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Em carta, jornalista da ABI condena ataques e ameaças a repórter do Correio

Jornalista Fabio Costa Pinto prestou solidariedade a Bruno Wendel

  • D
  • Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2021 às 20:42

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: .

Em carta enviada ao CORREIO, o jornalista Fabio Costa Pinto, sócio efetivo da Associação Brasileira de Imprensa –ABI, e membro do GT - Imprensa Brasil, pela democracia e dignidade relembrou e condenou as ameaças recebidas pelo repórter Bruno Wendel, do CORREIO, após publicação de reportagem envolvendo um policial militar suspeito de participar de extorsões e assassinatos. O soldado foi morto durante uma operação que mirava grupos de extermínio.    "Temos ciência de que o repórter Bruno recebeu quatro mensagens enviadas para seu celular, com insultos, chamando-o de vagabundo. Uma ligação telefônica com ameaça de morte: “O que começou com sangue não precisa terminar com sangue”. E uma manifestação assinada pela 59ª Companhia Independente de Polícia Militar (Vila de Abrantes), classificando as informações da matéria como inverídicas, mentirosas e sem credibilidade. Reivindicamos retratação por entendermos serem essas ações absurdas e desrespeitosas, na tentativa de intimidar o trabalho da Imprensa", escreve Fábio Costa Pinto.   O jornalista colocou a ainda colocou à disposição do repórter do CORREIO, o GT - Imprensa Brasil, coletivo independente de jornalistas, para atuação junto à SSP e destacou que outros casos de ameaça a jornalistas e ao livre exercício da profissão no Brasil e na Bahia.   "Diante das situações enfrentadas, nos colocamos à disposição para solicitar ao Secretário de Segurança Pública do Estado da Bahia – SSP/BA, apuração e proteção ao repórter, através de carta assinada pelo jornal, esta representação e o GT – Imprensa Brasil. Aproveito para informar que essa prática e muitas outras vêm acontecendo com vários profissionais da Imprensa, não só na Bahia, mas em todos os estados do nosso país. (Dados do relatório da comissão de direitos humanos da ABI).  A exemplo do ocorrido com a Jornalista Investigativa, Milmara Nogueira, especialista em segurança pública e estudiosa sobre organização criminosa na Bahia. A jornalista Milmara vem sofrendo perseguições e ameaças de morte. Nos últimos dois meses duas fake news foram divulgadas anunciando a sua morte, uma delas no dia do jornalista, (7 de abril). Entendemos como uma ameaça para toda a categoria. A situação da repórter já vem sendo acompanhada pelo GT, por esta representação na Bahia e por órgãos de segurança, da Secretaria de Segurança Pública, Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado - Draco e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais - Gaeco do Ministério Público. 

Relembre o caso

A reportagem que gerou os ataques foi publicada no dia 18 de maio. Ela tratava da suspeita de participação do soldado Joedson dos Santos Andrade, da Polícia Militar, em grupo de extermínio, extorsão e que agia em Vila de Abrantes, no município de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. O soldado, que foi morto a tiros durante uma incursão no dia 16 de maio, já havia sido preso em maio do ano passado no Operação Assepsia I, ação de uma Força-Tarefa que investiga os grupos de polícias suspeitos de crime de extermínio e extorsão, além de sequestros em Salvador e RMS. As informações eram da Corregedoria-geral da Secretaria de Segurança Pública (SSP), à frente da Força-Tarefa.

Após a publicação, Bruno Wendel recebeu ligações com afirmações, em resumo, "que uma situação que iniciou com sangue não precisa terminar com mais sangue". Além disso, recebeu mensagens o chamando de "vagabundo", foi instado a "se retratar" e foi alvo de uma manifestação de repúdio assinada em nome da 59ª Companhia Independente de Polícia Militar/Vila de Abrantes. A nota o chama de despreparado e tendencioso e diz que “as afirmações imputadas nas matérias de Bruno ao policial morto são totalmente inverídicas, mentirosas e descabidas (sic) de credibilidade".

O Jornal CORREIO ainda enviou um ofício ao Secretário de Segurança Pública do Estado da Bahia, Ricardo Cesar Mandarino, pedindo atenção ao caso. O repórter registrou Boletim de Ocorrência em uma delegacia especializada.

