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Hagamenon Brito
Publicado em 16 de setembro de 2019 às 06:20
- Atualizado há 2 anos
Depois de causar impacto com muita originalidade no gênero terror com Hereditário (2018), o roteirista e diretor americano Ari Aster, 33 anos, confirma o seu talento com o ótimo O Mal Não Espera a Noite - Midsommar, que estreia quinta (19) nos cinemas brasileiros. Dani (Florence Pugh) em um momento de desespero em O Mal Não Espera a Noite - Midsommar, que estreia quinta-feira em Salvador (Foto/Divulgação) Entre o medo real e o absurdo, e com cenas realmente chocantes (a classificação é para maiores de 18 anos), Midsommar conta a história de quatro amigos americanos, Dani (a boa Florence Pugh), Christian (Jack Reynor), Josh (William Jackson Harper) e Mark (William Poulter), convidados por Pelle (Vilhelm Blomgren), um estudante sueco, para visitarem a ancestral comuna de Hårga, em Hälsingland.>
Antes mesmo de sermos introduzidos à bonita vila de Hårga, aparentemente pacata e amigável, onde as pessoas vivem livremente sem compromissos, são irmãs e a vida é contada não em anos, mas em estações, vários indícios trágicos sinalizam que a viagem pode vir a não ser tranquila.>
O sentimento de mal-estar e pavor psicológico instala-se logo nos primeiros minutos do filme quando Dani, prestes a um ataque de pânico provocado por um e-mail estranho de sua irmã, descobre que esta matou os pais e suicidou-se. >
Ela chora incessantemente, berra, esperneia. Consegue fazer com que o espectador partilhe a sua dor, não só neste momento como ao longo de todo o longa-metragem que tem 2h18 de duração.>
Enquanto isto acontece, o seu namorado Christian está num bar com três amigos a falar sobre uma viagem à Suécia para celebrar o Midsommar (a festa sueca do solstício de Verão) e as moças que vão “engravidar” por lá.>
Subvertendo o clichê de filmes de terror de que o mal prefere a noite para atacar, em Midsommar tudo acontece à luz do dia, com muita luminosidade e campos verdes e vastos, com a trama concentrando-se em Dani.>
Vemos ela a tentar lidar com o trauma de ter perdido a irmã e os pais, a chorar em banheiros, no voo para a Suécia, a ter uma crise de pânico depois de ter tomado drogas alucinógenas oferecidas por um dos habitantes da vila.>
Entre desaparecimentos, atos de celebração, tentativas de sedução através de poções do amor e a coroação de Dani como a Rainha de Maio, o filme culmina com um ritual bizarro e para estômagos fortes, mas que não constitui nenhum choque. Afinal, toda a história é preparada meticulosamente para aquele momento. O jovem e talentoso diretor americano Ari Aster no set de Midsommar (Foto/Divulgação) Todas as referências, peças de decoração, pinturas escandinavas que vão aparecendo pelos espaços, acabam por fazer sentido. Aster é rigoroso nos detalhes, e o fim do filme é mesmo um ciclo que se fecha. >
Não espere por sustos e clichês do gênero. O medo no perturbador Midsommar, que não é um filme para paladar mediano, lida com o real e tem muito a ver com sentimentos humanos de perda e luto.>
Veja o trailer do filme>
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OUTROS NORDESTES>
1. Romero Ferro (Ferro) - Um dos talentos da nova geração made in Pernambuco, Romero Ferro chega mais solto, confiante e melhor produzido ao segundo e dançante álbum, Ferro, que tem participações especiais dos conterrâneos Otto (Quando Ele Perguntar Por Mim) e Duda Beat (Corpo em Brasa), e da cantora trans Mel (Banda Uó) e do rapper gay baiano Hiran na faixa Tolerância Zero. A estética brega wave de Romero Ferro tem naturalmente um pé nos anos 1980 e referências que vão do tecnopop e reggaeton à axé music (a gostosa Love por Você foi inspirada numa estadia do cantor em Salvador, numa Festa de Iemanjá) e ao bolero, passando por David Bowie, Depeche Mode, Reginaldo Rossi, Ritchie e Zezé Di Camargo & Luciano. 2. Héloa (Opará) - Uma das revelações musicais do país em 2016 com seu primeiro álbum (Eu), que refletia de forma pop/MPB a vivência entre Aracaju e a nova moradia em São Paulo, a bela sergipana Héloa se volta para as suas raízes culturais e religiosas no 2º álbum: Opará (YB Music). Ao mergulhar no imaginário do rio São Francisco, no sertão e nas matrizes africanas e indígenas, a cantora pode até causar uma estranheza inicial nos seus fãs mais pop, mas logo o encanto retorna. Cheio de sutilezas e também ritmicamente dialogando com países da África, Opará tem participações de Seu Mateus Aleluia, Fabiana Cozza, Mestrinho, de indígenas da aldeia Kariri-Xocó e das Mulheres Livres. Héloa faz show no Commons Bar, em Salvador, dia 15/11.>
Veja os videoclipes de Corpo em Brasa (feat Duda Beat), de Romero Ferro, e Agô, de Héloa>