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Bruno Wendel
Publicado em 31 de dezembro de 2020 às 13:44
- Atualizado há 2 anos
O designer Wendell Moura dos Santos, 35 anos, foi assassinado a tiros, nesta terça-feira (29), no bairro da Boca do Rio. Ele havia saído para andar de bicicleta quando, horas depois, o corpo foi encontrado pela Polícia Militar (PM) baleado na Avenida Otávio Mangabeira, nas proximidades das quadras da Boca do Rio. Para o Grupo Gay da Bahia (GGB), Wendell foi vítima de crime de homofobia. O local onde o corpo foi encontrado é conhecido por encontros casuais para sexo entre homens – “pegação”. “Uma coisa é certa, a vítima era homossexual. O local onde ele foi achado, o horário, tudo leva a um crime que foi por homofobia. Mesmo que a vítima não tenha praticado sexo, mas tem bandidos que sabem a situação daquela área e vão lá para arrochar as pessoas, roubar”, disse Marcelo Cerqueira do GGB. O corpo de Wndell foi encontrado baleado na Avenida Otávio Mangabeira (Foto: Reprodução) No entanto, para a Polícia Civil (PC), o caso ainda não tem motivação e autoria, mesmo com a apresentação de dois suspeitos. Em nota, a PC disse que dois homens que estavam nas imediações foram conduzidos pela PM ao Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). Eles estavam com uma arma, que, segundo a polícia, alguém havia passado e descartado. Os dois foram autuados em flagrante por porte ilegal de arma. Sobre o possível envolvimento deles na morte de Wendell, a PC respondeu que a “participação no fato em si, não foi comprovada nesse momento”. O caso é é investigado pela 2ª DH/Central.
Apesar de os suspeitos terem sido presos somente pelo porte ilegal de armas, o GGB pede a prisão preventiva deles. “O delegado tem que pedir logo a prisão preventiva dos indivíduos para fazer uma investigação mais aprofundadas. Com base nessa situação toda, que houve crime na região (de pegação), cabe a preventiva para averiguar melhor. Porque, se soltar os caras, não vai saber quem foi”, declarou Cerqueira.
Crime No dia 29, Wendell passou a tarde na casa de um amigo, em Itapuã. Por volta das 19h30, o amigo deixou o designer na Rua Aristides Milton. “Estava saindo de minha casa, ia para a academia, quando ele me pediu uma carona para ir andar de bicicleta na orla”, contou o amigo que, naquele dia, não teve mais contato com a vítima. Ainda segundo a fonte, o designer saiu sem documentos e objetos de valor. Por volta da 0h desta quarta-feira (30), policiais militares da 39ª Companhia Independente (CIPM/Boca do Rio) foram acionados pelo Cicom com uma denúncia de disparos de arma de fogo, na Avenida Otávio Mangabeira, nas proximidades das quadras da Boca do Rio e o antigo Aeroclube. No local, os policiais encontraram Wendell sem sinais vitais. A área foi isolada para o Departamento de Polícia Técnica (DPT) realizar perícia e remoção do corpo. “Os policiais realizaram rondas nas proximidades e localizaram dois homens em atitude suspeita, que foram abordados e estavam de posse de um revólver calibre 38”, informou a nota da PM enviada ao CORREIO.
Enterro Como, nas primeiras horas de quarta-feira, Wendell não havia dado notícias, o amigo procurou a mãe da vítima, que também já estava preocupada. “Ela estava chorado, assustada. Ele era o único filho dela”, contou o rapaz. Os dois passaram a percorrer delegacias e hospitais sem sucesso.
Mas, quando foram ao Instituto Médico-legal Nina Rodrigues (IMLRN), encontraram Wendell. “Ele estava com ignorado, pois foi encontrado sem documentos. Ele foi baleado duas vezes”, disse o amigo ao CORREIO. “Ele não era envolvido com drogas, com nada. Era menino muito competente, designer extremamente caprichoso. Era o meu melhor amigo. Era como um irmão para mim. Só vivia lá em casa”, declarou o amigo emocionado.
Wendell é natural da cidade de Ibotirama, na região nordeste do estado. O enterro dele será nesta sexta (1º), às 9h, no Cemitério Bosque da Paz.