 Confira a íntegra da carta.   Nota de apoio ao repórter e ao Jornal Correio da Bahia.   Salvador,  31 de Maio de 2021.   O Jornalista Fabio Costa Pinto, sócio efetivo da Associação Brasileira de Imprensa –ABI, e membro do GT - Imprensa Brasil, pela democracia e dignidade, vem através desta nota declarar apoio ao repórter Bruno Wendel, do Jornal Correio da Bahia, e repudiar os ataques sofridos pelo jornalista. Colocamos-nos à disposição para encontrarmos soluções conjuntas e garantias do trabalho do profissional. Tomamos conhecimento que o jornalista Bruno Wendel, especialista em segurança pública, tem uma carreira ética e responsável, sendo pautado pela busca constante da verdade e apuração profunda dos fatos. O repórter vem sofrendo ataques e ameaças desde a veiculação, no dia 16/05/2021, sobre a suspeita de participação em extorsões e grupos de extermínio, do soldado da Polícia Militar Joedson dos Santos Andrade, preso na Operação Assepsia I. As ações eram cometidas em Vila de Abrantes, município de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.  Temos ciência de que o repórter Bruno recebeu quatro mensagens enviadas para seu celular, com insultos, chamando-o de vagabundo. Uma ligação telefônica com ameaça de morte: “O que começou com sangue não precisa terminar com sangue”. E uma manifestação assinada pela 59ª Companhia Independente de Polícia Militar (Vila de Abrantes), classificando as informações da matéria como inverídicas, mentirosas e sem credibilidade. Reivindicamos retratação por entendermos serem essas ações absurdas e desrespeitosas, na tentativa de intimidar o trabalho da Imprensa.  Diante das situações enfrentadas, nos colocamos à disposição para solicitar ao Secretário de Segurança Pública do Estado da Bahia – SSP/BA, apuração e proteção ao repórter, através de carta assinada pelo jornal, esta representação e o GT – Imprensa Brasil.

Aproveito para informar que essa prática e muitas outras vêm acontecendo com vários profissionais da Imprensa, não só na Bahia, mas em todos os estados do nosso país. (Dados do relatório da comissão de direitos humanos da ABI).  A exemplo do ocorrido com a Jornalista Investigativa, Milmara Nogueira, especialista em segurança pública e estudiosa sobre organização criminosa na Bahia. A jornalista Milmara vem sofrendo perseguições e ameaças de morte. Nos últimos dois meses duas fake news foram divulgadas anunciando a sua morte, uma delas no dia do jornalista, (7 de abril). Entendemos como uma ameaça para toda a categoria.  A situação da repórter já vem sendo acompanhada pelo GT, por esta representação na Bahia e por órgãos de segurança, da Secretaria de Segurança Pública, Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado - Draco e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais - Gaeco do Ministério Público.  Estamos também dando a nossa assistência e apoio ao radialista e jornalista Davi Alves, da rádio Alvorada FM, no município de Jeremoabo, na Bahia. Em setembro de 2020, o radialista Davi realizava matéria sobre o uso de material da administração municipal em obra particular, quando foi agredido física e verbalmente por funcionários e pelo Secretário de Infraestrutura do Município, João Batista Andrade, na gestão do então prefeito Derisvaldo dos Santos (PP). Protocolamos na tarde do dia 27/05/2021 Carta com reivindicações, nas comissões de Direitos Humanos e Segurança Pública, e na de Constituição e Justiça da Assembléia Legislativa do Estado – Alba. O documento enviado demonstra a preocupação e as reivindicações desta representação, na Bahia, para o acompanhamento enérgico e apuração minuciosa sobre as investigações dos episódios de tortura e morte dos jovens Bruno e Yan Barros, tio e sobrinho, no dia 26 de abril, entregues por seguranças do mercado Atakarejo a supostos traficantes. Bem como todo e qualquer ato que venha impedir e desrespeitar o trabalho da Imprensa baiana, na tentativa de atrapalhar o livre exercício da profissão. Certo de que estamos fazendo o nosso papel de defensores e pleno exercício da Constituição.  Cobramos um maior diálogo sobre todos esses temas relevantes com a sociedade civil e a Imprensa nos colocando à disposição para encontrarmos uma solução conjunta, num debate democrático e justo para todos. Cordial abraço, Fabio Costa Pinto. Sócio efetivo da Associação Brasileira de Imprensa - ABI. Jornalista