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Da Redação
Publicado em 16 de março de 2023 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Atire a primeira pedra quem nunca ficou insatisfeito com um serviço prestado por uma empresa, seja ela pública ou privada. Quando a relação entre consumidor e prestador é tensionada, uma das soluções é buscar a Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor da Bahia (Procon-BA), que divulgou o ranking de empresas que mais receberam queixas no ano passado, nesta terça-feira (15). Houve um aumento de 26% no número de reclamações em comparação com 2021 e a Embasa manteve a liderança pelo sexto ano consecutivo. >
Já é de praxe que a divulgação do Cadastro de Reclamações Fundamentadas seja feita no Dia Mundial do Consumidor, celebrado ontem (15). Dessa vez, o evento ocorreu na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), na Piedade. As empresas de água e esgoto, energia, telefonia e do varejo registraram as maiores queixas dos clientes. Foram 37.718 reclamações em 2022, contra 29.811 do ano anterior. >
Um dos objetivos da lista é garantir que os consumidores estejam munidos de informações quando for contratar um serviço. Mas nem sempre é possível ter poder de escolha. A empresa responsável pelo fornecimento de água potável na Bahia, Embasa, recebeu 318 reclamações, sendo que os problemas só foram resolvidos em 65 das situações. A taxa de resolutividade é de 20% e a empresa figura como líder do ranking desde 2017. As 15 empresas que mais receberam reclamações em 2022 (Foto: Reprodução) “A composição do cadastro se dá pelas reclamações cuja complexidade ou ausência de resolução no atendimento exige a instauração de um processo administrativo ou mobilização de uma audiência de conciliação”, explica Adriana Menezes, diretora de atendimento de orientação ao consumidor do Procon-BA. Entram na lista apenas 11% dos atendimentos que não foram resolvidos diretamente com a empresa. >
A Neoenergia Coelba aparece em segundo lugar na lista, com 172 reclamações cadastradas e 35 atendidas. No cadastro do ano passado, em que foram analisadas as reclamações de 2021, a empresa aparecia no 13º lugar.>
Leia mais: Moradores se queixam de falta de energia e Coelba culpa furtos de cabos>
Quanto mais clientes atendidos, mais queixas as prestadoras de serviços terão, segundo Tiago Venâncio, superintendente do Procon-Ba. Para ele, isso explica porque as fornecedoras de água e energia sempre participam da lista. “Os serviços essenciais vêm liderando o ranking das empresas mais reclamadas porque são as mais demandadas. Naturalmente, os problemas são maiores”, defende. Além dos serviços essenciais, três empresas de telefonia (Oi, Claro e TIM) também contabilizam reclamações, com 160, 118 e 114, respectivamente. As lojas de varejo Casas Bahia (119) e Magazine Luiza S/A (95) aparecem entre as dez primeiras do ranking. >
Justiça O não cumprimento de um contrato fez o consultor de recursos humanos Hebert Formiga buscar o Procon e a Justiça contra a Oi, empresa que atualmente está em processo de recuperação judicial e acumula dívidas de R$43 bilhões. Depois de um mês e o contrato já assinado, a empresa alegou que não tinha cabeamento para a instalação da internet.“Quando abri o processo administrativo no Procon, a Oi me deu um prazo de seis meses para realizar o serviço, sendo que eles informaram que fariam em 15 dias”, conta.Essa foi a gota d’água para que Hebert entrasse na juizado especial. “O processo tinha dado R$5 mil de causa, mas na audiência de conciliação, ficou decidido o valor de R$900 e R$700 em desconto em outras faturas”, afirma. Após mais de três anos, o consultor ainda não recebeu o valor estabelecido. >
O cliente deve procurar a Justiça quando já buscou soluções administrativas junto à empresa ou Procon, como explica o advogado Ivan Pires, que atua na área do Direito do Consumidor. “É importante que haja a comprovação dos danos em relação e ficar atento aos prazos estabelecidos pelo Código de Defesa do Consumidor”, indica o advogado. O prazo para que o cliente reclame de um problema é de 30 dias para produtos ou serviços não duráveis e 90 para duráveis.>
Para evitar problemas futuros com empresas, além de estar atento ao ranking divulgado pelo Procon, é importante tomar alguns cuidados. “Ler os contratos, não acreditar apenas no que é dito e publicizado. Importante também buscar um profissional técnico jurídico para defender seus direitos”, indica o advogado Vinícius Barros. >
Mutirão de Negociação de Dívidas segue até sexta-feira (17) em Salvador>
Quem está em débito e deseja colocar as contas em dia, pode aproveitar o Mutirão de Negociação de Dívidas, que acontece até a sexta-feira (17), na sede Central do Procon-BA, na Rua Carlos Gomes. O atendimento acontece por ordem de chegada, das 8h30 às 16h. >
A iniciativa faz parte da celebração da “Semana do Consumidor” do Procon-BA, órgão vinculado à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia (SJDH). O mutirão viabiliza a renegociação de dívidas com cartões de crédito, água, energia, empréstimo consignado e outras modalidades de crédito com bancos e instituições financeiras. >
Ao analisar o perfil das pessoas que buscam renegociação, Adriana Menezes, diretora de atendimento de orientação ao consumidor do Procon-BA, revela que a cada ano os consumidores aparecem com mais dívidas.>
“Percebemos ao longo desta semana que os consumidores não possuem apenas uma empresa credora, são mais de duas ou três, chegando até cinco”, diz. Em outubro, o CORREIO noticiou que 43% das famílias soteropolitanas estavam endividadas - o que é consequência especialmente da inflação. >
Em um país em que as pessoas se endividam cada vez mais por necessidade, é preciso ter um olhar atento aos consumidores “hipervulneráveis”. “São aqueles que em razão de alguma condição especial ficam mais vulneráveis a práticas de consumo e campanhas de publicidade, como idosos e pessoas analfabetas”, explica o advogado Ivan Pires.>
*Com orientação da subeditora Fernanda Varela. >