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Carmen Vasconcelos
Publicado em 11 de outubro de 2021 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Os términos costumam ser doloridos, especialmente, nas relações de trabalho, onde o fim do vínculo empregatício coloca determina a finalização de outras tantas relações, seja no contato com os colegas, as rotinas laborativas diárias, na renda mensal. No entanto, a adoção da prática do outplacement, a demissão humanizada, vem buscando minimizar as dores do processo. Esse tipo de desligamento é considerada uma tendência mundial no mundo corporativo.
De acordo com a Diretora de Recursos Humanos e Serviços Compartilhados (CSC) do Grupo Tecnoset Lílian Oliveira, o outplacement não se limita ao investimento em transição de carreira ou recolocação, mas também abarca o cuidado desde a comunicação até o exato momento em que ele deixa de integrar o time. “Além disso, para a organização é uma forma de gestão estratégica e fortalecimento da marca empregadora”, esclarece. Lilian Oliveira ressalta a importância de que a demissão humanizada contempla todas as etapas do desligamento e traz benefícios para as organizações e o mercado de trabalho (Foto: Divulgação) A especialista pontua que, no cenário atual, o cuidado com o profissional, enquanto ser humano, se torna ainda mais emergente. “O tema ‘demissão’ é sempre sensível, mas este é um momento de mais incertezas e preocupações. Portanto, quando uma organização opta por adotar um programa de outplacement, ela alinha valores éticos com a responsabilidade de impactar positivamente o mercado como um todo”, afirma, lembrando que o profissional encontrará caminhos para seguir em outra oportunidade e contribuir novamente.
Tendência
A psicóloga Luana Machado é coordenadora de recursos humanos e destaca que há uma razão para o crescimento da adoção da demissão humanizada, especialmente no cenário atual, onde além do emprego, as pessoas precisam lidar com outras perdas como as pessoas queridas, que partiram durante a pandemia; a ausência da liberdade com o distanciamento social. Para ela, o outplacement tem se tornado cada vez mais comum nas empresas por causa dos benefícios agregados para ambas as partes (empregado e empregador). Luana Machado salienta que a demissão humanizada é uma boa estratégia para todos os envolvidos e ajuda o clima organizacional (Foto: Divulgação) “No caso das empresas, há uma promoção de uma boa imagem de empresa humanizada, além de melhorar o clima organizacional para os colaboradores que permanecerem. Para o colaborador desligado, fica o acalento emocional e a segurança se ter um suporte de responsabilidade durante o processo de recolocação profissional”, complementa, destacando que todo negócio em que ambas as partes saem ganhando, geralmente, é um bom investimento.
Lílian diz que qualquer empresa pode adotar e estruturar um programa de demissão humanizada, podendo conduzir de forma 100% interna ou contar com a expertise de uma consultoria. “A primeira etapa é o planejamento dos desligamentos, portanto, inicia antes da comunicação em si ao profissional e exige o envolvimento do time de gestão de pessoas em parceria com a área que também tiver envolvimento neste aspecto. Sendo assim, as etapas seguintes envolvem comunicação e feedbacks claros quanto ao desligamento, acolhimento e apoio emocional, orientação de carreira, capacitação e construção da marca pessoal”, explica.
Baixo custo
Com uma postura bem próxima, Luana salienta que nem sempre o suporte humanizado e de recolocação profissional envolve custo para o empregador. “Existem diversos sites de treinamentos on-line gratuitos que podem ser indicados aos profissionais que são desligados da empresa como uma forma de manter a atualização dos conhecimentos e do currículo, o que facilitará muito a recolocação desse profissional”, sugere, lembrando que esse cuidado fará o antigo colaborador se sentir útil e com expectativas positivas sobre o futuro profissional.
A especialista em RH lembra que, no passado, era comum associar, equivocadamente, o processo de outplacement apenas ao investimento em uma consultoria de recolocação profissional, desta forma, as empresas optavam por aplicá-lo somente em cargos de nível Executivo.
“Atualmente, há maior engajamento por parte das empresas quanto à responsabilidade social e corporativa, traduzindo-se na humanização de processos sensíveis como por exemplo os desligamentos”, esclarece, reforçando que o novo modelo vem se instituído como pilar na Gestão de Estratégica de pessoas e construção de marca empregadora, uma vez que se entende o quanto isso está diretamente relacionado ao sucesso dos negócios.