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Da Redação
Publicado em 11 de maio de 2020 às 18:07
- Atualizado há 2 anos
O primeiro caso da covid-19 no Brasil foi confirmado no dia 26 de fevereiro, em São Paulo. Porém, um estudo liderado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) aponta que o novo coronavírus já circulava no país desde o fim de janeiro, um mês antes do registro oficial - e antes mesmo do Carnaval ser realizado.
Segundo a pesquisa, a primeira pessoa a morrer por causa da covid-19 faleceu entre 19 e 25 de janeiro, na quarta semana epidemiológica, no Rio de Janeiro - bem antes do homem de 62 anos que foi anunciado como o primeiro óbito, ocorrido no dia 16 de março em São Paulo. A cidade, aliás, já teria transmissão local ou comunitária em curso em 4 de fevereiro - nos registros oficiais, começou em 13 de março.
O estudo é o primeiro a indicar o período do início da transmissão no Brasil. Ele foi realizado por meio de uma metodologia estatística de inferência inovadora, que usa registros de óbitos e análises dos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) como base.
De acordo com o o coordenador da pesquisa, Gonzalo Bello, do Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do IOC/Fiocruz, ao jornal O Globo, essa primeira pessoa que faleceu no Rio de Janeiro deve ter sido contaminada com o coronavírus em outro local. "Mas outros [casos] já aconteciam em São Paulo, onde a transmissão local começou logo depois, na sexta semana epidemiológica, entre 2 e 8 de fevereiro", disse.
Assim, quando o Brasil começou a monitorar o vírus em fronteiras e aeroportos, a partir de 13 de março, ele já era espalhado em localidades do país. Entre os dias 2 a 8 de fevereiro, aliás, quatro casos de internação por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) aconteceram e somente depois foram identificados como covid-19.
Pouco antes do Carnaval, 17 brasileiros já estavam sofrendo com o coronavírus em hospitais e existiam nove mortos, de acordo com a pesquisa. Durante a folia, eram 24 internados e dez óbitos. E em 13 de março, já eram 736 pessoas em hospitais, além de 209 fatalidades.
Segundo Bello, a primeira morte por causa do coronavírus no Brasil foi identificada por meio de exames moleculares (RT-PCR) em estudos retrospectivos. Só nas últimas semanas, o resultado do exame de amostras, coletadas normalmente de mortos e doentes registrados como SRAG, passou a ser conhecido.