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Mario Bitencourt
Publicado em 13 de dezembro de 2019 às 13:52
- Atualizado há 2 anos
Um consórcio formado por três empresas chinesas foi o ganhador do leilão para construção da ponte Salvador-Ilha de Itaparica, realizado nesta sexta-feira (13), na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo. O investimento do consórcio, batizado de Ponte Salvador Itaparica, será de R$ 6 bilhões, enquanto o Governo da Bahia dará aporte de R$ 1,5 bilhão. A gestão e administração da ponte terá duração de 30 anos.
O consórcio, único a apresentar propostas no leilão, é formado pelas empresas China Railway 20 Bureau Group Corporation – CR20; CCCC South America Regional Company S.Á.R.L – CCCC SOUTH AMERICA e China Communications Construction Company Limited – CCCCLTD. O processo na Bolsa de Valores (B3) foi iniciado na segunda-feira (9), com o recebimento da proposta das empresas interessadas em construir a ponte Salvador - Ilha de Itaparica.
A comissão de licitação, integrada por representantes das secretarias de Infraestrutura (Seinfra), de Desenvolvimento Urbano (Sedur) e Casa Civil, recebeu o material que foi analisado pela B3, empresa especializada no mercado financeiro. Na ocasião, foram avaliadas as garantias das propostas, as propostas econômicas escritas e os documentos de qualificação.
A licitação foi acompanhada pelo governador Rui Costa, pelo vice-governador João Leão e pelos secretários de Infraestrutura, Marcus Cavalcanti e da Casa Civil, Bruno Dauster. Com a definição sobre quem fará a obra da ponte, a próxima etapa é a elaboração do projeto, que deve ser entregue em um ano. Já a obra da ponte, que será a segunda maior da América Latina, tem de ser iniciada em quatro anos.
Durante a fase de construção, a ponte deve gerar sete mil empregos diretos. Ela terá 12,3 km de extensão e está inclusa no Sistema Viário do Oeste, que também contempla a implantação dos acessos ao equipamento em Salvador.
Na capital, esses acessos serão por túneis e viadutos, e em Vera Cruz, com a ligação à BA-001, junto com uma nova rodovia expressa. Haverá ainda uma interligação com a Ponte do Funil, que também será revitalizada.
De acordo com o Governo da Bahia, a construção da ponte encurtará o tempo de deslocamento em cerca de 100 quilômetros, beneficiando de imediato 250 municípios e 10 milhões de pessoas das regiões oeste, sudoeste, sul e extremo Sul.
Ao comentar sobre o leilão, o governador Rui Costa declarou que “a obra significa mais emprego, renda e qualidade de vida para o nosso povo”. “Vamos continuar trabalhando não só para a construção da ponte, mas também para o desenvolvimento ambientalmente sustentável das cidades que compõem a ilha de Itaparica, o Recôncavo e o Baixo Sul do estado”, disse ele.
O executivo Lin Li, CEO da CCCC, informou que “o Governo do Estado da Bahia colocou bastantes garantias pela parte pública, então viabiliza o projeto. Nós, do consórcio, faremos a nossa contribuição para trabalharmos junto com o Governo do Estado para executar a obra e realizar o sonho do estado da Bahia”.
A prefeita de Itaparica, Marlylda Barbuda, comemorou o resultado do leilão: “Essa é uma obra que vai mudar a vida de milhares de baianos, mas para nós, de Itaparica, será ainda mais impactante. Itaparica será um grande vetor de desenvolvimento com esse equipamento”, comemora Marylda.
A prefeita informou que elaborou um programa de governo para que o município e a população estejam preparados para receber o investimento. “Vamos capacitar e qualificar a nossa mão-de-obra para participar da construção do equipamento, mas também vamos atuar para que nosso comércio e toda rede de serviços do setor privado estejam prontos para aproveitar esse momento de transformação”, disse.
Ação na Justiça Mas nem tudo é festa em Itaparica por conta da construção da ponte. Na quarta-feira (11), a Defensoria Pública da Bahia entrou com ação civil pública contra o Estado da Bahia por suposto abuso de poder e pediu que o leilão realizado nesta sexta fosse suspenso.
A ação, que tramita Vara dos Feitos de Relações de Consumo, Cível e Comercial de Itaparica, ainda não teve decisão. A Defensoria entrou com a ação após ser provocada por moradores de Itaparica, que se queixam de não terem sido ouvidos sobre a construção da ponte.
Presidente da União de Moradores de Bom Despacho (distrito de Itaparica) e conselheiro do Conselho Municipal das Cidades de Itaparica, Cledson de Oliveira Cruz diz não ser contra a obra da ponte, mas que seja respeitado o direito de as pessoas serem ouvidas e informadas sobre os impactos que a obra causará na região.
“De cerca de 65 mil moradores que há na região, vai para mais de 300 mil com a construção dessa ponte, então ocorrerão grandes mudanças. Tem que ouvir as marisqueiras, pescadores, pessoas que moram em área de vegetação nativa”, falou.
Segundo Cruz, na região de Itaparica ocorrem problemas diversos por conta de falta de condições básicas de acesso a serviços públicos, como fornecimento de água e energia. “E quanto chove, as casas são alagadas. O governo não poderia fazer um investimento na cidade sem nos garantir o básico”, declarou.