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Cinebiografia de Éder Jofre reflete sobre jogo de prioridades da vida

10 Segundos Para Vencer conta a trajetória do campeão mundial de boxe; confira crítica

  • Foto do(a) author(a) Vanessa Brunt
  • Vanessa Brunt

Publicado em 27 de setembro de 2018 às 06:30

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Divulgação

Não é de hoje que o ringue é utilizado como cenário principal em filmes para simbolizar os lados mais violentos e emocionantes da vida. Longas que abordam guerras, em muitos casos, conseguem atingir o mesmo tom metafórico para quem souber olhar as lições de maneira mais poética. Com lançamento marcado para esta quinta-feira (27), a trama 10 Segundos Para Vencer, dirigida por José Alvarenga Jr. (mesmo da trama Divã), não foge do aproveitamento das cenas mais agressivas como analogia a princípios, pontuando o ambiente de luta como uma grande gama de mensagens figuradas sobre etapas para o alcance de um determinado objetivo. As diferenças da obra para as tantas outras que seguem o tema (vide Creed e Ali), começam por dois tópicos: o filme é nacional e trata de uma cinebiografia. Engatinhando no tema, o cinema brasileiro abriu boas portas, em 2016, com o longa Mais Forte que o Mundo, ao contar parte da história do lutador José Aldo. Em 10 Segundos, com algumas poucas cenas em preto e branco, o diretor faz referências, inclusive, a filmes como Touro Indomável e Rocky. Desta vez, porém, o novo longa traz a trajetória do pugilista brasileiro e campeão mundial Éder Jofre, considerado por especialistas internacionais como o maior peso-galo do boxe na era moderna, tendo ficado conhecido pelo apelido "Galinho de Ouro", concedido pelo escritor Benedito Ruy Barbosa. Éder desafiou seus próprios limites até conquistar seu primeiro cinturão de ouro, em 1961, nos Estados Unidos, voltando a ter mais um título mundial 1973, aos 37 anos. Éder precisou abandonar o sonho de ser desenhista para focar no boxe  (Foto: Divulgação) Outra diferença do longa aparece ao tratar de uma mensagem simbólica de maneira firme, mesmo quando fora das cenas sangrentas. A necessidade de abdicar para, então, ter algo, acaba sendo o foco da trama, que aprofunda sobre as diversas lições fundamentais para a conquista de metas. O longa, que se debruça desde a infância até a vida adulta de Jofre (interpretado por Daniel de Oliveira), traz como ponto central a discussão sobre as várias prioridades que o lutador precisou encarar. “Não posso comprar esse carrinho de bombeiro hoje, filho. Porque, se eu comprar hoje, amanhã estarei quebrado. Vamos vencer uma luta e, então, comprarei”, em uma fala sutil do pai para o menino Éder, já é possível perceber o quanto a obra vem a tratar da constante necessidade humana de ‘não ter aquilo para, assim, ter isso’.QUANDO TUDO COMEÇOU Éder, um rapaz de família pobre de São Paulo, vê o boxe como uma das suas paixões, mas precisa conviver com o embate de desejar seguir outros tantos sonhos, enquanto precisa de foco para ser realmente grandioso em uma das suas vontades. Assim, o garoto observa o esporte como principal opção para agradar o pai, o linha-dura Kid Jofre (Osmar Prado), e ajudar nos rendimentos da casa após o fracasso do tio Zumbanão (Samuel Toledo) no esporte – que traz, na sua caminhada, com o vício alcoólico e o temperamento impulsivo, outras tantas lições sobre como a indisciplina e a falta de renúncias afetam a realização de objetivos. Confira o trailer da trama: Para deixar um legado realmente marcante, o jovem protagonista precisa, portanto, passar por cima do seu sonho de tornar-se desenhista profissional e de uma vida mais atenciosa ao lado da mulher pela qual se apaixona, Cida (Keli Freitas). Da criança observadora e responsável até uma década depois, o filme acompanha Éder e seus embates consigo e com os desejos do pai até chegar na América. Para o ator Osmar Prado, o filme é sobre o lado mais duro e real do amor (Foto: Divulgação) O LADO DURO DO AMOR Para o ator Osmar Prado, porém, o mote principal de 10 Segundos seria a relação de amor entre pai e filho e as mensagens sobre tal sentimento.