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Bruno Wendel
Publicado em 16 de fevereiro de 2021 às 05:15
- Atualizado há 2 anos
Os afagos, o sorriso e a companhia do grafiteiro Jailson Galdino Souza dos Santos, 27, conhecido como Scank, hoje ficam só na memória da mãe dele, a cozinheira Leonice Galdino de Souza, 49. Tão latente quanto a saudade e a dor, é o sentimento de indignação dela com a polícia sobre o crime, que nesse sábado (13) completou um ano. “Um descaso! Um ano já se passou e nada foi resolvido. Falta de interesse do poder público em solucionar mais um caso de jovem negro assassinado. Eu não vejo interesse das autoridades responsáveis em dar uma resposta à sociedade. Meu filho morreu trabalhando”, declarou Leonice ao CORREIO nesse domingo (14). Scank foi espancado e morto com um tiro pelas costas enquanto trabalhava com um amigo na Avenida Jorge Amado, próximo à entrada do Bate Facho, bairro do Imbuí, na madrugada do dia 13 de fevereiro de 2020. No dia, o amigo dele, identificado como Jerry, foi espancado e socorrido para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Marback. A mãe de Scank já esteve duas vezes este ano no Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) e nenhuma resposta sobre os assassinos de seu filho.“É muito difícil uma mãe lidar com tudo isso. Não bastasse, ainda temos que lidar com a falta de informação. A gente vai lá e ninguém diz nada de concreto, apenas que está investigando, investigado”, declarou. Leonice tinha um restaurante no Largo do Tanque e contava com a ajuda de Scank não só para as atividades internas do negócio, mas também na entrega de quentinhas. Com a morte dele, ela sofreu de depressão e fechou o estabelecimento. Passou a fazer tratamentos com psicólogos e por isso não foi possível acompanhar o andamento da investigação. “Não tinha condições psicológicas, fiquei muito mal. Parei de trabalhar, fiquei muito abalada com a perda do meu filho. Foi quando acordei e vi que tinha que tomar providências, porque no período que fiquei sem buscar respostas, a Polícia Civil também não me procurou”, disse ela. Para Leonice, os assassinos foram para matar seu filho. “O que passaram para mim era que ele estava trabalhando, grafitando num muro. Não foi assalto, não foi briga, pra mim chegaram para matar mesmo. Mas não faço ideia do motivo. Não entendo por que o outro rapaz se livrou. O outro rapaz apanhou muito também, mas deixaram ele vivo. O rapaz poderia conhecer alguém na área. Meu filho não andava naquela localidade. Morava no Largo do Tanque”, declarou a mãe, que espera por justiça.