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Empresas assumem compromissos estratégicos para reduzir emissões

Competitivos e sustentáveis: confira algumas inciativas corporativas que contribuem para a resiliência climática

  • Foto do(a) author(a) Priscila Natividade
  • Priscila Natividade

Publicado em 29 de agosto de 2019 às 06:00

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Agência Brasil

Seja diante do prejuízo que as inundações podem causar na logística ou no comprometimento das operações por falta de água, fato é que as empresas têm se preocupado em desenvolver estratégias que possam mitigar suas emissões. Paralelo a isso, o consumidor mais exigente com relação ao ciclo de produção, além de investidores atentos às boas práticas são outros motivos que acabam estimulando a participação voluntária do setor privado em iniciativas sustentáveis. 

Durante a Semana do Clima da América Latina e Caribe (Climate Week), o setor empresarial enviou ao governo brasileiro um documento em defesa da criação de mecanismos de negociação de carbono como medida para a redução do efeito estufa. 

Encaminhado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), o texto reivindica  regras claras e que não criem custos para a redução de emissões. “Não há bons negócios sem sustentabilidade e o CEBDS tem papel fundamental nesta agenda da nação”, afirma um dos conselheiros líderes da entidade, Rogério Zampronha.    

A participação voluntária do setor privado faz parte de um acordo muito maior. Durante a 21ª Conferência das Partes (COP21), da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), que aconteceu há quatro anos em Paris, 195 países aprovaram o documento, se comprometendo a manter o aquecimento global abaixo dos 2°C com a diminuição da poluição.

“O tempo está acabando e é preciso agir de imediato. O financiamento do setor privado pode ajudar a atingir o acordo de Paris até 2050”, defende Paola Del Rio Villegas, co-presidente do International Carbon Reduction and Offset Alliance (ICROA). 

A pesquisadora e gerente de projetos na WayCarbon, Melina Amioni, concorda: “As empresas podem assumir um papel de protagonismo em ações de adaptação e serem grandes financiadoras da resiliência climática”, acrescenta. E elas estão mesmo se mobilizando. Confira, a seguir, algumas iniciativas de empresas que participaram da Semana do Clima:  

ENERGIA RENOVADA NA CADEIA DE VALOR 'O objetivo é que 100% da eletricidade venha de fontes renováveis', afirma Leonardo Coelho, da Ambev (Foto: Divulgação) Ambev No inicio do ano, a Ambev estabeleceu suas metas de curto, médio e longo prazo dentro da sua política de ações sustentáveis. “O objetivo é que 100% da eletricidade comprada por nós deve vir de fontes renováveis. Além disso, vamos reduzir em 25% as emissões de carbono em toda a nossa cadeia de valor. Tudo isso até 2025”, assegura o diretor de Sustentabilidade e Suprimentos da Cervejaria Ambev, Leonardo Coelho. A Ambev conseguiu alcançar uma redução de quase 49% na emissão de gases de efeito estufa em entre 2013 e 2017. Essa redução de toneladas de CO2 liberadas equivale à absorção média de 22 milhões de árvores, ou de 12,5 mil campos de futebol por ano de redução. “Em maio deste ano iniciamos a  construção de 31 plantas solares em todo o Brasil. Elas vão produzir energia suficiente para abastecer todos os 94 centros de distribuição direta (CDD) que temos no país”, completa. 

OPORTUNIDADES 'A transição para uma economia de baixo carbono traz inúmeras oportunidades', aponta Luciana Nicola, do Itaú (Foto: Divulgação) Itaú O compromisso com o clima também integra as ações de sustentabilidade do banco. De acordo com a superintendente de Sustentabilidade, Relações Institucionais e Negócios Inclusivos do Itaú, Luciana Nicola, para  as emissões diretas, a meta é reduzir 28% das emissões por R$ 1 milhão de produtos bancários até 2021 e para as emissões indiretas, 29%.  Hoje,  93% dos das agências contam com energia proveniente de fontes renováveis. “Os riscos climáticos podem impactar as análises dos riscos de crédito, operacional, de reputação e de mercado das instituições financeiras. O banco entende que a transição para uma economia de baixo carbono traz inúmeras oportunidades”, analisa. 

CARBONO ZERO 'O projeto de crédito de carbono já emitiu cerca de 8 milhões de tCO2 equivalentes (CER), analisa Diego Nicoletti, do Grupo Solví (Foto: Divulgação) Solví Todas as emissões de carbono geradas pela Semana do Clima da América Latina e Caribe (Climate Week) serão compensadas com o plantio de 470 mudas de árvore e transformação de resíduos em biogás.  O Grupo Solví vai garantir a neutralização de 100% do CO2 por meio de créditos gerados com o tratamento do biogás do aterro metropolitano. A compensação acontece no próximo mês. “O projeto de crédito de carbono ao longo de sua operação já emitiu cerca de 8 milhões de tCO2 equivalentes (CER)”, afirma o Diretor Técnico, Diego Nicoletti. Salvador é a primeira cidade no mundo a conseguir o registro pela ONU para a emissão de crédito de carbono com engenharia em aterros sanitários. 

A ESTRATÉGIA É INOVAR 'Até 2030 queremos ser a empresa mais eficiente do nosso setor', afirma Jorge Soto, da Braskem (Foto: Divulgação) Braskem "Uma sociedade carbono neutra somente será possível com transformação radical dos padrões de produção e consumo”, é o que defende o diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem, Jorge Soto. “A empresa aponta que os investimentos em inovação é um dos principais pontos para o sucesso dessa transição”. "Nossa estratégia de negócios da química renovável é um movimento claro nesse sentido. Com esses processos, produtos passam de emissores de gases efeito estufa a sequestradores desses gases”, afirma. No final de 2018, a Braskem reduziu mais de 20% das suas emissões em relação a 2008. “Até 2030 queremos ser a empresa mais eficiente em termos de emissões do nosso setor”, diz.  

ATITUDES SIMPLES 'O ponto é saber o que emite e adotar atitudes simples', defende Luis Henrique Capanema, da MRV (Foto: Marcus Desimoni/ Divulgação) MRV A construtora é a primeira da América Latina a instalar energia solar fotovoltaica em larga escala para o segmento de imóveis econômicos. Até 2022 todos os empreendimentos serão lançados com energia solar fotovoltaica. Este é só um dos compromissos assumidos pela MRV dentro do seu plano de sustentabilidade. Durante a Semana do Clima, que aconteceu em Salvador, a MRV apresentou também suas ações até 2030. “O primeiro ponto é  saber o que emite e a partir daí adotar atitudes positivas. Desta forma as ações começam a surgir”, destaca o diretor de Relações Institucionais e Sustentabilidade da MRV, Luis Henrique Capanema.