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Roberto Midlej
Publicado em 4 de junho de 2020 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
É verdade que, em tempos de domínio do streaming, o formato de álbum anda meio em baixa. Os artistas têm preferido lançar singles - canções lançadas de forma avulsa - ou EPs, que são uma espécie de “miniálbum”, com cinco ou seis faixas. Durante 12 anos, Frejat rendeu-se aos singles e, desde 2008, quando chegou ao mercado o CD Intimidade Entre Estranhos, não lança um álbum “cheio”.
Finalmente, para a satisfação dos fãs, o ex-Barão Vermelho - ele deixou a banda em 2017 - retorna com um punhado de canções bem ao seu estilo, em Ao Redor do Precipício, que chega hoje às plataformas de música. “Percebi que muitos artistas que lançavam singles tinham perfil diferente do meu, principalmente na forma como me relaciono com meu público”, reflete o cantor e compositor carioca de 58 anos. Frejat também argumenta que a produção de um álbum custa caro e, como ele é um artista independente, fica difícil arcar com os custos do formato.
Numa primeira fase, quando ainda não tinha a convicção de que iria lançar um álbum, o músico começou a trabalhar a canção Planeta Distante, que havia composto com Dulce Quental, ex-vocalista da banda Sempre Livre, grupo que fez relativo sucesso nos anos 80 com a canção Eu Sou Free.
“Inicialmente, eu trabalhei a canção sozinho, mas estava indo por um caminho que não me agradava. Eu queria mais eletrônica nessa música e chamei Humberto [Barros, tecladista] para me ajudar”, diz Frejat. Satisfeito com o resultado, o cantor resolveu partir para um álbum, incluindo outras canções que já tinha compostas. Foi aí que chamou outros dois músicos que assinam a produção do disco com Frejat e Humberto: Kassin e Maurício Negão.
As baladas, que marcam a carreira solo de Frejat, continuam com presença forte. Outro elemento que chama a atenção é o número de parcerias: das 13 faixas, dez são compostas com outros artistas, incluindo Zeca Baleiro, Jards Macalé e Leoni. Luiz Melodia (1951-2017) também assina a canção com Jards Macalé, E Você Diz.
“Foi composta em 2015, depois que eu e Jards fomos a um aniversário na casa de Melodia e foi uma noite maravilhosa! Jards me mandou a letra que tinha feito com Melodia e eu compus a melodia. Gravei uma demo, mas infelizmente Melodia não pôde ouvi-la, mas ficou muito a cara dele”, diz o músico.
Frejat também convidou uma cantora da nova geração, Alice Caymmi, para interpretar a canção A Sua Dor é Minha. “A personagem feminina é uma dominatrix. Não tenho problema de interpretar uma personagem feminina, mas achei que ficaria meio frágil eu cantar”, revela o artista. “Queria muito a participação de um artista de outra geração e eu tinha ouvido umas coisas dela que eu tinha gostado e também achei muito boas umas entrevistas dela”.