da cidade só têm oxigênio para até esta sexta-feira.>
O Hospital Materno-infantil (gestão municipal) tem apenas um tubo de 1.500 metros cúbicos de oxigênio e 120 cilindros de 8 a 25 metros cúbicos, segundo informou a Prefeitura. A direção do Hospital Regional (gerido pelo estado), que aguarda a chegada de 4 mil metros cúbicos de oxigênio, não confirmou a quantidade atual, mas garantiu que só dá para ficar até o meio dia desta sexta.>
Segundo a empresa que abastece os hospitais de Juazeiro, a Diox Distribuidora de Oxigênio, o caminhão com 10 mil metros cúbicos de oxigênio saiu nesta quinta de Simões Filho (Região Metropolitana de Salvador), a 509 km de Juazeiro. O trajeto mais rápido entre as duas cidades é pelas BRs 324 e 407. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR-324 há bloqueios parciais ou totais nos quilômetros 542, 600, 613 e 617, na Região Metropolitana de Salvador.>
Na BR-407, os bloqueios ocorrem nos quilômetros 131 (próximo a Senhor do Bonfim) e 230 (imediações de Capim Grosso). Em todos os bloqueios os caminhões de carga estão proibidos de passar. “Estamos tentando ver com a PRF um apoio para que o caminhão possa passar por essas barreiras. Apoiamos a manifestação, mas os caminhoneiros têm de entender que os hospitais precisam ser atendidos”, declarou o administrador do segmento medicinal da Diox Jorge Henrique Santos.>
Risco ao atendimento Em nota, a Prefeitura de Juazeiro comunicou que “ espera que essa situação seja resolvida o mais rápido possível e não interfira o atendimento à saúde da população.” No total, a empresa Diox precisa fazer entregas em 30 hospitais públicos e particulares de 15 cidades da Bahia. Em Brumado, no sudoeste, há outro caminhão da empresa que está parado num bloqueio. Há também veículos parados dentro do pátio da empresa.>
“Nas outras cidades, o oxigênio que tem dá para ficar até o final de semana”, informou Santos, que solicitou ainda apoio do Ministério Público Federal para tentar fazer com que a passagem dos caminhões da empresa seja possível.>
Em Vitória da Conquista, terceira maior cidade baiana, com 348 mil habitantes, o Hospital Geral (de gestão estadual) está com dois caminhões de oxigênio presos nos bloqueios desde quarta-feira.>
Segundo a direção da unidade hospitalar, a maior do município, os caminhões da empresa White Martins estão nos bloqueios de Brumado e Santo Estevão. A quantidade de oxigênio do hospital dá para ficar até o final de semana.>
Apesar da reclamação da direção do Hospital Geral, a White Martins informou que “está empenhando todos seus esforços e vem conseguindo manter a entrega de gases medicinais aos seus clientes na Bahia”. >
Segundo a Secretaria de Saúde da Bahia, “não existe desabastecimento em nenhuma unidade estadual” e “os fornecedores estão comprometidos com o fornecimento regular”. “Se necessário, serão escoltados pela Polícia Militar a fim de garantir o suprimento das unidades”, diz a nota do governo>
Sem combustíveis O problema maior no estado, assim como em outras federações, ocorre com relação a falta de combustíveis nos postos de revenda.>
Em Salvador, 20% dos 250 postos já estão com problema de abastecimento, de acordo com o Sindicombustíveis, representante dos donos de postos de revenda. No interior, metade dos cerca de 2 mil postos estão sem gasolina e etanol.>
Isso ocorre, por exemplo, em cidades como Vitória da Conquista e Jequié, onde um posto de gasolina foi autuado nesta quinta-feira por vender gasolina adulterada – estava com 35% de etanol – o permitido é de 25%.>
E sem combustíveis, outros setores vêm sendo impactados, como o de laticínios. O Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados de Leite do Estado (Sindileite) informou que os produtores estão tendo prejuízo diário de R$ 1,2 milhões.>
O setor começou a ser afetado nesta quarta-feira (23), quando os caminhoneiros intensificaram as ações e começou a faltar combustíveis nos postos de revenda. Por dia, 800 mil litros de leite estão sendo perdidos nas fazendas por falta de coleta. “Essa manifestação está afetando o setor leiteiro todo”, disse o presidente do Sindileite Lutz Viana Rodrigues, que é dono de laticínio.>
A entidade que representa mais de 200 indústrias de laticínios da Bahia informou que as regiões onde mais se produz leite no estado são o sudoeste, sul, extremo sul e nas imediações de Feira de Santana, no sertão.>
Em Itapetinga, no sudoeste, a Cooperativa dos Produtores de Leite (Cooleite) informou que deixou de coletar nesta quinta-feira 4 mil litros de leite de cerca de 30 grandes produtores de Itororó e Potiraguá, cujo acesso via BA-130 é onde mais há bloqueios. A cooperativa tem seu próprio posto de combustível, mas o estoque só deu para ficar até a noite desta quarta-feira. “Estamos vendo como fazer a coleta dos outros fazendeiros que ficam em locais onde não há bloqueios”, informou o presidente da Cooleite Robson Viveiros Silva.>