Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Marcela Vilar
Publicado em 26 de agosto de 2020 às 14:23
- Atualizado há 2 anos
Para quem estava esperando a Black Friday, que só acontece na última semana de novembro, para comprar algum produto na promoção, pode ficar despreocupado. Algumas lojas baianas já darão descontos de 20% a 80% em seus produtos a partir da quinta-feira da semana que vem (3). O período de promoções, chamado de Semana Brasil, vai durar até o dia 13 de setembro e faz parte de uma campanha nacional criada pelo Governo Federal, para aquecer as vendas no comércio de varejo. Segundo o Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia (Sindilojas), a ação vai impulsionar 10% das vendas do setor. >
“A tendência é que as lojas aproveitem a oportunidade de fazer a promoção e nossa expectativa de adesão é muito forte”, comenta o presidente do Sindilojas, Paulo Motta. Contudo, como o momento ainda é de restrições por conta da pandemia do novo coronavírus, o presidente pondera que o lucro não será como foi na primeira edição, que ocorreu no ano passado. “A semana vai gerar capacidade de crescimento de venda, mas nada expressivo, porque um dos grandes problemas é gerar aglomerações. Nossa estimativa é cautelosa. Como nas promoções você diminui o preço do produto, você sacrifica o lucro, então você tem que vender mais produtos para atingir o valor econômico de crescimento, que acredito que será de 10%”, prevê Motta. >
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA) acredita que as promoções servirão também para dar mais visibilidade ao comércio, que esteve fechado de março a julho deste ano. “A perspectiva é boa mesmo neste contexto de pandemia. Estamos saindo de uma fase recessiva, com o comércio todo fechado por mais de três meses. Essa semana é para mostrar ao público que o comércio está vivo e que nós estamos dando segurança para o cliente vir comprar. Muita gente ainda está com o pé atrás”, avalia o presidente da Fecomércio-BA, Carlos Andrade. >
Ponderações No caso das lojas em shopping centers, há receio em aderir à campanha por conta das aglomerações que podem ser geradas, já que o horário está restrito. No protocolo da prefeitura, o horário de funcionamento dos centros comerciais é de 12h às 20h, de segunda a sábado. “A dificuldade nossa é que temos horários restritos, então estamos sujeitos a aglomeração. Estamos fazendo um apelo à prefeitura para pelo menos abrir aos domingos ou voltar aos horários normais. Se a grande preocupação é não ter aglomeração, quanto mais horas o shopping estiver aberto, menos chances de ter”, pontua o coordenador estadual da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Edson Piaggio. >
A presidente da Associação de Lojistas do Shopping da Bahia, Leise Scabrini, que também é da Câmara da Fecomércio, que representa todas as associações de lojistas, disse ao CORREIO que o movimento ainda é muito fraco, com alguns shoppings e lojas fechados e ainda com funcionários retornando de suspensões ou redução de contratos.>
Outra adversidade levantada pelo coordenador da Abrasce é a proibição de se fazer publicidades até o início da fase 3 da retomada econômica em Salvador, como consta no protocolo municipal. Com isso, ele acredita que não haverá tantos clientes.“Sem liberar a terceira fase, a gente não vai poder fazer publicidade, e sem publicidade a gente não tem como fazer um movimento mais amplo de adesão, fica limitado”, argumenta Piaggio. Humberto Paiva, que é dono da loja de calçados infantis Cambalhota, no Salvador Shopping, disse que não irá participar do evento, pois pode ficar sem estoque para o final do ano, quando acredita que lucrará mais. Hoje, as vendas em sua loja estão entre 25% e 30%. “Como lojista, não vejo com bons olhos uma liquidação dessa, porque acho que não terá uma boa adesão, não é promoção que as pessoas estão procurando. Eu particularmente não tenho o que liquidar e estou com dificuldade para comprar produtos, porque as fábricas estão com sérios problemas de falta de matéria prima e redução da mão de obra. Não vou vender agora para ficar sem mercadoria no final do ano”, pondera Paiva. >
Contudo, como presidente da associação de lojistas do Salvador Shopping, Paiva apoia o movimento.“Toda liquidação a nível nacional é bem vista para se fomentar o comércio, desde que tenha quem consumir, o que eu acho que no momento não tem, porque as pessoas estão sem querer gastar e sem poder de compra, porque o desemprego está grande. Mas a gente precisa desse impulso e muitos segmentos vão se aproveitar disso”, explica o empresário.Para ele, os principais beneficiados com os descontos serão as lojas de eletrodomésticos e eletro eletrônico. >
Em nota, o Shopping Paralela disse que vai participar da Semana Brasil com adesão, a princípio, de 50% dos lojistas, que vão praticar descontos de até 70% do valor dos produtos. O Itaigara também informou que vai participar, com descontos de até 70% em vários segmentos. É o mesmo percentual de desconto apontado pelo Shopping Barra, que disse que terá adesão de 80% das lojas. Já o Salvador Shopping e o Salvador Norte Shopping informaram, em nota, que vão concentrar suas campanhas, em setembro, no Dia do Cliente e na Liquida Bahia.>
No Shopping Piedade, haverá descontos que podem chegar a até 70%. Além de conferir as promoções nas vitrines, os clientes também devem ficar atentos às redes sociais do shopping, pois as blogueiras Carol Golçalves, do @blogmulhermelhore, e Naiara Pena, da @oxenai, vão realizar a cobertura digital das ofertas e divulgar diversos achadinhos especiais.>
Já o Shopping Bela Vista informou que os lojistas ainda estão decidindo se vão participar do evento.>
Vendas em queda De acordo com os dados mais recentes da Superintendência de Estudos Sociais e Econômicos da Bahia (SEI), as vendas do comércio varejista caíram 12,6% em junho deste ano em comparação a junho de 2019. Porém, na análise sazonal, houve um crescimento de 7%. Se comparado aos outros meses da pandemia, há uma leve recuperação do varejo baiano: em abril, a queda foi de 25,6% e, em maio, de 20,8%. >
Os únicos três segmentos que tiveram um saldo positivo no mês de junho foram o de móveis e eletrodomésticos (23,7%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (6,0%), além de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,4%). A maior queda foi registrada nos setores de tecidos, vestuário e calçados, onde as vendas reduziram em 79,4%. >
A Semana Brasil é uma iniciativa é da Secretaria Especial de Comunicação Social do Ministério das Comunicações, com o apoio da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e coordenada pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV). Os lojistas que quiserem ter acesso às peças de comunicação podem acessar o site da campanha. >
*Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro>