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Ciclistas poderão aplicar Multa Moral em motoristas que param ou estacionam em ciclovia

Ação da Salvador Vai de Bike é educativa e distribuiu selos para ciclistas na Barra

  • Foto do(a) author(a) Vinicius Nascimento
  • Vinicius Nascimento

Publicado em 20 de agosto de 2021 às 14:59

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO
. por Foto: Arisson Marinho/CORREIO

A permacultora Débora Didonê ia até a agência dos Correios na Barra encontrar um amigo. Saiu do Santo Antônio Além do Carmo com sua bicicleta, passou Pelourinho e, na ciclofaixa da Carlos Gomes, tomou uma fechada de ônibus e por pouco não se acidentou. Já o compositor Ary Gil, 61, há alguns meses foi atropelado por um carro na Avenida Vasco da Gama. O motorista sequer prestou socorro.

Histórias de dificuldades são rotina para ciclistas, principalmente para aquelas pessoas que não usam a bicicleta somente a lazer, mas também como meio de transporte. Quanto mais pedala, mais risco. Mesmo nas ciclovias, e Salvador tem mais de 310 km delas, a vida de quem anda em duas rodas é complicada. Ciente disso, a Salvador Vai de Bike lançou o adesivo Multa Moral para ser aplicado em veículos infratores pelos próprios ciclistas.

A ação dá continuidade à programação do Dia Nacional do Ciclista, comemorado na última quinta (19). Os adesivos foram distribuídos nas imediações do restaurante Barravento, na Barra. Os adesivos que alertam os motoristas sobre os riscos e infrações cometidos ao estacionar em vias exclusivas para ciclistas.  Ary Gil (à direita) já foi atropelado por veículo na Avenida Vasco da Gama (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Coordenadora do Salvador Vai de Bike, Liana Costa explica que estacionar ou mesmo parar em ciclovias é uma ação temerária porque força o ciclista a fazer um desvio para a pista de forma repentina.

"É perigoso tanto para o usuário de bicicleta quanto para os veículos que estão na pista. Muitas vezes, quem para na ciclofaixa não percebe o risco que causa e ameaça à vida dessas pessoas", afirma.

Os adesivos serão distribuídos para ciclistas de outras localidades ao longo do ano. Além disso, o MSVB planeja realizar ações pontuais em regiões onde há constantemente o desrespeito às leis que garantem a segurança do ciclista. Ainda nesta sexta (20), foi realizada uma oficina mecânica com cuidados básicos para a bicleta. A ação aconteceu na Pedra da Sereia, em Itapoã.

Coordenadora de educação no trânsito da Transalvador, Mirian Bastos enxerga que a ação é extraordinária porque fala e promove uma sensibilização das pessoas para um comportamento diferenciado em relação ao ciclista.

"A Transalvador tem uma preocupação com esse perfil, que é considerado vulnerável e vem crescendo nos últimos anos. Ações como essa fazem o papel de formiguinha para sensibilizar o condutor de veículos, que tem uma responsabilidade enorme na proteção de perfis mais vulneráveis", disse.

Ciclista, que quase sofreu um acidente no trajeto até a Barra, Débora Didonê pede para que as ações para proteção do ciclista sejam continuadas. Ela afirma que pedalar numa cidade grande como Salvador é, acima de tudo um ato político."O trânsito é muito hostil para ciclistas, para mulheres ciclistas é ainda pior. Eu não sei onde os motoristas fazem autoescola porque muitos parecem nao entender que a pista é partilhada. Pedalo porque tento ser o mais sustentável possível porque já moro em uma cidade, que causa vários impactos ambientais, acredito na bicicleta como meio de transporte, mas sei que estou vulnerável", afirmou.Os números ajudam a ilustrar como ainda é arriscado pedalar na cidade. No primeiro semestre de 2021, a Transalvador registrou 61 acidentes envolvendo bicicletas que deixaram 49 pessoas feridas e tiraram a vida de outras quatro.

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O número representa uma redução de 23% em comparação ao primeiro semestre de 2019, quando foram registrados 80 acidentes envolvendo ciclistas, mas um aumento em relação aos 57 acidentes do primeiro semestre de 2020, quando houve uma diminuição considerável na circulação de pessoas por conta da pandemia do coronavírus. Por isso, tão importante quanto viabilizar espaços propícios para a bicicleta é promover a conscientização e adotar comportamentos seguros no trânsito.

Aposentado e fundador do projeto Anjos de Bike, Luciano Amorim, 65, reforça o pedido de ações continuadas e acredita que a educação é um dos grandes caminhos para que o trânsito se torne menos violento contra ciclistas. Para ele, de pedal em pedal, se faz uma ciclovia mais segura.

10 dicas da Salvador Vai de Bike para ciclistas no trânsito: 

1 – Ciclistas devem usar luzes de segurança na bicicleta; 2 – A sinalização e os semáforos devem ser respeitados por todos os condutores, inclusive os ciclistas; 3 – O pedestre deve ficar atento ao atravessar uma ciclovia ou ciclofaixa; 4 – Usuário de bicicleta que esteja a pé empurrando a bike é considerado pedestre; 5 – Condutores de veículos devem respeitar a distância de 1,5m com as bikes; 6 – Em conversões de direção, a preferência é dos ciclistas; 7 – Ciclistas devem evitar transitar na contramão; 8 – Ciclistas devem optar por usar roupas claras, de preferência, com faixas refletoras, para serem mais visíveis; 9 – Condutores de veículos não devem parar, estacionar ou transitar por ciclovias ou ciclofaixas; 10 – Buzinas em bicicletas é um item de extrema importância.