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Brumadinho: Estruturas de barragens dão sinais antes de ruir, afirmam especialistas

Liquefação é apontada como causa da tragédia de Brumadinho

  • D
  • Da Redação

Publicado em 5 de fevereiro de 2019 às 07:05

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: AFP

Apontado como a causa da tragédia de Brumadinho, o fenômeno da liquefação do solo é conhecido, calculável e evitável, segundo engenheiros e geólogos ouvidos pela reportagem. Todo projeto de engenharia de barragens, dizem, deve levar em consideração essa possibilidade. Segundo eles, o monitoramento bem feito é imprescindível à segurança dessas estruturas.

Os rejeitos de uma barragem de minério são compostos, basicamente, de ferro em partículas muito finas, areia e água. Essa combinação é propensa ao fenômeno da liquefação. Quando o volume e a pressão da água aumentam por algum motivo, o solo tende a se liquefazer. 

Na edificação de uma barragem, é um dos principais fatores a serem considerados nos cálculos para a construção e a segurança da estrutura. Sobretudo quando ela é ampliada - caso da elevação à montante, técnica de construção usada em Brumadinho e também em Mariana, em Minas, onde a barragem também ruiu em 2015.

Ainda assim, destacam especialistas, o rompimento de barragem por causa desse fenômeno nunca acontece de modo instantâneo. As únicas exceções aceitáveis seriam fenômenos extremos, como terremotos.

Além disso, o colapso é um processo que dura algumas semanas, dá sinais claros e pode ser monitorado. "A hipótese da liquefação é uma das levantadas quando se projeta uma barragem", diz o professor Mario Riccio Filho, da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora. "É preciso calcular se a fundação aguenta a carga a ser imposta, se há estabilidade na inclinação, se o piso é adequado, o potencial de liquefação, os pontos em que pode ocorrer, tudo isso."

A drenagem da água da barragem é outro aspecto crucial, que precisa estar bem azeitado. Em termos de monitoramento, diz, os piezômetros são aparelhos usados para medir a pressão da água em pontos-chave. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.