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'É lógico que o governo vai comprar vacina desenvolvida na China', diz Mourão a revista

Declaração do vice-presidente foi dada à Veja e contraria discurso de Jair Bolsonaro, que já disse que não vai adquirir a Coronavac

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  • Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2020 às 22:25

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Antonio Cruz/Agência Brasil

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) afirmou, em entrevista à revista Veja publicada nesta sexta-feira (30) que a polêmica em torno da vacina contra covid-19 desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantã é "briga política" com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Segundo Mourão, "é lógico que o governo federal vai comprar doses do imunizante". "Já colocamos os recursos no Butantã para produzir essa vacina. O governo não vai fugir disso aí."

A fala de Mourão à Veja difere do posicionamento de Bolsonaro sobre o assunto. Em diversas ocasiões, Bolsonaro já disse que não irá comprar a vacina. O presidente chegou a desautorizar um acordo feito pelo Ministério da Saúde de intenção de compra de 46 milhões de doses da Coronavac. Além disso, Bolsonaro vem tendo embates públicos com Doria sobre a obrigatoriedade da imunização. Doria defende a imunização compulsória no Estado. Já Bolsonaro diz que a vacinação contra covid-19 não será obrigatória. 

Ao explicar por que não se incomoda quando opiniões suas são rebatidas publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o vice-presidente sustentou que "tem vida", compartilhando na entrevista o que chamou de "momentos de liberdade": fazer alongamento e exercício de manhã, comer fora de casa e tomar uísque com sua esposa às sextas-feiras e, no sábado, jogar voleibol e "jogar conversa fora" no boteco. "Domingo saímos para almoçar ou vou à casa do meu filho para um churrasco", relatou.

Amazônia e eleições Presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, Mourão disse na entrevista que "não está tudo bem" na região, mas negou que o governo federal esteja de braços cruzados diante do desmatamento e de queimadas ou "passando a boiada", em referência à fala do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na reunião ministerial de 22 de abril, sobre medidas infralegais para afrouxar a legislação ambiental.

Ele defendeu que o governo federal não errou no enfrentamento das ilegalidades na Amazônia e citou reunião com embaixadores na qual disse ter argumentado que o Executivo "busca coibir que as ilegalidades avancem ou que elas extrapolem algo" que seria admissível. Mourão está organizando uma viagem à região com diplomatas, principalmente de países europeus, para sobrevoar algumas áreas, inclusive desmatadas.

Diante de especulações de que Bolsonaro teria vontade de lançar outro candidato a vice para tentar a reeleição em 2022, o general da reserva alegou não estar preocupado com a próxima disputa presidencial, mas admitiu que poderia tentar uma vaga no Senado.

Mourão se disse confortável para discordar do presidente, mas comentou que polêmicas ocorreram porque, na sua visão, ele falou algo sem saber a opinião de Bolsonaro sobre o assunto. "A partir do momento em que eu sei o que ele pensa, fico em silêncio, mesmo que discorde", afirmou à Veja.

Ainda na entrevista, o vice-presidente rejeitou a constatação de que há muitos militares no governo, estimando que eles somam cerca de 3 mil - "metade do que estão falando" -, defendeu o diálogo com o "governo de turno" dos Estados Unidos, independentemente se comandado por Donald Trump ou Joe Biden a partir do ano que vem, e apontou que qualquer empresa comprometida com "soberania, privacidade e economia" poderá disputar o leilão de 5G, sem excluir a participação da Huawei.

Por fim, Mourão deu o motivo de ser um dos poucos integrantes do primeiro escalão do governo federal a não contrair o novo coronavírus: "Máscara, álcool na mão, álcool para dentro."