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Vinicius Nascimento
Publicado em 7 de maio de 2019 às 16:14
- Atualizado há 2 anos
Cerca de 65 quilômetros separam os municípios de Salvador e São Sebastião do Passé, na região metropolitana da capital. O percurso de ônibus dura cerca de 1 hora e 20 minutos. De carro, é possível completar a viagem entre 55 minutos e uma hora. Por algum tempo, essa foi a rotina de Ruan Potó, agora Ruan Levine - como prefere ser chamado depois que virou profissional.
Desde os nove anos o atacante treina na Toca do Leão e, quando chegou ao clube, sequer tinha a idade mínima permitida por lei para morar no alojamento do Vitória - atualmente, 14 anos. Contudo, não era assim quando Ruan chegou ao Leão. Na época, garotos de 12 já podiam morar nas dependências do clube, e foi com essa idade que ele passou a se alojar de vez. Ou seja, foram quase três anos indo e voltando de sua cidade até Salvador para treinar na base rubro-negra.
Numa dessas idas para São Sebastião do Passé, aconteceu o fato que rendeu a ele o apelido de Potó: o atacante contou em entrevista nesta terça-feira (7) que brincava em uma árvore com amigos e, ao voltar para casa, se queixou de uma coceira no pescoço. Depois de algumas horas, a região estava queimada e em carne viva. “Eu tinha que vir treinar e vim com essa ferida no pescoço. Todo mundo perguntou [o que tinha acontecido], eu tinha ido no hospital e o médico falou que parecia ser um potó, um bicho. Ninguém conhecia. Eu falei que era o potó e aí todo mundo começou a me chamar assim”, revelou o autor dos gols dois na primeira vitória rubro-negra na Série B, 2x1 sobre o Vila Nova.De tanto que foi chamado de Ruan Potó, o atacante de 20 anos se acostumou com a alcunha e garante que não se incomoda com ela. Pelo contrário, até estranha quando é chamado de Levine. Contudo, assume que prefere ser chamado pelo sobrenome de batismo.“Eu prefiro Ruan Levine. Hoje está todo mundo tirando apelidos”, declarou Ruan.O pai do jogador já deu a ordem ao garoto: tem que ser Ruan Levine e ponto final. Pensando na carreira do filho mais à frente, deixou a dica para mudar o nome logo que o atacante fosse promovido para o time profissional. Já Ruan topa ser chamado por qualquer alcunha desde que ganhe oportunidades para entrar em campo. Ruan adota o sobrenome Levine em vez do apelido Potó (Foto: EC Vitória / Divulgação) Falando em entrar em campo, ele aguardou a oportunidade de jogar pelos profissionais por muito tempo. No último sábado (4), estreou na equipe principal e de cara marcou dois gols, garantindo os primeiros três pontos do Vitória na Série B e dando fim ao jejum de triunfos que durava 13 jogos e 87 dias. Os gols de Ruan Levine impediram que o rubro-negro chegasse à marca de três meses sem vencer.“A gente que é da base sempre tem a esperança de uma chance no time principal. Estou aqui desde os nove anos de idade, temos uma identificação e sonhamos sempre com isso. Nesse momento que o Vitória está precisando de jogadores da base, a gente soube aproveitar. Caíque no primeiro jogo fez uma boa partida, fez gol, e eu agora”, comentou Ruan Levine.Orgulho Os anos morando em Salvador não fizeram o garoto perder suas raízes em São Sebastião do Passé. Logo que chegou ao vestiário depois do jogo, deparou-se com o celular cheio de mensagens dos familiares, amigos e torcedores que interagiram pelas redes sociais para agradecê-lo.
Na terra natal foi uma festa só. O pai é daqueles moradores muito conhecidos na região e ligou contando que não faltaram felicitações e elogios. Fatos que encheram Ruan de orgulho e confiança.“Fico lisonjeado por isso porque é o trabalho sendo reconhecido de muitos anos na luta. De tantas mensagens, o celular estava travando. Até hoje não consegui responder todo mundo”, contou, aos risos.Depois de terminar o jogo contra o Vila Nova exausto - ele só não foi substituído porque Tencati já havia feito as três mudanças - , Ruan Levine terá pela frente uma semana cheia de treinamentos. A próxima partida do Vitória é só na segunda-feira (13), quando enfrenta o Guarani pela 3ª rodada da Série B, no estádio Brinco de Ouro, em Campinas (SP).
Com três pontos somados, o Leão ocupa a 10ª posição na tabela; já o Guarani tem um ponto e abre a zona de rebaixamento, no 17º lugar.
*Com supervisão do subeditor Miro Palma.