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Em post antigo, dono de pousada em Brumadinho alertou para 'cenário horrendo'

"Estão acabando com tudo em volta", escreveu Mascarenhas há um ano. Ele está desaparecido

  • D
  • Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2019 às 15:58

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Reprodução

(Foto: Reprodução) Dono da pousada Nova Estância, em Brumadinho, Mascarenhas está entre os desaparecidos desde o rompimento da barragem na cidade mineira - até agora são 65 mortos e há 288 pessoas que não foram localizadas. A pousada fica bem próxima ao local do acidente e a esposa de Márcio, Cleosane Coelho Mascarenhas, a Cleo, morreu na tragédia - o corpo foi sepultado hoje. O filho do casal também está desaparecido.

No ano passado, Márcio publicou um texto no Facebook em que faz um desabafo sobre as mudanças que a região estava sofrendo por conta da mineração. "Estão acabando com tudo em volta. Onde antes era uma mata atlântica cheia de nascentes, hoje está virando um deserto empoeirado e sem vida. O que é mais importante, o dinheiro ou, as pessoas que morrem de doenças pulmonares respirando esse pó poluído com minerais pesados e bebendo água misturada com esse mesmo veneno? Lençóis freáticos entupidos. Pulmões entupidos e o turismo ecológico que antes era fonte de riquezaspara a região, se transformando em deserto poeirento e desabitado. Cenário horrendo de um futuro que começou a décadas atrás. Será que ainda há esperança?", questionou o empresário.

A publicação foi lembrada por amigos de Márcio depois da tragédia. No post, Márcio conversou que seguidores sobre o assunto. "Tem muito tempo que começaram. Agora piorou. Intensificou com maquinário moderno e mais eficaz", falou, em resposta a um questionamento sobre a atividade no local. Uma sobrinha comenta no texto: "Nossa tio Marcinho, que apocalítico você está". Márcio responde: "Nada de apocalítico. Está é uma situação que está acontecendo e não vejo como parar".

Outra familiar escreve que "as pessoas só vão dar importância para a natureza, quando o mundo entrar em colapso!". Márcio concorda. "Isso mesmo. Como já tô véi, não pretendo assistir esse fim".

Uma amiga voltou ao post no sábado e deixou um comentário. "Mal sabia ele que essa ganância ceifaria sua vida! Lamentável, que tristeza meu Deus, até quando?".

Pousada A pousada era uma das principais opções de hospedagem para quem ia conhecer Inhotim. Famosos ficavam no local - o cantor baiano Caetano Veloso fez um texto relembrando sua passagem por lá. “Lendo o livro [Maquinação do Mundo] de Zé Miguel [José Miguel Wisnik] sobre Drummond, pensei muitas vezes no fato de o que há de belo em Inhotim tardar a ser captado por minha sensibilidade, tal a sensação de desconforto humano, vegetal, animal e espiritual da região. A delicadeza das pessoas, o sabor das comidas, a graça da decoração (tudo tão mineiro) da pousada Nova Estância era igualmente contaminada pelo sentimento de desequilíbrio e feiura que a cercava. Já chorei algumas vezes hoje, incontrolavelmente, pensando nas pessoas que conheci lá”, comentou ele, em texto para o site Mídia Ninja, no qual é colunista, ao criticar o ambiente que cercava a paisagem bucólica. 

O cantor também citou o entorno "deprimente" da pousada. “Quando fui a Brumadinho em 2016 para cantar no Meca Festival, fiquei assustado com o que vi no caminho. O evento era em Inhotim, museu cujo prestígio conhecia de longe. O entorno, no entanto, era deprimente. Os veículos da mineradora com frequência soltavam fumaça preta e ultrapassavam o carro que nos transportava nas estradas não asfaltadas, lançando poeira ou lama. Tudo é muito feio ali. Talvez mineração seja uma atividade que atrai violência”, analisou o cantor.

Destruição Não há mais nada no lugar da pousada, a não ser lama e restos de árvores destruídas. Por causa do lamaçal, só foi possível chegar a cerca de mil metros do ponto onde ficava a sede da Nova Estância. O cenário de destruição contrasta com imagens do local anteriores à tragédia, disponíveis na internet. São fotos da piscina, do lago, das suítes, do restaurante, de lojas. O site da fazenda informa que havia 15 quartos, com ar condicionado. Também oferecia aos hóspedes assistência para excursões e ingressos. Era comum que hóspedes a usassem como base para visitar o museu de Inhotim. Nas imediações, a aparência é de cidade-fantasma. Mesmo casas que não foram atingidas pela lama estão vazias. Animais - cães, cavalos, galinhas - estão soltos. Funcionários da Cemig trabalhavam para restabelecer uma linha de transmissão de energia derrubada pela torrente de rejeitos.