“Ele foi o primeiro pai a treinar um filho em um ringue para o mundial, se não me engano. E Kid passa toda essa sensação de rigidez, mas é puramente para que o filho seja grande. O amor é sobre saber que quem amamos também precisa aprender a deixar alguns desejos de lado para chegar em pódios”, reflete, pontuando os lados mais reais e duros do sentimento e afirmando, ainda, que muitas das entrelinhas de 10 Segundos podem ser vistas no filme O Poderoso Chefão, longa favorito de Prado.O ator ainda conclui: "Sim, é um filme que emite mensagens importantes para que se chegue a qualquer objetivo, em qualquer profissão ou tema. E é muito sobre lembrar que todos precisam de muitas mentes e corações por trás para realmente irem de um canto para outro". O ritmo linear do longa é suprido pelas excelentes atuações (Foto: Divulgação) FALTA DE RITMO Escrito por Thomas Stavros e Patrícia Andrade, o roteiro consegue caminhar bem pelas variantes psicológicas dos personagens. Ainda assim, porém, a trama não chega a emocionar como poderia. A forma extremamente linear e formal com que é retratada a carreira de Jofre chega a eliminar boa parte do brilho do longa-metragem. O tempo de duração do filme, que chega a quase 2h, parece triplicar para quem busca arrepios. O que seria uma história para valer uma minissérie, acaba, no longa, sendo arrastado pela falta de clímax e certos aprofundamentos. As cenas no ringue, por exemplo, não chegam a ‘entrar na cabeça’ de Éder, causando, assim, um tom imparcial e distante do espectador, que parece estar apenas ligando a televisão para assistir a mais uma luta – e não acompanhando os pontos mais íntimos do que ocorreram naqueles momentos. A falta de ritmo, porém, pode ser suprida pelas excelentes atuações. Osmar Prado traz um sotaque na medida ideal para o pai argentino, além de contornar as emoções do personagem para que passe a mensagem precisa. “Parte da minha família é italiana, então o contato com os sotaques sempre foi costumeiro para mim. Mesmo assim, todo ator precisa estudar para representar essa e outras realidades da melhor maneira”, pontua Prado. Daniel de Oliveira também encanta ao mergulhar nas diferentes fases de Jofre com louvor. Com um olhar, toda a confusão mental do protagonista pode ser visualizada. Pai e filho formam a dupla central, mas todos ao redor têm importância e personalidade. Indo desde a mãe (Sandra Corveloni), que comprova a diferença entre empatia e condescendência, até as forças da esposa de Éder, quebrando machismos, o filme traz o boxe como sustento e reflexão quase poética, mas investe boa parte nas pessoas e seus laços. “Um campeão é alguém que cresce em um momento de merda. É aquele que bota as pessoas pra frente”, diz Zumbanão em uma das cenas. É assim que 10 Segundos reflete, ainda, sobre a importância das pausas e de saber a hora de jogar a toalha ou voltar para um sonho antigo. Fica a dúvida, inclusive, sobre os erros do próprio protagonista, que poderia ter incluído mais realizações (de outros sonhos) nas suas listas de vida em meio à pausas. Mas, de luta em luta para escolher a prioridade correta e a renúncia ideal, Jofre inspira mesmo sem um filme que chegue perto do seu máximo. Assim, a trajetória, ainda em frente às câmeras, acaba sendo muito bem definida pela frase:“A estrada nunca é firme, a firmeza está no caminhar” (Autor Desconhecido).Cotação: Regular