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Estátua da Mãe Stella de Oxóssi é incendiada em Salvador

Ato de vandalismo aconteceu na madrugada deste domingo (04)

  • D
  • Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2022 às 10:07

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Reprodução / FGM

A estátua da Mãe Stella de Oxóssi, obra de arte composta por esculturas do orixá Oxóssi e de Mãe Stella, uma das principais ialorixás do país, que faleceu em 2018, foi incendiada durante madrugada deste domingo (04). Pessoas que passavam pela Avenida Mãe Stella de Oxóssi, via que liga a Av. Paralela à orla do bairro de Stella Maris e onde a obra está localizada, viram o monumento em chamas.  Um boletim de ocorrência foi registrado pela Fundação Gregório de Mattos (FGM) na 12ª Delegacia, em Itapuã. O órgão, vinculado à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), também solicitou à Companhia de Desenvolvimento Urbano de Salvador (Desal) a retirada da peça danificada para recuperação. A remoção acontecerá somente após perícia. 

Para candomblecistas, o ato de vandalismo é resultado de intolerância religiosa. Mãe Sinha, equede do Terreiro Casa Branca, ressalta que ameaças contra símbolos religiosos do candomblé não são recentes. Em 2019, a escultura de Mãe Stella e Oxóssi também foi alvo de vandalismo. A obra foi pichada e teve uma placa arrancada. 

“Não é a primeira vez que acontece com nossos símbolos religiosos, nossas casas religiosas. Mesmo que fosse a primeira vez, já está na hora de dar um basta nisso. Estamos temendo todos os dias, acordando preocupados. Intolerância é ignorância, desrespeito, falta de amor. Precisamos educar mais nossos filhos para que não continue a acontecer”, lamenta. Segundo Mãe Sinha, a comunidade já está se organizando para registrar boletim de ocorrência.  Monumento inaugurado em 2019 fica próximo ao Aeroporto de Salvador Foto: Reprodução / Leitor CORREIO A prefeitura de Salvador comunicou que acompanhará as investigações do caso pelas autoridades policiais e aumentou a situação. “A administração municipal lamenta profundamente mais este atentado contra o patrimônio público, em uma das últimas peças produzidas pelo artista plástico Tatti Moreno (1944-2022) para a cidade”, diz.  A Polícia Civil informou que a unidade policial vai tentar identificar testemunhas que possam passar mais informações sobre a ação, bem como identificar e localizar a autoria do fato, que se enquadra em ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo. O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia informou que não foi acionado para a ocorrência. A Polícia Militar da Bahia (PM-BA) foi acionada na manhã deste domingo (4), mas os órgãos de proteção ao patrimônio histórico já se encontravam no local e adotaram as medidas cabíveis. Relação entre Mãe Stella e Oxóssi Aos mais próximos, Mãe Stella dizia que só poderia ser feliz se estivesse perto do orixá Oxóssi, a quem, segundo o povo de santo, pertencia sua cabeça. No monumento em sua homenagem, ela aparece sentada em um trono, com aspecto sereno, sob os olhares  e cuidados de Oxóssi, o orixá da caça. A obra completa tem 8,5 metros de altura, incluindo uma base de concreto de dois metros. A estátua de Mãe Stella tem tamanho real e, somada ao trono onde está sentada, chega a mais dois metros de altura. Já Oxóssi, que também está em cima da base, tem 6,5 metros. O monumento é produção de Tatti Moreno, também escultor das estátuas de Jorge Amado e Zélia Gattai e de Iemanjá no largo de Cira, no bairro do Rio Vermelho. Um ano após seus filhos de santo a verem partir para o plano espiritual, aos 93 anos, Mãe Stella de Oxóssi voltou a ser celebrada em dezembro de 2019, com a inauguração de um memorial que leva o seu nome, localizado no alto de um morro em Vera Cruz, na Ilha de Itaparica.

Da celebração fazem parte o lançamento dos livros Ofún e Ejonile (ambos pela editora Autorale), incluídos na coleção Odù Àdájo, escritos por Mãe Stella e sua filha de santo Graziela Domini Peixoto, 57, também companheira da ialorixá por 25 anos – 14 deles morando na mesma casa –, até Mãe Stella deixar o plano terreno, em 27 de dezembro de 2018.*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo