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Marcela Vilar
Publicado em 3 de novembro de 2020 às 08:29
- Atualizado há 2 anos
Os baianos que acreditavam poder curtir o último dia do feriadão, ontem, no dia de Finados, foram surpreendidos por uma noite de intensas chuvas que causaram fortes estragos. Pelo menos, 150 famílias estão desabrigadas em diversos municípios: 18 em Ilhéus, mais de 50 em Ibicaraí, cerca de 20 em Itabuna e mais de 80 em Ibicuí.
No caso de Itabuna e Ibicaraí, as prefeituras decretaram estado de emergência por conta das chuvas. Em Ibicuí, a situação foi pior, e o prefeito decretou estado de calamidade pública. De acordo com o Climatempo, Itabuna foi o município do Brasil onde mais choveu nas últimas 24 horas. A prefeitura registrou 105 ocorrências, sendo uma de desabamento de casa e outros cinco deslizamentos de terras. Foram 103 mm de água em apenas 5 horas, o equivalente ao que choveu em setembro e outubro.
Além disso, Itabuna inteira ficou sem luz de 00h30 às 9h40 nesta segunda-feira. O coordenador da Defesa Civil do município, Yuri Bandeira, atuou em conjunto com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) e cinco equipes de assistência social para dar apoio às famílias desalojadas. “Estamos trabalhando em conjunto com todas as secretarias para trazer normalidade à situação”, disse.
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Kits de higiene e almoço foram distribuídos entre os moradores do bairro de São Roque e Califórnia, as comunidades mais afetadas em Itabuna. Uma escola também foi disponibilizada pela prefeitura para abrigar temporariamente as famílias, assim como foi feito em Ilhéus e Ibicaraí, no sul da Bahia.
A família da operadora de caixa Daiane Matos, 34, perdeu os móveis da casa. Apesar de ter se mudado de bairro, Matos nasceu e foi criada no bairro de São Roque, em Itabuna, e relatou que sempre há alagamentos por lá: “A maioria das pessoas perdeu tudo. A situação é crítica. Minha avó, que já é idosa, perdeu tudo pela segunda vez”.
Ilhéus Já segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, as três cidades onde mais choveu nas últimas 24h foram Ilhéus, Senhor do Bonfim (34,6 mm) e Piatã (43,4 mm). Em Ilhéus, o coordenador da Defesa Civil, Joandre Neres, informou que choveu 72mm em apenas 9 horas - volume equivalente ao total esperado para os 20 primeiro dias de novembro. Isso fez com que o rio Cachoeira inundasse e não permitisse acesso à comunidade de Japu, que só se comunica com a sede por uma ponte.
“A água está passando por cima da ponte. Os moradores estão ilhados e só de barco para atravessar”, disse Neres. Ele relatou que as regiões mais atingidas em Ilhéus, são Vila Cachoeira, onde 8 famílias tiveram as casas inundadas, e Banco da Vitória, que onde 10 famílias tiveram as casas submersas. As últimas ocorrências deste tipo foram há 6 anos, quando o rio demorou uma semana para retornar ao normal. O período mais chuvoso no sul no estado é de novembro a março.
Na casa da bacharel em direito Vanessa Santana, 29, abriram-se goteiras: “Choveu muito, e, como a casa é de telha, acaba vazando, não tem para onde correr”. Na rua da estudante Letícia da Hora, 21, alagou tudo: “Sempre alaga de maneira absurda”.
Ibicaraí No município de Ibicaraí, os alagamentos também foram causados pela elevação do rio Salgado, situação que também aconteceu nos últimos 2 anos. O coordenador da Defesa Civil da cidade, Ronny dos Santos, informou que são mais de 50 famílias desalojadas, apesar de só ter chovido 30 mm na última noite. “Os rios estão quase passando por cima das pontes e muitas casas alagaram, já que a maioria é de telha”, relatou o morador Juvan Pinheiro, 24.
A candidata a vereadora Nara Nogueira contou que a comunidade está coletando doações para ajudar quem teve perdas: “A secretária de educação liberou colégios e creches para abrigar as pessoas e está todo mundo fazendo campanha para arrecadar roupa, alimento, colchão. Não existe política em uma hora dessa, existe solidariedade”, disse Nogueira.
Sudoeste Em Ibicuí, as chuvas deixaram mais de 20 famílias sem casas. O CORREIO não conseguiu contato com a prefeitura de Piatã. No norte da bahia, também choveu, mas não chegou a provocar tantos estragos. O prefeito de Senhor do Bonfim, Carlos Brasileiro disse que as maiores avarias foram nas ruas: “Os estragos são comuns, em algumas estradas de sinais e alguns bairros que ainda não têm pavimentação, mas nada grave”, afirmou Brasileiro.
Meteorologista do Inmet, Cláudia Valéria da Silva, explica que as chuvas nas regiões Sul, Sudoeste e Oeste da Bahia são comuns entre outubro e março: “Nesse momento, tem uma frente fria associada à convergência de umidade que chega pelo oeste. Quando os fenômenos da natureza chegam de uma forma mais intensa, acabam provocando chuva para além daquelas áreas se espera”.
Ela também ressaltou que as precipitações no Sudoeste e Sul baiano devem persistir nos próximos meses. Desde a tarde de domingo, o Inmet publicou alerta laranja para chuvas na Bahia, o que quer dizer que há uma situação meteorológica perigosa, com fortes chuvas e ventos intensos. Isso pode causar corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas.
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro