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Da Redação
Publicado em 20 de dezembro de 2022 às 05:30
- Atualizado há 2 anos
A ciclista Lívia Suarez já se machucou por não encontrar capacetes que abrigassem seus cabelos com segurança e conforto, sem apertar ou amassar. A partir dessa experiência pessoal, a empreendedora percebeu que para pessoas com a cabeleira volumosa, usar os modelos convencionais não ofereciam a proteção necessária para pedalar sem riscos. E, como a necessidade é a mãe da invenção, ela desenvolveu o projeto do Fortheblacks, um capacete adequado para cabelos crespos, tranças e dreadlocks.
Foram três anos de pesquisa e desenvolvimento do produto lançado ontem em um evento no Santo Antônio Além do Carmo. Além da apresentação do capacete, ocorreram os shows de A Dama e O Kannalha e um desfile de moda. Lívia Suarez é a idealizadora da Casa La Frida (@casalafridasalvador), um projeto que ensina ciclismo, fomentando a mobilidade urbana com bicicletas, com foco em pessoas negras e periféricas de Salvador. “O capacete foi criado a partir das nossas necessidades enquanto mulheres pretas que pedalam na cidade”, conta.
O capacete passou por todos os testes e só deve ser utilizado para a prática de ciclismo porque as avaliações de segurança foram exclusivamente para esta prática. Além das dificuldades da pandemia, a equipe responsável por desenvolver o projeto não deixou de lado um objetivo principal: que o equipamento fosse totalmente fabricado na Bahia. “Ficamos dois anos sem ferramentas e profissionais por conta da pandemia. A gente queria que toda a fabricação fosse feita no estado para valorizar a nossa territorialidade”, conta Lívia Suarez. Foi assim que surgiu um produto ‘Made in Salcity’, em referência à capital baiana. Design do capacete segue uma estética afro futurista (Foto: La Frida/Divulgação) Com medidas diferentes dos capacetes comuns, o Fortheblacks garante conforto e espaço para os cabelos, além de ter quatro aberturas que auxiliam na ventilação. Foram utilizadas esponjas especiais na parte interior, que facilitam a higienização. O equipamento também conta com uma viseira magnética que pode ou não ser acoplada na parte da frente.
A equipe prezou por um design afro futurista, o que torna o produto ainda mais original. “O primeiro ponto são as medidas adequadas e os demais têm a ver com a nossa identidade. A abertura é para que a gente possa retirar os cabelos afro com todo o cuidado e proteção, além de evidenciá-los”, explica Lívia Suarez.
Para que o equipamento fosse desenvolvido, o grupo contou com o patrocínio do banco Itaú e as parcerias com o Instituto Federal da Bahia (IFBA), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp)
Lívia Suarez não esconde a felicidade em finalmente poder ver um produto desenvolvido especialmente para pessoas pretas nas ciclovias de Salvador, mas garante que a equipe está só começando.
“Queremos multiplicar a produção para que o capacete seja vendido em lojas de departamento. A nossa ideia é que vire um produto internacional e que esteja nos jogos olímpicos, então temos alguns planos de expansão”, revela. Peças foram testadas apenas para uso na prática de ciclismo (Foto: Divulgação) Os capacetes podem ser adquiridos por R$ 220 e estão disponíveis nas cores preto fosco, rosa, laranja e vermelho. A garantia é de seis meses. Quem fez a compra online do item já pode retirá-lo presencialmente na sede do La Frida, na Rua Direita de Santo Antônio, 360, ou optar por receber em casa.
Na sede do La Frida, são colocados em prática diversos projetos de inclusão de pessoas pretas no circuito de ciclismo da capital. As iniciativas vão desde cursos profissionalizantes até aulas de bike para mulheres da periferia.
Ao longo da produção, o Fortheblacks venceu o prêmio ‘Promovendo a Mobilidade por Bicicleta’, do banco Itaú, e foi apresentado em um evento de ciclismo em Dublin, na Irlanda
*Orientada pela subeditora Fernanda Varela