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Da Redação
Publicado em 8 de junho de 2023 às 21:45
- Atualizado há 2 anos
Um cigano foi liberado de um sequestro seguido de cárcere privado após a família pagar R$150 mil. O homem foi capturado no município de Água Fria, na quarta-feira (07), quando voltava de um casamento em Camaçari, e foi resgatado nesta quinta-feira (08), em Amélia Rodrigues, a 88km de onde foi pego.
A vítima, identificada como Giliarde Cigano, mora em São Sebastião do Passé, mas estava no Clube Social de Camaçari, participando de um evento. Ao deixar o local de carro, com um primo, com destino a São Sebastião do Passé, eles teriam sido fechados por sete homens armados divididos em dois carros - um Gol Branco e um Meriva -, na altura de Água Fria, por volta das 19h.
O primo teria sido deixado dentro do veículo de Gilliarde, amarrado ao volante. Apenas o cigano foi levado pelos homens. As informações são do diretor da Associação Beneficente Cultural e de Desenvolvimento Social dos Povos Ciganos do Brasil (ABECC), Rogério Ribeiro. Segundo ele, a família da vítima o procurou em busca de auxílio.
“O resgate foi tenso. Eles começaram pedindo R$500 mil à família, mas acabaram aceitando R$150 mil”, contou Rogério. Ainda segundo ele, Giliarde foi liberado e entregue a um tio, em Amélia Rodrigues, por volta das 14h desta quinta (08).
O caso não foi registrado na polícia, pois, de acordo com Rogério, a família tem medo de represálias. Mas a Polícia Militar (PM-Ba) informou que agentes da 10ª CIPM foram acionados para averiguar uma denúncia de sequestro na localidade conhecida como Lamarão do Passé, em São Sebastião do Passé, e que eles realizaram buscas, mas nenhuma vítima ou suspeito foram encontrados.
A reportagem entrou em contato com a presidente da Associação Nacional de Mulheres Ciganas, Dinha Santos e o representante dos povos ciganos no Conselho de Igualdade Racial do Estado da Bahia, Diran Cigano, em busca de um posicionamento sobre o caso. Dinha informou que está averiguando junto à Diran e que as entidades vão se posicionar após as discussões.
Comércio
O sequestro de Giliarde se soma a outros casos do mesmo crime com ciganos como vítimas. Por isso, o diretor da ABECC afirmou ter protocolado para o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, um documento pedindo providências para conter essas ações na Bahia, na quarta (05), em Brasília. “O sequestro de ciganos virou comércio na Bahia e sabemos que existem pelo menos quatro quadrilhas especializadas com policiais envolvidos”, pontuou Rogério Ribeiro. Foto: arquivo pessoal No documento direcionado ao ministro Flávio Dino, ele compila dezenas de casos de sequestro ocorridos nos últimos dois anos. Em 2021, ele contabiliza 20 ocorrências com resgates de até R$150 mil; 10 casos em 2022 e pelo menos dois ocorridos este ano. Um deles teria ocorrido em janeiro, tendo um adolescente de 14 anos como vítima, no município de São Felipe. “A maioria não é denunciado, porque as famílias têm medo”, disse o diretor da ABECC.
Quanto à participação de policiais nas ações, a Polícia Militar (PM-Ba) informou que disponibiliza os canais de comunicação institucionais para recepcionar os relatos de condutas referente a policiais militares.