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Ex-mulher pagou R$ 4 mil por assassinato de advogado encontrado morto em Santo Amaro

Empregada doméstica foi ameaçada e teve que encomendar crime

  • D
  • Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2019 às 19:46

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Reprodução e Aldo Matos/Acorda Cidade

Glaucia foi presa acusada de mandar matar Júlio (Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade) O assassinato do advogado Júlio Zacarias Ferraz, 43 anos, encontrado morto com as mãos amarradas após 21 dias desaparecido, começou a ser desvendado. Nesta quinta-feira (14), a polícia prendeu a ex-mulher dele, acusada de ser a mandante do crime, ocorrido em janeiro deste ano.

A ex-esposa do advogado é Glaucia Mara Ottan Ferraz, ex-servidora do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). Além dela, também foi presa sua empregada doméstica Maria Luiza Borges do Carmo, que teria sido pressionada pela patroa para contratar dois matadores para executarem o advogado.

"Desde o início da investigação, a própria família e colegas de trabalho do advogado informaram e avisaram que acreditaram que tinha a participação da ex-mulher. Ele mesmo teria relatado, durante a vida, que ela poderia atentar contra a vida dele", disse o delegado do caso, Roberto Leal, coordenador da 1ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin), de Feira de Santana.

Segundo a polícia, Glaucia, que estava separada de Júlio há seis anos, não aceitava a partilha de bens proposta e, para resolver a situação, teria contratado dois homens para matar o advogado. Cada um deles recebeu R$ 2 mil - os criminosos ainda não foram localizados pela polícia. Júlio sumiu no dia do seu aniversário e foi encontrado morto 21 dias depois (Foto: Reprodução) No dia em que sumiu, Júlio foi à casa de Glaucia para comemorar o aniversário do filho caçula do casal, de 11 anos. Também era aniversário dele. Um porteiro que trabalhava no dia do sumiço foi ouvido e relatou que o advogado chegou ao apartamento, mas não foi embora.

"Por conta das suspeitas levantadas, começamos a ouvir pessoas próximas a Glaucia. O porteiro dela, por exemplo, disse que viu o advogado entrando no prédio, mas não viu saindo. Posteriormente, ela deu diversas declarações contraditórias e, em uma delas, afirmou que não tinha empregada. Mas todas as outras testemunhas diziam que o casal tinha", explicou o delegado.

Glaucia e Júlio têm ainda um outro filho, de 13 anos.

Empregada admite participação Em depoimento à polícia, a empregada doméstica confirmou que contratou os executores, mas nega que tenha recebido recompensa em dinheiro para participar do crime. Segundo Maria Luíza, ela cedeu à pressão de Glaucia por medo. "Ela disse que foi ameaçada de morte para contratar os homens", explica o delegado.

As prisões contaram com o apoio de equipes da 3ª Coorpin/Santo Amaro e da Polícia Federal (PF). Para isso, foi montada uma operação para cumprir mandado de prisão preventiva e de busca e apreensão. As mulheres devem ser encaminhadas ao sistema prisional, mas a data ainda não foi informada. Empregada doméstica da ex-mulher também foi presa (Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade) Má fama De acordo com o delegado, Glaucia já é figura conhecida em Feira de Santana, por ter se envolvido em outros casos policiais. "Ela é envolvida em queixa de ameaça e tem problemas com professoras de escola do filho dela", disse Leal.

Além disso, a ex-mulher do advogado ficou conhecida como "falsa juíza" em maio de 2018. Ela se aposentou em agosto de 2014 mas, durante a paralisação dos caminhoneiros, que causou um caos no país e fez com que a população disputasse o que sobrou de gasolina nos postos de combustíveis, Glaucia tentou passar na frente de outras pessoas que estavam em uma fila de um estabelecimento de Feira de Santana, se passando por juíza.

Relembre o caso O advogado Júlio Zacarias Ferraz foi encontrado morto no dia 5 de fevereiro deste ano, 21 dias após ser dado como desaparecido. O corpo dele foi encontrado na localidade de Oliveira dos Campinhos, em Santo Amaro, município no Recôncavo da Bahia, sem roupas, com as mãos amarradas e com duas perfurações de tiros.

A Polícia Civil informou que o corpo do advogado estava no Instituto Médico Legal (IML) de Santo Amaro desde o dia seguinte ao desaparecimento, mas somente foi reconhecido dias depois, após ser localizado pela família. 

Júlio foi enterrado na cidade de Vitória da Conquista, no Sudoeste baiano, onde a família dele mora.