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Vinicius Nascimento
Publicado em 6 de fevereiro de 2021 às 07:00
- Atualizado há 2 anos
Como se já não bastasse a ameaça causada pelo original, eis que um dos “herdeiros” do novo coronavírus elevou o alerta de perigo da pandemia no estado. Dez casos da P.1, variante do vírus identificado em Manaus e com velocidade maior de contágio, foram detectados no território estadual pelo Laboratório Central da Bahia (Lacen). Ao todo, 32 amostras de pessoas que estiveram no Amazonas foram analisadas geneticamente.
O secretário estadual da Saúde, Fábio Vilas-Boas, afirmou que as amostras foram coletadas nos últimos dias, e a investigação preliminar da vigilância epidemiológica descobriu que a maioria dos pacientes com a P.1 estava de férias e passou pelos municípios de Salvador, Irecê e João Dourado. Todos eles têm residência na região amazônica.
“Os genomas sequenciados são provenientes de 25 municípios da Bahia, sendo que todos os pacientes tinham sintomas clínicos característicos, como dificuldade de respirar, cansaço, Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) ou pneumonia, bem como eram casos suspeitos de reinfecção e óbitos”, explica a diretora geral do Lacen, Arabela Leal.
A faixa etária dos pacientes diagnosticados com a variante P.1 vai de 7 a 66 anos, sendo sete homens e três mulheres. As amostras que testaram positivo para a variante de Manaus foram coletadas em unidades públicas e privadas, sendo, respectivamente, sete e três.
Alterações Variantes, como a de Manaus, são espécies de atualizações do vírus. Assim como qualquer ser vivo, ele está em constante mudança para se adaptar ao ambiente. A H1N1, por exemplo, é uma variação da gripe comum - ambas causadas pelo vírus Influenza.
Pesquisadora da Fiocruz e professora da Escola Bahiana de Medicina, a médica infectologista Fernanda Grassi explica que variantes são comuns em períodos de pandemia, quando não há controle da circulação de vírus ao redor do mundo. Ela explica que o “ambiente seleciona os vírus que são mais ‘competentes’ para se propagar com mais facilidade e rapidez”.
Perigo Uma nova variante pode gerar uma série de preocupações, de acordo com Grassi. Primeiro, explica, o contágio é acelerado. Em ambientes em que cuidados com o isolamento social ou com o controle na circulação de pessoas não são tomados, é grande a chance de elevar a pressão no sistema de saúde. Até a última sexta, a Bahia tinha 72% dos leitos de UTI ocupados.
Outra preocupação é em relação à eficácia da vacina. “Variantes podem diminuir a eficácia da vacina. Ainda não sabemos ao certo o impacto, mas é possível que ele exista”, disse Fernanda Grassi, ao citar a inexistência de estudos sobre a dinâmica da P.1 e reforçar a importância de seguir as regras de distanciamento para se proteger do novo perigo.
OMS defende acelerar vacinas contra riscos das mutações A preocupação com o risco representado pelas variantes do novo coronavírus levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a defender, na sexta-feira, maior celeridade no processo de vacinação. Até o momento, as principais mutações foram detectadas no Reino Unido, África do Sul e Brasil.
Apenas na Bahia, segundo reportagem publicada pelo CORREIO também na sexta, o Lacen identificou seis linhagens diferentes do vírus na Bahia, mas até então nenhuma delas tinha relação com a as variantes encontradas em Manaus, Reino Unido e África do Sul, consideradas mais perigosas.
“Devemos nos preparar para outras mutações problemáticas do vírus. Devemos nos unir para acelerar a vacinação”, afirmou o diretor da OMS na Europa, Hans Kluge, em entrevista à agência de notícias France Presse.
“As farmacêuticas, que normalmente competem entre si, devem unir esforços para aumentar drasticamente as capacidades de produção. Isto é o que precisamos”, emendou.
O que é a variante P.1 Originada da linhagem B.1.1.28, que circulava como dominante no Amazonas e foi identificada por pesquisadores japoneses, a partir de análises de amostras coletadas de quatro viajantes que estiveram no Norte do Brasil. Em 12 de janeiro, a Fiocruz confirmou que a linhagem evoluiu para a P.1 no Amazonas
Tipos de evolução do vírusVariante - É um grupo de descendentes de um vírus, com modificações genéticas que sofrem constantes mudanças, algumas insignificantes, mas outras podem ser agressivas e de fácil contágio. Temos o exemplo do H1N1, que é uma cepa da gripe Linhagem - É um conjunto de variantes originadas de um vírus ancestral comum Cepa - Trata-se de um grupo de variantes dentro de uma linhagem que se comportam de maneira diferente do vírus original Mutação - É o processo que leva o vírus a mudar sua variante. É uma mudança permanente no material genético (DNA ou RNA) de um vírus. No caso do coronavírus, é o RNA