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Priscila Natividade
Publicado em 31 de julho de 2017 às 05:56
- Atualizado há 2 anos
A queda da Selic em um ponto percentual que deixou a taxa básica de juros em 9, 25% aumentou a competitividade da poupança frente os fundos de renda fixa. Parece difícil de acreditar, mas sim, a poupança voltou a valer (e muito) a pena. Isto porque, com a queda da inflação - que deve fechar o ano em 4% -, a poupança voltou a ter um ganho real ( acima do aumento do custo de vida), com um acumulado no ano que alcança quase 8%. >
Segundo um levantamento feito pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), somente os fundos que cobram taxa de administração abaixo de 1% ao ano continuam com capacidade de rendimento interessante, a depender do prazo. >
“A poupança não tem a incidência de Imposto de Renda como outras aplicações financeiras, o que compromete até 22,50% do rendimento de uma aplicação. Também não há a incidência de taxa de administração como existem nos fundos de renda fixa”, explica o diretor-executivo de Estudos e Pesquisas da Anefac, Miguel de Oliveira. >
As reduções continuadas da taxa básica de juros devem aumentar ainda mais o interesse pelo ativo que andava esquecido por conta do rendimento corroído pela inflação. “A redução dos juros das aplicações financeiras lastreadas na Selic e a inflação em queda tendem a aumentar ainda mais esta vantagem da poupança frente à grande maioria das aplicações financeiras”.>
Melhor ativo?Dados recentes do Banco Central (BC) mostram que os depósitos superaram os saques na caderneta de poupança em R$ 6,08 bilhões em junho - o melhor resultado para o período dos últimos quatro anos. Pelo segundo mês consecutivo houve mais depósitos do que saques. Ao todo, os depósitos somaram em junho R$ 174,53 bilhões e os saques, R$ 168,44 bilhões. Os rendimentos creditados nas contas dos poupadores chegaram a um total de R$ 3,75 bilhões. >
Para o economista Gustavo Casseb, a baixa projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) explica essa virada de jogo da caderneta de poupança. “A primeira evidência clara está relacionada à péssima projeção de crescimento para o PIB. Demanda deprimida, sem risco de alta na inflação, gente desempregada, consumo retraído”, pontua.>
Ainda de acordo com ele, dá para voltar a confiar no ativo. “A estabilidade econômica ainda continua muito grande. É um dinheiro que você pode colocar hoje e tirar amanhã sem ter que pagar por isso ou sofrer tanto, pelo menos até quando a Selic estiver neste ritmo de queda”. (CORREIO Infográficos)O mesmo, no entanto, o economista não pode dizer dos títulos do Tesouro Direto, que causaram “frisson” em tempos em que a taxa básica de juros chegavam a 14,25%. “O Tesouro Direto está vivendo um momento delicado. O investidor só está achando papéis para serem resgatados em prazos longos, para 2040, por exemplo. O ativo deixou de ser a ‘sensação’ justamente por conta da queda da Selic”. >
Também tem chance de perder dinheiro quem estava aplicando em letras de crédito - como LCI, LCD e LCA. “A variação da Selic acabou interferindo na capacidade de rendimento destes ativos”, avalia. A opção por ações em meio a uma economia volátil, mais do que nunca é sinônimo de viver perigosamente. “Tem que ter coração, porque tudo vai depender muito do mercado”. >
Independente de qual seja o investimento, o educador financeiro Edval Landulfo reforça a necessidade de identificar o seu perfil enquanto investidor. “O melhor investimento é aquele que o investidor conhece", diz. "Estude as opções antes de investir e cuidado com a mera especulação em busca de ganhos maiores pois é mais arriscados para quem pouco conhece. O mais importante é saber qual a sua tolerância ao risco e o tempo que seu dinheiro permanecerá investido”, aconselha.>
Novas taxas entraram em vigorAntes mesmo do anúncio do corte da taxa básica de juros em um ponto percentual, algumas instituições financeiras já haviam se antecipado. O Santander foi a primeira delas e reduziu a taxa mínima do crédito pessoal de 1,89% para 1,79% ao mês, enquanto a taxa mínima do cheque especial caiu de 2,39% para 2,29% ao mês. Os juros do financiamento de veículos passaram de 1,25% para 1,20% ao mês.>
“Neste momento, em que vemos os primeiros sinais de retomada do crescimento, o banco precisa cumprir seu papel como agente indutor do desenvolvimento econômico, e uma oferta competitiva é parte deste compromisso”, afirma o superintendente executivo de Produtos de Crédito à Pessoa Física do Santander, Eduardo Jurcevic. >
Logo em seguida, o Itaú Unibanco também anunciou a queda das taxas pela quinta vez consecutiva este ano. De acordo com o banco em nota, os novos valores passam a valer a partir do dia 1. >
A redução foi de um ponto percentual. Para pessoa física haverá redução nos juros cobrados pelo empréstimo pessoal e cheque especial. No caso das Micro e pequenas empresas, serão alteradas as taxas do produto Capital Giro. >
O Banco do Brasil informou que deve reduzir os juros para quem contratar os serviços de empréstimos e financiamentos pelos canais digitais. Com a nova Selic, caiu o percentual cobrado pelo crédito imobiliário, cheque especial e crédito direto ao consumidor (CDC). Bradesco e Caixa ainda não divulgaram as linhas e as reduções.>