Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 30 de janeiro de 2020 às 08:00
- Atualizado há 2 anos
Apesar de ter chegado ao conhecimento da população com os últimos casos ao redor do mundo, o coronavírus é um vírus antigo e foi identificado pela primeira vez em 1960.
“Em 2012, numa epidemia local, no oriente médio, a taxa de mortalidade foi de 35%. Desta vez, a taxa de mortalidade está em 2%, é muito mais baixa”, comenta o infectologista Robson Reis, coordenador médico das Unidades de Internação, presidente da Comissão de Farmácia e Terapêutica e Gestor do Time Sepse do Hospital Aliança.
No mundo, até esta quarta-feira, 29, mais de 6 mil notificações do vírus foram realizadas em 17 países, com a confirmação de 132 mortes na China, onde o surto começou.
Na família do coronavírus existem alguns tipos diferentes, que causam diferentes quadros clínicos. “Esse vírus tem subtipos mais leves, que causam resfriados, e outros dois subtipos mais graves, que podem causar infecções do trato respiratório, como uma pneumonia”, explica a infectologista Clarissa Cerqueira Ramos, do Hospital Cardio Pulmonar.
Para os especialistas, no momento, não há razão para pânico ou para circular com máscaras pela cidade. “Ainda não há nenhum caso confirmado, o vírus não está circulando ainda na Bahia, não há razão para andar de máscaras agora. Quem precisa usar máscaras são pacientes que estão em tratamentos que baixam a imunidade”, explica Reis.
“O risco principal é para as pessoas com comorbidades, que já tem uma saúde fragilizada”, completa o especialista do Hospital Aliança, citando como exemplo as pessoas com diabetes e pressão alta.
Salvador em alerta
O secretário municipal de Saúde, Léo Prates, disse nesta quarta, 29, que haverá uma reunião com técnicos de saúde do município e do estado para que, em caso de necessidade, os profissionais saibam atuar na contenção do vírus. “A gente espera que não chegue aqui, mas temos que estar preparados, é uma obrigação do poder público”, afirma Prates.
Ainda segundo o secretário, é preciso ter calma e evitar gerar pânico na população. “Estamos trabalhando com o protocolo conforme a OMS está fazendo. Estamos atentos às ações feitas na China, porque como lá houve essa convivência primeiro com o vírus, é bom aprendermos o que eles estão fazendo de certo e o que estão fazendo de errado”, acrescenta.
O prefeito ACM Neto também reforça que a administração municipal acompanha as orientações do Ministério da Saúde e do Governo Federal, “mantendo o diálogo e monitorando como tem que ser monitorada todas as áreas e dialogando com o governo do estado e, evidentemente, tendo atenção máxima para qualquer risco que haja do vírus chegar na nossa cidade", completa o prefeito.
A prefeitura chegou a alertar a população para boatos envolvendo a doença. Nas redes sociais, circularam informações falsas de uma possível não realização do Carnaval 2020.
“A Secretaria Municipal de Saúde já monta uma estratégia de ação e ressalta que o momento é de tranquilidade. Para garantir o monitoramento de possíveis casos suspeitos do coronavírus em Salvador, a SMS, através da Diretoria de Vigilância, emitiu um boletim epidemiológico para os estabelecimentos de saúde das redes pública e privada da capital, alertando principalmente sobre a importância da notificação imediata de pacientes que apresentarem os sintomas”, disse o órgão, em nota.
Casos no Brasil
O Ministério da Saúde (MS) informou, também nesta quarta, 29, a existência de nove casos suspeitos de infecção pelo novo subtipo de coronavírus no Brasil, mas sem confirmação de nenhum deles. Segundo o ministério, diariamente, haverá um boletim de atualização sobre a situação. Além dos casos já divulgados em Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS), estão sendo investigadas suspeitas no Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará e Santa Catarina. Os nove pacientes ficarão isolados até a divulgação dos exames.
