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Gil Santos
Publicado em 2 de outubro de 2018 às 10:00
- Atualizado há 2 anos
Aproximadamente por volta das 13h30 de sábado, o gerente de vendas Wagner Aguiar, 34, entrou em um restaurante no Centro de Feira de Santana para comprar o almoço. Ele deixou a loja com funcionários e voltaria em minutos, mas, antes de chegar ao caixa, ouviu vozes alteradas.
“Foi bem tenso. Havia um homem dentro do restaurante quando outro chegou e eles começaram a discutir. Um deles estava cobrando do outro uma dívida. Ele disse: ‘Pensou que eu ia ficar preso muito tempo. Eu já saí e quero meu dinheiro’. Ficou todo mundo tenso porque a gente não sabia se ele era um dos presos que saíram do presídio nessa leva”.
A tensão relatada por Wagner foi narrada por outros moradores ouvidos pelo CORREO. A liberação dos presos do Conjunto Penal está mexendo com a rotina da cidade. O administrador Roberto Rivelino Matos, 47, mora no bairro Sim e contou que os vizinhos estão temerosos.“A situação já não estava muito boa, ainda mais agora. Sair à noite já está quase impossível. Essa decisão da Justiça foi absurda, a gente pedindo por segurança e eles fazem isso”, queixou-se Roberto.A auxiliar de secretariado Célia Aguiar, 56, mora no 35BI, próximo da unidade prisional: “A polícia de Feira não fica na rua e tudo está igual depois da decisão. Estamos todos assustados e evitando sair, principalmente à noite e no início da manhã”.
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Os moradores da Santa Mônica, região nobre da cidade, também reclamaram da insegurança. A empresária Sandra Borges, 50, disse que são frequentes os casos de pais assaltados quando vão deixar os filhos na escola, na rua onde ela mora. “Essa decisão da Justiça é absurda porque, por mais que esses presos tenham cumprido já parte da pena, eles ainda são perigosos”, afirmou. Mais liberações estão previstas para esta terça-feira (2).
Apesar do relato dos moradores, a advogada criminalista Karla Sena, representante de oito dos presos, disse que concorda com a decisão do juiz e não acredita que a soltura tenha causado pânico.“Dos que represento, seis já saíram e já nem se encontram mais em Feira de Santana. Eu não acho a decisão absurda, porque a situação no presídio estava crítica e essa é a oportunidade dessas pessoas serem ressocializadas”, disse a advogada.