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Hilza Cordeiro
Publicado em 12 de dezembro de 2019 às 05:35
- Atualizado há 2 anos
Com 90% das obras concluídas em outubro deste ano, o Aeroporto de Salvador teve sua entrega oficial, na tarde desta quarta-feira (11), com a presença de autoridades municipais, estaduais, federais e empresários. Em reforma desde janeiro do ano passado, o empreendimento foi ampliado e aumentou sua capacidade para receber 15 milhões de passageiros por ano, um incremento de 50% na capacidade anterior. O investimento no conjunto de ações é da ordem de R$ 700 milhões.
A abertura artística do evento ficou por conta de apresentação de Armandinho, das Ganhadeiras de Itapuã, Olodum e Yacoce Simões. Participaram da solenidade o prefeito de Salvador, ACM Neto; o governador do estado, Rui Costa; o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas; o presidente da Agência Nacional de Aviação (ANAC), José Ricardo Botelho; e Nicolas Notebaert, CEO e presidente da Vinci, empresa que administra o aeroporto. Além deles, o presidente do Conselho de Administração da Rede Bahia, Antonio Carlos Júnior, e a acionista e diretora do CORREIO, Renata de Magalhães Correia, também estiveram presentes.
Previsto para comparecer, o presidente Jair Bolsonaro cancelou o compromisso, que foi justificado como recomendação médica.
Primeira autoridade a falar, o prefeito ACM Neto lembrou do passado do terminal aeroportuário que, por diversas vezes, apareceu na lista de piores do país.“Sem dúvida, Salvador vive o seu melhor momento nos últimos 20 anos. Temos que comemorar com muito entusiasmo. Quando se fazia pesquisa de opinião pública, o aeroporto daqui era apontado como o último ou penúltimo em termo de qualidade e, hoje, temos ele como um dos melhores do país”, disse o prefeito.As obras entregues incluem a ampliação do terminal de passageiros e a construção de um novo píer com seis pontos de embarque em um espaço de 22.000m². A execução empregou cerca de 1,2 mil trabalhadores. O empreendimento passou, ainda, por requalificação das pistas e ampliação do pátio de aeronaves. A Vinci implementou, também, um Wi-fi mais eficiente e gratuito. A empresa também trouxe oito novas rotas com voos diretos para Miami (EUA), Panamá, Ilha do Sal (Cabo Verde) e Santiago (Chile).
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As alterações também levaram em conta o embelezamento e alguns espaços foram decorados com temas da Bahia como pontos turísticos e elementos da cultura local. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, disse ter ficado impressionado com o que viu.“É um equipamento que a cidade merecia por ser a primeira capital do Brasil. Achei incrível a sensibilidade em trazer a geografia local para o aeroporto. Essa foi uma obra entregue rigorosamente no prazo e é um resultado que mostra o acerto do programa de concessões do governo federal”, falou o ministro, que é baiano.O diretor-presidente do aeroporto, Júlio Ribas, fez um discurso mais informal que, segundo ele, era para fazer jus ao modo caloroso como a Vinci foi recepcionada na Bahia. “Fizemos um aeroporto digno do estado que é berço do descobrimento do Brasil”, discursou. Também presente na cerimônia, o CEO da concessionária, o francês Nicolas Notebaert, disse que o primeiro projeto da empresa no Brasil não poderia ter sido em lugar melhor. “Salvador é fascinante. A beleza da Bahia é enorme e estamos comprometidos a proteger tudo isso. Em um país como o Brasil, a conectividade é essencial para o desenvolvimento. Recentemente, nós abrimos oito novas rotas e estamos preparados para receber esse tráfego”, garantiu Notebaert. O presidente do Conselho de Administração da Rede Bahia, Antonio Carlos Júnior, também celebrou a requalificação. "Salvador precisava de um equipamento desse nível. Faltava esse suporte que vem atender necessidades reais da cidade no campo econômico e turístico. O equipamento está à altura de uma capital", comemorou.
O governador Rui Costa disse que a atração de novas companhias aéreas e o incremento de voos no aeroporto soteropolitano têm relação com renúncias fiscais no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do combustível de aeronaves. “Há anos, todos nós reclamávamos sobre a necessidade de uma concessão pública para o aeroporto. É difícil dar um salto no turismo se não resolvermos o problema da aviação”, disse.
