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Fotógrafo baiano registra memórias afetivas nas romarias a Bom Jesus da Lapa

João Machado lança sábado (17) catálogo da exposição Herança do Pai, inspirada na peregrinação anual de mais de 30 anos de seu pai ao santuário

  • Foto do(a) author(a) Mari Leal
  • Mari Leal

Publicado em 16 de junho de 2023 às 10:31

Centenas de milhares de pessoas visitam anualmente o Santuário de Bom Jesus da Lapa
Milhares de pessoas visitam anualmente o Santuário de Bom Jesus da Lapa Crédito: João Machado/Divulgação

Todos os anos, entre 28 de julho e 5 agosto, milhares de pessoas visitam o Santuário de Bom Jesus da Lapa, templo católico construído em uma gruta da cidade de mesmo nome, no Oeste baiano. Reconhecida como patrimônio imaterial da Bahia em 2022, a romaria a Bom Jesus da Lapa está prestes a completar 322 anos e não é difícil encontrar, principalmente entre baianos que cresceram no interior, histórias de pais, avós ou vizinhos que cumpriam anualmente o ato de fé. 

Um desses baianos carregados de memórias é o fotógrafo João Machado, de 52 anos, que lança, amanhã, o catálogo da exposição “Heranças do Pai”, na Fundação Pierre Verger, no Centro Histórico, com uma visita guiada, às 15h. Ele irá contar as histórias e as vivências pessoais por trás de cada imagem. O catálogo é formado por 52 páginas no formato 15cm x 15cm e será comercializado por R$ 40. Já a exposição, fica aberta a visitação gratuita até 16 de julho - de segunda a sexta, das 9h às 19h, e aos sábados, das 9h às 17h.

Com imagens selecionadas de um arquivo pessoal iniciado em 2002 – quando fez sua primeira visita ao local, aos 30 anos -, Machado revela o seu olhar sensível, do ponto de vista técnico, mas, principalmente, a busca afetiva de reencontrar as vivências experimentadas por seu pai, José Francisco Pinheiro, durante mais de 30 anos de romaria a Bom Jesus da Lapa. Seu José faleceu em 2004, aos 80 anos.

“Meu pai foi romeiro de Bom Jesus da Lapa por 37 anos. Eu não conheci o local antes porque ele não nunca levou ninguém da família. Ia somente ele e minha mãe. Eu sempre tive o desejo de conhecer. Em 2002 eu já era fotógrafo e fui pela primeira vez. Fiquei impressionado com tudo que vi e passei a registrar o lugar, a romaria, e a contar um pouco dessa história do meu pai”, revela. Após a primeira visita, a ida a Bom Jesus da Lapa também passou a ser marco sagrado anual na vida do fotógrafo, que vive em São Paulo desde os 19 anos.

“Costumo dizer que o romeiro foi o meu pai. Eu sou o peregrino da imagem. A minha peregrinação é em busca dessa memória afetiva, em busca desses momentos que ele passou por lá. É como se cada pessoa fotografada ali carregasse um pouco do que ele viveu”, complementa.

OJoão Machado agregou as cores aos registros
OJoão Machado agregou as cores aos registros Crédito: João Machado

As imagens selecionadas para a exposição e para o catálogo revelam elementos da fé católica, movimentos peculiares da romaria, como o transporte feito na carroceria de caminhões – chamado de pau de arara -, os acampamentos, a rendição humana diante do sagrado, tudo isso em uma explosão de cores. As cores foram incorporadas ao trabalho de Machado em 2004, em sua primeira visita a Bom Jesus da Lapa após o falecimento de seu pai. Antes, as imagens eram registradas em preto e branco, uma marca comum em registros documentais.

“Comecei fazendo Bom Jesus da Lapa em preto e branco, com película, com filme. Fui fazer pesquisas sobre o mercado de fé, sobre o mercado de fotografias. Deparei-me com três livros publicados, inclusive dois com fotografias de Bom Jesus da Lapa. Só que tudo em preto e branco. Aí eu fiquei me questionando, explica.

Segundo Machado, incorporar a cor em seus registros também transformou o seu olhar sobre a manifestação. “Consegui buscar dentro de Bom Jesus da Lapa uma cor, um movimento em que tudo se agrega dentro da produção. A primeira luz do dia, que eu trabalho nos tons mais quentes é uma produção. Tem os mais alaranjados, que é na última luz do dia. A primeira luz à noite dentro da gruta”, exemplifica.

Romaria a Bom Jesus da Lapa foi reconhecida como patrimônio imaterial da Bahia em 2022
Romaria a Bom Jesus da Lapa foi reconhecida como patrimônio imaterial da Bahia em 2022 Crédito: João Machado/Divulgação

Ensaios Baianos

“Herança do Pai” é o segundo catálogo do projeto “16 Ensaios Baianos”, concebido pela Fundação Pierre Verger para dar visibilidade ao trabalho de fotógrafos que têm a Bahia como foco de suas lentes. A curadoria das imagens registradas por João Machado foi feita de forma compartilhada por Célia Aguiar, Paulo Coqueiro e Alex Baradel.

O projeto “16 Ensaios Baianos” tem apoio financeiro do governo estadual, por meio do Fundo de Cultura. O valor arrecadado com a venda dos catálogos é revertido ao artista.

Serviço

O que: Lançamento do catálogo da exposição “Herança do Pai”

Quando: Sábado, 17 de junho, às 15h

Onde: Fundação Pierre Verger Galeria, Rua da Misericórdia, 09, loja 1, Centro Histórico.

Quanto: Entrada gratuita; catálogo R$ 40