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Da Redação
Publicado em 3 de janeiro de 2019 às 13:15
- Atualizado há 2 anos
Uma semana depois de anunciar sua saída da Globo, o jornalista Alexandre Garcia afirmou na quarta-feira (2) que não vai trabalhar no governo de Jair Bolsonaro, como alguns especulavam. Ele descartou a possibilidade de trabalhar novamente em cargo público, lembrando que foi porta-voz de João Figueiredo durante a ditadura militar.
Pelo Twitter, Garcia publicou um texto dizendo que continuará trabalhando como jornalista, fazendo comentários políticos que são transmitidos por 15 jornais e 280 emissoras de rádio.
O jornalista foi um dos convidados para a posse de Bolsonaro, na terça. Ele tirou fotos ao lado do presidente, do vice, Hamilton Mourão, e do ministro da Justiça, Sergio Moro, entre outros. A presença dele aumentou os rumores de que ele seria o novo porta-voz do governo.
Leia o texto:
"Devo explicações aos milhares de amigos que, nas redes sociais, apelam para que eu seja porta-voz do novo presidente da República. Muitos chegaram a lançar campanhas para me convencer ou para pressionar o governo. Pois devo explicar que há 40 anos aceitei com entusiasmo o convite do presidente Figueiredo para integrar sua equipe de comunicação social, com uma missão. Uma tarefa sem descanso. Entrava-se às oito da manhã no palácio e saía-se lá pelas dez, depois de esclarecer tudo o que os noticiários da noite haviam deixado no ar. Viagens, hotéis, pistas rudimentares, andanças pelo país e um presidente informal que gostava de improvisar, dando tiro na própria cuca. Não havia hora nem lugar que não fossem o do dever.
Certa vez, em casa, eu tirava o suor no chuveiro, minha mulher irrompeu ao banheiro com um ultimato: 'Ou eu ou o Figueiredo'. E optei por Figueiredo. Tive a honra de anunciar em 17 de agosto de 1980 que a sucessão de Figueiredo seria civil. A campanha Diretas-Já começou quase três anos depois. Por isso estranho quando ouço de alguns: 'Derrubamos a ditadura'. Fui intermediário de encontros do presidente com líderes da oposição, como Brizola, Alceu Collares e Freitas Nobre, costurando a transição. Também intermediei a aproximação da família de JK, no que resultou o Memorial JK. Mas já se passaram 40 anos e não tenho a mesma vontade de acordar cedo e dormir tarde e passar a vida viajando em correria --e isso que eu era um subsecretário. Acima de mim, havia o secretário de imprensa e o ministro.
Mesmo sem Globo, hoje não posso deixar na mão os 15 jornais que recebem meu artigo semanal e as 280 emissoras de rádio que amealhei ao longo de 30 anos, e que recebem meu comentário diário, por contrato. Minha origem é o microfone, em que eu falo desde os sete anos, como ator infantil de radionovela, em tempos em que tudo era ao vivo. As rádios me permitem chegar aos capilares do país, todos os dias pela manhã."