O gestor revelou, ainda, que está em conversa com os governadores do Consórcio Nordeste para um esforço conjunto em tornar mais acessíveis os valores das passagens aéreas entre as capitais nordestinas. “Alguns preços são barreiras para o desenvolvimento interno da região”, avaliou.
Morando em São Paulo há 30 anos, a baiana Nislete Gomes, 49, vem à Salvador anualmente para visitar a mãe e contou que, por ser menor do que os terminais paulistas, o aeroporto daqui acaba sendo mais simples e fácil de se transitar. “Eu percebi e gostei bastante das placas, está tudo intuitivo, ninguém se perde”, aprovou. Para ela, só falta incluir mais assentos na área do check-in. “Quem chega mais cedo para poder fazer, acaba tendo que esperar do lado de fora porque ainda não pode entrar na área de embarque e aqui não tem lugar para sentar”, indicou.
Aeroporto Verde
Além das obras contratuais obrigatórias da concessão, a Vinci investiu cerca de R$ 25 milhões a mais em iniciativas consideradas sustentáveis. A empresa adotou outros compromissos ambientais como instalação de painéis solares, tratamento de esgoto para reúso de água, substituição de lâmpadas convencionais por LED e criou um centro de reciclagem.
Segundo a administradora, mais de 1.200 lâmpadas convencionais foram substituídas por LED, gerando economia de 30% na conta de luz do terminal. A renovação incluiu a instalação de vidros externos que retém menos calor, novos elevadores, aparelhos de ar-condicionado e escadas rolantes mais eficientes.
Além disso, o aeroporto se prepara também para a instalação de 11 mil painéis solares que serão capazes de suprir 35% da demanda total do terminal. Só a título de comparação, essa usina de placas fotovoltaicas seria suficiente para abastecer 3.800 casas populares.
As configurações sustentáveis se dão também pela instalação da Estação de Tratamento de Efluentes (ETE). O sistema faz o tratamento de esgoto, removendo as impurezas dos efluentes tanto do aeroporto quanto das aeronaves. Isso permite o reaproveitamento de quase 100% da água tratada, que volta para o terminal e pode ser utilizada na jardinagem, resfriamento de asfalto e descarga de vasos sanitários.
De acordo com Rodrigo Tavares, gerente de Meio Ambiente do aeroporto, a ETE fez reduzir em 40% o uso de água potável do aeroporto e, só no mês de novembro, foram cerca de 8.000m³ recuperados. A meta para este ano inteiro é economia de 91,2 mil metros cúbicos de água.
Implantada no primeiro ano de operações da concessionária, a Central de Resíduos fez o terminal aumentar em 30% o índice de reciclagem, segundo dados da própria empresa. Mensalmente, o aeroporto gera uma média de 80 toneladas de resíduos e a capacidade de processamento da central é de cerca de 3 mil toneladas ao ano. A meta da empresa é que, ainda ainda neste mês de dezembro, o índice alcance 50% de reciclagem dos resíduos e chegue a 100% de aproveitamento já em 2020.
Segunda fase
As obras do aeroporto determinadas via contrato de concessão começaram em abril de 2018 e foram divididas em duas fases. A segunda etapa foi iniciada no dia 1º de novembro e tem previsão de conclusão em 31 de outubro de 2021. Essa segunda fase contemplará a ampliação e modernização da praça de alimentação, instalação de novas pontes de embarque e implantação de novas posições de check-in.
Esteira entre estação do metrô e aeroporto Em seu discurso sobre o aeroporto, o governador Rui Costa revelou que encomendou um estudo para que a estação Aeroporto do metrô tenha esteiras que façam ligação direta com o terminal, sem necessidade de baldeação com ônibus. O gestor não informou data de conclusão do projeto. O governador lembrou, ainda, da ponte Salvador-Itaparica que será leiloada na bolsa de valores de São Paulo nesta sexta-feira (13). Rui Costa disse que obra terá duração de cinco anos e será dividida em duas partes. O primeiro ano será dedicado para o desenvolvimento do projeto e os quatro anos seguintes serão de execução da construção da ponte que tem um investimento estimado em R$ 6 bilhões. "Sabemos que teremos um novo adensamento populacional na ilha e também e espero ver empreendimentos de pousadas e hotéis se instalarem naquela área", falou.