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Da Redação
Publicado em 2 de abril de 2020 às 11:02
- Atualizado há 2 anos
A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) informou que está tomando medidas jurídicas sobre o que classifica de "pacote de maldades" anunciado pela Petrobras nos últimos dias para garantir a saúde financeira da companhia, durante a crise trazida pelo coronavírus. Entre as medidas mais criticadas pelos empregados está a redução da jornada de trabalho, de 8h para 6h, que leva também parte dos salários dos trabalhadores.>
"Nós não vamos aceitar essas medidas. Estamos conversando com o jurídico para impedir a implantação desse pacote de maldades" disse em vídeo o secretário geral da entidade, Adaedson Costa.>
Ele afirma que a empresa está pedindo o sacrifício de trabalhadores, mas mantém decisões contraditórias, como o pedido de 26% de aumento para seus administradores, a ser votado na Assembleia Geral Ordinária (AGO), e a criação de uma Fundação, no valor de R$ 4 bilhões, para terceirizar um serviço que hoje é gerido pela área de Recursos Humanos da estatal.>
A Petrobras nega que esteja propondo aumento na remuneração dos seus administradores, informando que a proposta que será debatida em assembleia se refere a uma remuneração variável (PPP) da diretoria e demais empregados da companhia, que já foi, inclusive, em parte paga aos empregados que não fizeram greve.>
"A Petrobras quer criar uma fundação, nos moldes da Petros, para que ela faça a gestão do Plano de Saúde de Autogestão. O custo está estimado em R$ 4 bilhões, e quem vai administrar vai ser uma terceirizada que vai cobrar por isso, aumentando o custo para o trabalhador e para a empresa", afirmou Costa. Até o momento, a empresa não comentou sobre a criação da Fundação.>
As ações anunciadas pela empresa envolvem corte de R$ 2 bilhões de gastos operacionais, poupando cerca de R$ 700 milhões em despesas com pessoal. Serão postergados pagamentos, entre 10% a 30%, da remuneração mensal de gerentes, coordenadores, consultores e supervisores, e de 30% do presidente e diretores.>
A estatal também avisou que haverá mudança temporária de regimes de turno e de sobreaviso para regime administrativo de cerca de 3,2 mil empregados, além da redução, também temporária, da jornada de trabalho, de 8 horas para 6 horas, de cerca de 21 mil empregados.>
As medidas, segundo informou a estatal em anúncios feitos ontem e na semana passada, visam proteger o caixa da companhia, diante de uma demanda em queda pelos seus produtos e da derrocada do preço do petróleo, que hoje ensaia recuperação, subindo cerca de 10%, mas que se mantém no patamar em torno dos US$ 25 o barril, uma queda pela metade em relação ao início do ano.>
Costa criticou ainda a gestão da empresa em relação aos desinvestimentos, afirmando que a Petrobras está apostando todas as fichas na produção de petróleo e vendeu participações relevantes, que vão aumentar seus custos nesse momento de crise.>