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Da Redação
Publicado em 15 de abril de 2020 às 15:37
- Atualizado há 2 anos
O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) anunciou, nesta quarta-feira (15), que pesquisadores brasileiros irão começar os testes em pacientes de um medicamento que, nos testes in vitro, demostrou ter 94% de eficácia em combater a infecção causada pelo novo coronavírus Sars-Cov-2.
Segundo a pasta, comandada pelo ex-astronauta Marcos Pontes, serão testados cerca de 500 pacientes em cinco hospitais militares no Rio de Janeiro, em um hospital em São Paulo e em um hospital em Brasília.
Para evitar uma corrida às farmácias, como ocorreu com a hidroxicloroquina, o nome do medicamento é mantido em sigilo. Segundo o MCTIC, se trata de um medicamento já conhecido e comercializado. Ele também tem baixo custo e é encontrado amplamente em todo o território nacional.
Ainda de acordo com a pasta, o medicamento não causa efeitos colaterais graves, ao contrário de outros remédios em estudo contra o novo coronavírus.“Esse é um momento especial. Caso os testes clínicos demonstrem a eficácia desse medicamento, nós teremos uma solução, desenvolvida no Brasil, para o tratamento da Covid-19”, destacou o ministro Marcos Pontes.“A ciência é a única arma que a gente tem para combater o vírus. A solução real dessa pandemia está na ciência”, completou ele, durante coletiva à imprensa.
A pesquisa Cientistas do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, interior de São Paulo, utilizaram um método conhecido como “acoplamento molecular” (ou molecular docking) para simular em computador a interação de moléculas de medicamentos com as proteínas do novo coronavírus.
"A seleção desse medicamento faz parte de uma estratégia chamada de reposicionamento de fármacos, adotada por uma força-tarefa formada por 40 cientistas do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), que integra o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização social do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).”, explicou o ministro na coletiva.
Mais de 2.000 medicamentos foram testados nesta simulação e seis remédios apresentaram resultados promissores, sendo que dois deles reduziram significativamente a replicação viral e, segundo os pesquisadores, tinham maior viabilidade comercial de serem usados no tratamento contra a covid-19.
Ainda de acordo com a Exame, os medicamentos então foram testados em laboratório, para analisar como as células tratamas com o medicamento se comporta na presença do vírus.
De acordo com o MCTIC, a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) deu autorização na terça-feira, 14, para o início dos testes clínicos do medicamento.
Ciência O ministro reforçou a importância da ciência brasileira e do esforço que vem sendo feito na busca de soluções para o enfrentamento da pandemia. Segundo ele, o MCTIC conta com 134 ações em execuções, com 51 delas já concluídas, e atua em três frentes principais no combate à covid-19: a busca por um medicamento; novos métodos de diagnósticos mais acessíveis e rápidos; e o desenvolvimento de vacinas.
“Se tudo isso funcionar, num futuro próximo vamos poder testar e tratar mais pessoas antes de elas procurarem o hospital. Com isso, vamos desafogar o sistema de saúde”, comentou Pontes.
Os dados gerados pelo CNPEM/MCTIC, fundamentais para subsidiar os testes clínicos do medicamento, foram compartilhados com a RedeVírus MCTIC, responsável por articular a continuidade do estudo com pessoas infectadas pelo coronavírus.
A rede também compartilhará este conhecimento com outros países que compõem a cooperação internacional, incluindo a Unesco que lidera uma frente global com ministros de C&T e I e com os países do BRICS.
"Temos boas perspectivas que os resultados dessa pesquisa possam ser positivos e assim poderemos ajudar não só o Brasil, como outros países no combate à covid-19", completou ontes. Com informações do MCTIC e revista Exame.