Na Bahia, um caso suspeito foi descartado. O paciente, um cidadão japonês que vive no interior do estado, tinha Influenza A e não coronavírus, segundo informou ontem a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
No total, O MS foi notificado de 33 casos. Mas, apenas pacientes que apresentam sintomas como febre, tosse e dificuldade para respirar e têm histórico de viagem para a China nos últimos 14 dias, mesmo antes de apresentarem os possíveis sinais de infecção, é que são considerados suspeitos. Outros quatro pacientes que estavam sendo monitorados no Brasil já foram liberados e não apresentavam o coronavírus.
Segundo a última atualização do MS, foram confirmados 6.065 casos. Desses, 5.997 na China. Outros 68 ocorreram em outros 16 países. Emirados Árabes e Finlândia foram os mais recentes a registrarem um caso, cada.
O secretário-executivo do MS, João Gabbardo, afirmou que não haverá bloqueio de brasileiros que retornem de viagem da China. A expectativa do governo é que haja redução do fluxo de viagens para o país asiático. “A recomendação é que os brasileiros pensem três vezes antes de marcarem uma viagem para o país”, afirmou.
Voos suspensos
A Petrobras decidiu suspender todas as viagens de seus funcionários à China para prevenir eventuais contaminações pelo coronavírus. A empresa tem negócios no sudeste asiático. Em nota, a estatal disse que "monitora a evolução do quadro de saúde pública" e que "de forma preventiva" cancelou "as viagens programadas para a China". Ainda segundo a empresa, a decisão não deve impactar a exportação de petróleo para o país, mas informou que "eventuais ajustes logísticos estão sendo estudados".
Nesta quarta, pelo menos três companhias aéreas estrangeiras suspenderam parte de seus voos para a China: a American Airlines (EUA), a Lufthansa (Alemanha) e a British Airways (Reino Unido). A American Airlines cancelou voos de Los Angeles para Xangai e Pequim até 27 de março. A Lufthansa informou que está suspendendo os voos para a China continental até 9 de fevereiro, mas manterá aqueles para Hong Kong.
Já a British Airways também cancelou todos os voos para Pequim e Xangai seguindo orientação do Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido. Aqueles para Hong Kong se mantém.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) fará reunião, nesta quinta-feira, 30, para decidir se declara o surto de coronavírus emergência global de saúde pública. "Essa emergência se deve à evidência de aumento dos casos", afirmou o diretor executivo Michael Ryan.
Saiba mais sobre o coronavírus:Como surgiu: A origem do surto ainda não está clara, mas acredita-se que a fonte primária do vírus seja em um mercado de frutos do mar e animais vivos em Wuhan, na China. O agente foi identificado neste país após notificações de casos de pneumonia de causa desconhecida no final de dezembro do ano passado.
Sintomas: Febre alta, tosse e dificuldade de respiras, mas também podem existir casos assintomáticos
Transmissão: De pessoa para pessoa pelo ar através de secreções aéreas da pessoa infectada ou pelo contato pessoal com esses fluidos. Atenção para profissionais de saúde, membros da família ou outras pessoas que tenham permanecido no mesmo local que um paciente doente. Ainda não está clara a facilidade com que o vírus é transmitido.
Período de incubação: Até duas semanas. A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) alerta que o coronavírus pode ser transmitido de animais para humanos e de humanos para humanos. No primeiro caso, já foram registrados casos com gatos selvagens, dromedários, morcegos, aves, porcos, macacos, cães e roedores.
Tratamento: Indica-se repouso e ingestão de líquidos, além de medidas para aliviar os sintomas, como analgésicos e antitérmicos. Nos casos de maior gravidade com pneumonia e insuficiência respiratória, podem ser necessários suplemento de oxigênio e ventilação mecânica.
Vacina: Como a doença é nova, não há vacina até o momento.*Fonte: Sociedade Brasileira de Infectologia e Anvisa
Veja como reduzir o risco de infecção:
1. Evitar contato próximo com pessoas com infecções respiratórias agudas; 2. Lavar frequentemente as mãos antes de se alimentar e, especialmente, após contato direto com pessoas doentes; 3. Usar lenço descartável para higiene nasal; 4. Cobrir nariz e boca ao espirrar ou tossir; 5. Evitar tocar nas mucosas dos olhos; 6. Higienizar as mãos após tossir ou espirrar; 7. Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas; 8. Manter os ambientes bem ventilados; 9. Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações
*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier