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Do Estúdio
Publicado em 5 de junho de 2021 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Com uma legislação e fiscalização das políticas de reciclagem e tratamento de resíduos cada vez mais rígidas sobre a atividade econômica do país, empresas foram incentivadas a transformar os seus processos e alinhar suas políticas às práticas sustentáveis. A partir daí, o que em um primeiro momento poderia ser visto como a chegada de novas despesas, rapidamente passou a ser percebido como oportunidades para multiplicar os ganhos e, ao mesmo tempo, contribuir para o meio ambiente.
Na Bahia, empresas vêm investindo continuamente não só nos processos de reciclagem e reutilização de resíduos, como no incentivo à rotinas de coleta seletiva e economia circular entre os funcionários e colaboradores. Com tantos resultados positivos alcançados nos últimos anos, não faltam na indústria baiana bons exemplos do quanto economia e responsabilidade ambiental andam de mãos dadas na missão de um futuro cada vez mais sustentável.
O ponto chave para entender esse processo talvez seja a política nacional de resíduos sólidos, que passou a prezar pela logística reversa.“Com a logística reversa, muitas empresas, por exemplo, passam a reaproveitar aqueles resíduos até mesmo como subprodutos, isso gera reduz custos e gera lucros”, explica Arlinda Negreiros, gerente de Meio Ambiente e Responsabilidade Social da FIEB.Em 2019, as empresas baianas em parceria com a FIEB e o Ministério Público da Bahia firmaram um acordo para fomentar a implantação da logística reversa, que prevê a capacitação e assessoria empresarial, publicação de um manual sobre o tema, além de articulação com o governo para, por exemplo, atrair recicladoras para o estado e elaborar Projetos de Lei que incentivem a reciclagem. “Deste então, nós conseguimos avanços enormes, dentro da proposta de reduzir, reutilizar e reciclar. As empresas veem que reciclagem não é despesa, ela gera dinheiro”, ressalta o presidente do Conselho de Sustentabilidade da FIEB, Jorge Cajazeira.
Resultados Através destas parcerias que incentivam cada vez mais o cuidado com a destinação de resíduos sólidos, a cultura de reciclagem e reaproveitamento nas empresas baianas tem se aprimorado cada vez mais. Um dos exemplos na gestão de resíduos e reciclagem é a Atlantic Nickel, empresa que explora o níquel sulfetado utilizado na fabricação de baterias de veículos elétricos. Ao longo de 2020, a companhia reciclou 83,27% dos resíduos gerados no processo de produção, na planta localizada no município de Itagibá, a 370 km de Salvador. Esse resultado só foi obtido graças ao Centro de Triagem de Resíduos (CTR), espaço da empresa que recebe todo o material proveniente dos processos operacionais e administrativos, garantindo que tudo receba a destinação adequada às legislações ambientais vigentes e sem riscos de agressão ao meio ambiente. Empresas investem em centros de triagem de resíduos (Foto: Divulgação / Atlantic Nickel) Segundo a empresa, a classificação dos resíduos é feita de acordo com sua natureza física, composição química, riscos potenciais ao meio ambiente e origem. Através deste trabalho, a Atlantic Nickel previne a contaminação dos lençóis freáticos, do solo ou da atmosfera. Uma vez classificados, os recicláveis são direcionados para locais especializados, permitindo a transformação em matéria-prima para a fabricação de um novo produto. Os demais 16,73% dos resíduos resultantes da operação da companhia, classificados como não recicláveis, são destinados conforme as melhores práticas de proteção ambiental, incluindo coprocessamento e posterior transformação em energia.
Entendendo que o ato de descartar resíduos em local inapropriado pode causar prejuízos e provocar sérios danos ao meio ambiente, a Bracell, empresa que atua no mercado de celulose solúvel, trata o material excedente em uma central existente na área da própria fábrica, no Polo Industrial de Camaçari. Cerca de 80% do total dos resíduos são convertidos em matéria-prima para fabricar fertilizantes agrícolas, revestimentos acústicos, cerâmicas, asfalto, telhas e muitos outros produtos.
Casca de eucalipto, serragem, rejeitos, lama de cal, rejeito de cal, dregs, grits e recicláveis, como plástico, papel e metais, são os principais resíduos tratados pela empresa. De acordo com a gerente de Meio Ambiente e Sistema Integrado de Gestão da Bracell, Angela Ribeiro, depois de tratadas, as cascas, por exemplo, são usadas para fabricar fertilizantes agrícolas orgânicos e em compostagem. Já os resíduos sólidos industriais que não permitem tratamento e reaproveitamento, são destinados ao aterro sanitário próprio, que fica num terreno na própria companhia e atende a um rigoroso padrão de proteção do solo e do lençol freático.
Pautada pelo conceito EGS - Environmental, Social and Governance, que em português pode ser traduzido como ambiental, social e governança -, a Sotero tem em sua atividade a preocupação totalmente voltada para o cuidado com resíduos, já que o serviço de limpeza e coleta pública tem a destinação de uma forma ambientalmente adequada. Os resíduos são descartados no aterro metropolitano de Salvador, onde recebem todo tratamento ambiental correto.
Cultura ambiental No caso da CF Refrigeração, que trabalha com soluções em refrigeração residencial e empresarial, a preocupação com a reciclagem e tratamento de resíduos aumentou no último ano, quando a empresa viveu uma expansão rápida em meio à pandemia. Segundo o sócio diretor da empresa, Carlos Príncipe, o trabalho macro de coleta e destinação à reciclagem que hoje conta também com a parceria de associações e cooperativas também passou por uma mudança na rotina dos colaboradores.“Desde a coleta seletiva nas dependências da empresa à consciência no uso de descartáveis ajudou nossos colaboradores a entenderem a importância do reaproveitamento, principalmente porque trabalhamos com resíduos que levarão muito tempo para decompor na natureza. Entender que a mudança maior começa nas pequenas atitudes é fundamental para mudar a cultura de produção como um todo”, diz Carlos Príncipe, sócio diretor da CF Refrigeração.
Reciclagem em númerosPlástico: 22,1% da produção (758 mil toneladas recicladas) Latas de Alumínio: 97,6% da produção (367 mil toneladas) Papel Embalagem: 85% da produção (5,1 milhões de toneladas) O quilo da latinha de alumínio vale de R$ 2,40 a R$ 3,70. Já o preço de compra do papelão vai de R$ 0,10 a R$ 0,15. 67 latinhas de alumínio correspondem a 1 kg. Cada 1000 kg de alumínio reciclado significa 5 mil kg de minério bruto (bauxita) poupados. Plantios comerciais na Bahia de eucalipto: Cada 1 hectare de florestas plantadas, conserva-se aproximadamente 0,7 hectare de área natural. Este é o primeiro de uma série de conteúdos para as plataformas impressa e digital, entre matérias e vídeos, criada pelo Correio para falar sobre práticas sustentáveis ao longo do mês dedicado ao meio ambiente.
O Mundo Sustentável é uma realização do Correio, com o patrocínio da CF Refrigeração, Jotagê Engenharia, Unipar, Tronox, Suzano, Bracell, Sotero Ambiental, o apoio da AJL Locadora, Atlantic Nickel, Yamana Gold e SINDIMIBA e o apoio institucional da Prefeitura de Salvador.
O Estúdio Correio produz conteúdo sob medida para marcas, em diferentes plataformas.
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