Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 17 de agosto de 2022 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Todas as empresas, independente do setor e do porte, podem aderir às práticas ESG, sigla em inglês que significa, em tradução livre, governança ambiental, social e corporativa. A governança corporativa ligada às práticas ESG já é adotada por empresas de todo o mundo e contribui para o desempenho sustentável das organizações. A prática, que pode ser exemplificada, entre outras medidas, por ações como a contratação de minorias e práticas ambientalmente sustentáveis, amplia a competitividade empresarial, dando retorno aos acionistas, mas ouvindo todos que estão ligados à empresa.
Esses foram assuntos tratados no encontro Deveres e Responsabilidades dos Administradores em um Mundo ESG, que aconteceu nesta terça-feira (16), na Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). Os palestrantes foram Antonio Carlos Júnior, presidente do conselho de administração da Rede Bahia; Pedro Melo, diretor-geral do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC); Richard Blanchet, sócio do escritório Blanchet Advogados; e Sandra Guerra, sócia-fundadora da Better Governance. A mediação foi feita por Albérico Mascarenhas, diretor-executivo do grupo Aliança e coordenador-geral do Núcleo Bahia do IBGC.
No encontro, os palestrantes ressaltaram que as empresas precisam trabalhar conectadas com a agenda ambiental, social e de governança. “ESG é a indicação de solidez, custos mais baixos, melhor reputação e maior resiliência em meio às incertezas e vulnerabilidades”, disse Richard Blanchet.
Segundo ele, as práticas ESG cabem em qualquer tipo de empresa e organização. Mesmo que o empresário diga que não lida com questões ambientais, o uso energia elétrica, da água e a forma de descarte lixo contam como agenda ambiental.
A pauta social também está em qualquer instituição, seja na segurança do trabalho, nobem-estar do funcionário ou na flexibilidade de horário uma mãe, por exemplo. Já a governança é a forma como as empresas são geridas, que pode ser de forma mais mais humanizada e transparente.
Blanchet exemplifica com algumas práticas do ESG que já fazem parte do escritório de advocacia. “A gente já procura ter grupos minorizados e prestamos trabalho voluntá rio. Todo mundo pode achar alguma coisa de contribuição”, citou.
Na Rede Bahia, destacou Antonio Carlos Júnior, as práticas de governança já estão bem desenvolvidas e o objetivo agora é ampliar a parte social e ambiental. “Se você observar a redação, tanto no CORREIO como na TV Bahia, e também nas outras emissoras do interior, vai ver que temos muitos negros, mulheres e pessoas da comunidade LGBTQIA+. É uma diversidade bem grande e é uma prática que vai se acentuar”, afirmou.
O presidente do conselho administrativo da Rede Bahia pontuou, também, que as práticas ESG fortalecem o valor do negócio. “É claro que a questão econômica é forte e sustenta tudo isso, mas a governança, a preocupação social e ambiental fortalecem e aumentam o valor do negócio. Já estamos conversando dentro do conselho sobre formas de atuar mais na vertente ESG, inclusive alinhados com a própria Globo”, completou.
Metas sociais Sócia-fundadora da Better Governance, Sandra Guerra explica que a boa governança se dá através de práticas como transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. A empresa presta consultoria especializada em governança corporativa (GC), dando suporte à adoção de melhores práticas de GC em empresas de capital aberto (listada em bolsa), fechado ou organizações sem fins lucrativos.
“Eu noto uma tendência crescente de adoção das práticas ESG pelo Brasil, em muitos casos direcionadas pelos incentivos dos investidores. Hoje, os investidores buscam empresas que adotam essas práticas, por entender que essas empresas se tornam mais resilientes com o tempo e geram mais valor também. Então, há uma crescente adoção e, inicialmente, uma crescente conscientização sobre isso, para depois a adoção das boas práticas”, relatou Sandra.
Na Bahia, o coordenador- geral do IBGC, Albérico Mascarenhas, também já tem notado o aumento das práticas ESG pelas empresas. “Esse é um movimento mundial, não tem como a empresa ficar para trás, quem ficou para trás está correndo para corrigir. Não tem outro caminho, você vai ter que chegar lá. E a gente tá vendo a evolução, pequena, mas as coisas vão evoluindo. Acredito que a presença do IBGC na Bahia vai ajudar nesse quesito”. O IBGC é uma organização sem fins lucrativos, referência nacional e internacional em governança corporativa.
De acordo com Mascarenhas, a sociedade exige cada vez mais uma postura ética e responsável das empresas. Para ele, as metas sociais são as mais complexas. “Sua empresa não pode ignorar o que acontece na sociedade, ela tem que participar, isso é exigido cada vez mais, inclusive pelos clientes. As pessoas querem comprar produtos de empresas que saibam que são sustentáveis socialmente, por exemplo”, refletiu.
O IBGC
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) contribui para o desempenho sustentável das organizações por meio da geração e disseminação de conhecimento das melhores práticas em governança corporativa. “Nós somos uma entidade que estuda e faz uma reflexão sobre o assunto governança, educando e influenciando as empresas. Capturamos o conhecimento através de um voluntariado e educamos através dos nossos cursos e eventos”, explicou Pedro Melo, diretor-geral do IBGC.
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo