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Mario Bitencourt
Publicado em 27 de dezembro de 2017 às 15:11
- Atualizado há 2 anos
O grupo de 30 índios da etnia Pataxó Hã-hã-hãe que estava há dois dias numa fazenda da família do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), em Itapetinga, no sudoeste da Bahia, deixaram a propriedade na manhã desta quarta-feira (27), após uma ação da Polícia Militar no local. A saída foi pacífica.
Na fazenda Esmeralda, de 643 hectares, estavam também militantes do Movimento de Libertação da Terra (MLT). No local, a polícia encontrou restos de um boi que havia sido abatido pelos ocupantes no dia que invadiram a propriedade, cuja estrutura não foi danificada.
A PM informou que a saída dos invasores se deu com base na negociação, não houve mandado judicial de reintegração de posse, como há dois meses, quando esta e outras 25 fazendas da região foram invadidas, algumas delas por grupos criminosos que levaram pânico aos donos de terras na região. (Itapetinga Repórter/Divulgação) Os índios justificam as ocupações afirmando que as propriedades estão em local considerados por eles como sagrados pelo fato de haver cemitérios indígenas, mas Fundação Nacional do Índio (Funai) negou que haja demanda de estudos sobre habitação tradicional indígena na região.
O imóvel faz parte de um conjunto de 12 fazendas que somam mais de 9 mil hectares e estão avaliadas em cerca de R$ 67 milhões. O primeiro título da propriedade é de 1937, época em que o Governo da Bahia fez doações de diversos títulos de terra no sul e sudoeste da Bahia.
Outra fazenda A polícia informou ainda que uma outra propriedade que havia sido ocupada pelos índios na segunda-feira (25), entre as cidades de Itambé e Ribeirão do Largo, foi desocupada nesta quarta-feira.
Na propriedade, que não pertence à família de Geddel Vieira Lima, a polícia encontrou pequena quantidade de crack e 10 espingardas artesanais em um saco plástico, mas ninguém foi preso.
Ex-ministro da Secretaria de Governo e Integração Nacional, Geddel está preso preventivamente desde o dia 8 de setembro no Presídio da Papuda, em Brasília.
A prisão ocorreu depois de a Polícia Federal encontrar digitais do político em cédulas de dinheiro encontradas em um apartamento ligado a ele, onde malas guardavam mais de R$ 51 milhões.
Por causa disso, dia 4 de dezembro a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) Geddel e o irmão dele, o deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB), pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Geddel é suspeito de desviar dinheiro da Caixa Econômica Federal na época em que foi vice-presidente de pessoa jurídica do banco, entre 2011 e 2013. A defesa dele nega que houve desvio de dinheiro público.
Também foram denunciados pelos mesmos crimes a mãe de Geddel e Lúcio, Marluce Vieira Lima, o ex-assessores do deputado, Job Brandão, o ex-diretor da Defesa Civil da capital baiana Gustavo Ferraz e o empresário Luiz Fernando Costa Filho.
Lavagem de dinheiro A PF investiga ainda se Geddel lavou dinheiro desviado por meio de supostos pagamentos de “falso aluguel de maquinário agrícola” para as fazendas do político na Bahia. Os pagamentos para o serviço chegam a R$ 6,3 milhões.
O aluguel dos maquinários seria por meio da empresa JR Terraplanagens, empresa com sede em Vitória da Conquista e cujo dono, Valério Sampaio Sousa, seria, de acordo com a PF, funcionário informal de Geddel.
Sousa, informa a PF, elaborava aluguéis falsos de máquinas para o político. A sede da empresa em Vitória da Conquista é um imóvel sem identificação no bairro Candeias, área nobre da cidade.
A PF diz que a empresa atuava com quantidade de maquinário bem menor que o apontado no controle de gastos de Geddel, cuja defesa não foi localizada para comentar o caso.