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É falso que China não usará suas próprias vacinas

A China já usa suas próprias vacinas em grupos de profissionais em alto risco e há ao menos 13 imunizantes em desenvolvimento no país. Além disso, chineses aguardam os resultados da fase 3 da Coronavac que estão sendo realizados no Brasil pelo Instituto Butantan

  • D
  • Da Redação

Publicado em 21 de dezembro de 2020 às 13:54

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: .

Conteúdo verificado: post afirma que China comprou 1 bilhão de doses de vacinas da Austrália e que não usará vacinas de seu próprio país. É falso que a China tenha comprado um bilhão de vacinas contra a covid-19 em desenvolvimento na Austrália e não vá usar nenhum dos imunizantes produzidos por seus laboratórios e universidades. As afirmações foram feitas originalmente em uma postagem do Facebook que atingiu mais de 22 mil compartilhamentos desde o último dia 17 de dezembro. Nesta semana outras páginas e perfis replicaram as informações falsas.

Há ao menos 13 vacinas em desenvolvimento no país e o conteúdo verificado desconsidera que a China concedeu, desde novembro, autorização especial para que as vacinas da Sinovac e da Sinopharm – ambas desenvolvidas lá – sejam aplicadas na população do país considerada de alto risco, caso dos médicos e profissionais de saúde. Segundo a NPR, o processo se intensificou em novembro deste ano com a vacina da Sinopharm. Segundo a CNN, desde julho a Sinopharm está sendo aplicada em alguns trabalhadores de profissões de “alto risco” . A Sinovac teve toda sua fase 3 realizada no Brasil, devido a um acordo entre o governo chinês e o Instituto Butantan. Segundo o governo do estado de São Paulo, o país asiático aguarda os resultados dos testes de eficácia e segurança realizados aqui, assim como Chile, Turquia e Indonésia.

Na Austrália, uma parceria entre a empresa de biotecnologia CSL e a Universidade de Queensland, no norte do país, produziria milhões de doses da vacina. Porém, um efeito adverso nos testes freou o ensaio clínico e o governo australiano anunciou que irá reformular o plano de vacinação. A Austrália, então, encomendou mais doses da AstraZeneca, laboratório que desenvolve a vacina de Oxford e da Novovax, empresa de biotecnologia dos EUA.

Como verificamos?

Procuramos pela ferramenta de análise de redes Crowdtangle quando foram publicadas as primeiras postagens nas redes sociais – em português ou outros idiomas – com o boato. A primeira publicação é de 10 de dezembro no Facebook, de um paulistano, sem profissão identificada, chamado Diogo Oliveira Tão. Diogo não possui outras redes sociais públicas associadas ao seu perfil no Facebook.

Entramos em contato com Diogo e procuramos informações sobre as vacinas em produção na Austrália, a partir de reportagens locais e dos sites das empresas biofarmacêuticas envolvidas com imunizantes para covid-19.

Também buscamos na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) todas as vacinas contra o novo coronavírus que já estão em estágio de ensaio clínico. Procuramos os sites dessas companhias ou entidades listadas para saber quais delas eram chinesas e se tinham relações conhecidas com o governo chinês.

O Comprova fez esta verificação baseado em informações científicas e dados oficiais sobre o novo coronavírus e a covid-19 disponíveis no dia 17 de dezembro de 2020.

Verificação Vacinas produzidas pela China

Segundo o levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), atualizado no dia 17 de dezembro, há atualmente 56 vacinas candidatas em ensaio clínico (sendo testadas em humanos), enquanto 166 estão em estágio pré-clínico. Entre as vacinas que já estão em teste clínico, ao menos 13 foram desenvolvidas por companhias chinesas ou institutos de pesquisa da China.

Apenas uma das vacinas desenvolvidas por chineses tem acordo para distribuição no Brasil: a CoronaVac, da Sinovac Biotech. O acordo com o governo de São Paulo prevê a importação e produção de 60 milhões de doses, e a tecnologia será transferida para o Instituto Butantan, que começou a produzir a vacina no início deste mês. Até março, o estado pretende ter 9 milhões de doses da CoronaVac, entre importadas da China e produzidas aqui.

Além do Brasil, Indonésia, Turquia, Chile e a própria China pretendem usar a vacina. A China inclusive já concedeu autorização especial para que as vacinas da Sinovac e da Sinopharm – ambas desenvolvidas lá – sejam aplicadas na população do país considerada de alto risco, caso dos médicos e profissionais de saúde.

No entanto, não há relatos da Sinovac sendo usada na China. Segundo o governo do estado de São Paulo, em coletivas de imprensa recentes, a China aguarda os resultados da fase 3 de testes, feitos exclusivamente no Brasil, para iniciar autorizações. Também segundo o governo paulista, o envio desses dados será feito no próximo dia 23.

A China realizou as fases 1 e 2 dos testes da coronavac. Parte do acordo entre Instituto Butantan e a Sinovac Biotech incluiu que, uma vez que a fase 3 foi feita pelo governo de São Paulo, o preço pago por dose da vacina foi substancialmente abaixo em relação ao mercado internacional.

[CORREÇÃO: Em 21 de dezembro de 2020, esse texto foi atualizado para corrigir a informação a respeito de onde são realizados os testes da fase 3 da Coronavac. Ao contrário do informado na versão original, que afirmava que os testes eram feitos apenas no Brasil, eles estão sendo realizados também no Chile, na Indonésia e na Turquia.]

Vacinas da Austrália

Uma das vacinas em fase de teste na Austrália foi desenvolvida pela empresa Commonwealth Serum Laboratories (CSL) em parceria com a Universidade de Queensland. O ensaio clínico envolvendo participantes começou em julho deste ano. Em setembro, o governo fez um acordo inicial para a produção da vacina quando estivesse pronta. No entanto, segundo a CSL, os anticorpos gerados pela vacina interferiram em resultados de exames.

Em nota, o laboratório afirmou que não houve nenhuma reação adversa mais grave nos 216 participantes. Entretanto, os dados mostraram a geração de anticorpos direcionados a uma proteína da vacina e o sistema imunológico respondeu esses anticorpos alterando resultados como se fossem “falsos positivos”. Em conversa com o governo australiano, o laboratório decidiu suspender os testes.

Autor da postagem

Entramos em contato com o autor do post, ele alegou engano, no entanto, não deletou o conteúdo. Também não encontramos outras redes sociais do autor.

Por que investigamos?

Em sua terceira fase, o Comprova investiga conteúdos duvidosos relacionados às políticas públicas do governo federal e à pandemia do novo Coronavírus. Conteúdos falsos prejudicam o trabalho dos pesquisadores e diminuem a confiança das pessoas nas autoridades. A postagem no Facebook teve 13 mil compartilhamentos em menos de uma semana e surgiram novas postagens com o mesmo conteúdo falso durante o crescimento da viralização.

O Comprova já checou uma postagem que insinuava que a China não usará a própria vacina.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

*Esta checagem foi postada originalmente pelo Projeto Comprova, uma coalizão formada por 28 veículos de mídia, incluindo o CORREIO, a fim de identificar e enfraquecer as sofisticadas técnicas de manipulação e disseminação de conteúdo enganoso que surgem em sites, aplicativos de mensagens e redes sociais. Esta investigação foi conduzida por jornalistas do Estadão e Rádio Noroeste, e validada, através do processo de crosscheck, por quatro veículos: UOL, O Povo, Jornal do Commércio e NSC.