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Carmen Vasconcelos
Publicado em 31 de maio de 2020 às 19:07
- Atualizado há 2 anos
O músico e eletricista Edvaldo Jesus Silva, 67, faleceu na manhã desse domingo, 31, no Hospital Evangélico da Bahia, em Brotas. Na última sexta-feira, 29, ele deu entrada na unidade de saúde para tratar uma infecção causada por uma úlcera na perna. Embora grave, por se tratar de um paciente idoso, com diabetes e anemia falciforme, o quadro dele era estável. No ato do internamento, a família precisou desembolsar R$ 3 mil para cobrir as despesas médicas. >
No sábado, 30, os filhos do paciente pediram para ver o pai, mas tiveram a solicitação negada por não haver um médico ou plantonista responsável pela Unidade de Terapia Intensiva no local durante o final de semana. O internamento na UTI só foi possível, inclusive, porque o médico que estava finalizando o plantão do dia ficou compadecido com a situação do idoso e com o desespero dos familiares. Neste domingo, a família recebeu a notícia do falecimento do pai.>
De acordo com um dos filhos de Edvaldo, o ator e arte-educador Evaldo Maurício Silva, 29, a morte do pai foi resultado da negligência da unidade de saúde. “Meu pai estava com um quadro grave e ficou sozinho todo o final de semana! Ele não teve os cuidados que garantiriam a sobrevivência”, denunciou Evaldo.>
Segundo Evaldo, havia, inclusive, suspeita de que o pai estivesse com covid-19, mas nada disso pôde ser comprovado porque não havia ninguém responsável pelos pacientes. “Esse é o tratamento destinado a um paciente negro e pobre. Trouxemos ele para cá na esperança de que ele tivesse uma assistência digna, que pudesse ser tratado. Jamais imaginei que ele seria abandonado dessa forma desumana”, disse. >
Evaldo Maurício Silva, inclusive, disse ter escutado de um auxiliar de enfermagem que a equipe da unidade estava com os salários atrasados>
A reportagem do CORREIO entrou em contato com o Hospital Evangélico na tentativa de falar com o diretor médico ou alguém que pudesse explicar a situação da unidade de saúde e responder sobre as denúncias, mas a recepcionista disse que a direção, a assistente social e a assessoria de comunicação da unidade só atuam de segunda a sábado. Quando questionada sobre quem era o responsável médico pelo plantão do domingo, a informação foi que não havia ninguém no hospital, apenas os trabalhadores da recepção e os auxiliares.>